Vacinação contra dengue: tudo o que você precisa saber

Especialistas explicam a importância da vacinação, que será ofertada a partir de fevereiro no SUS para cidades com alta transmissão da doença

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Em 2023, os casos de dengue aumentaram 15,8% em comparação com 2022, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Foram confirmados 1,6 milhão de casos, em comparação com 1,3 milhão no ano anterior. Ainda em 2023, o país registrou o maior número de mortes por dengue em um único ano, com 1.079 óbitos confirmados até 27 de dezembro.

No enfrentamento contínuo contra a dengue, uma das doenças virais mais prevalentes no Brasil, a imunização desempenha um papel crucial na proteção individual e coletiva. Aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023 e comercializada na rede privada desde meados do ano passado, a vacina da dengue representa uma ferramenta significativa na redução da incidência de casos graves e hospitalizações.

Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a população poderá ter acesso a doses da vacina, porém, em menor escala e para um público bastante restrito, por falta de condições da fabricante japonesa Takeda em fornecer mais doses. A imunização terá início em fevereiro e será destinada a crianças com idade entre 10 e 14 anos. Segundo a pasta, esse é o público que concentra o segundo maior número de internações, logo após os idosos.

Com isso, apenas 521 cidades receberão as primeiras doses da vacina contra a doença, fornecidas pelo Ministério da Saúde, em 16 estados brasileiros e no Distrito Federal (Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins).

De acordo com o Ministério da Saúde, as regiões selecionadas para receber as vacinas atendem a três critérios: cidades de grande porte, com mais de 100 mil habitantes, com alta transmissão de dengue registrada entre 2023 e 2024 e com maior predominância do sorotipo DENV-2. A partir dessas definições, foram selecionados 16 Estados e o Distrito Federal.

Rio Grande do Sul não receberá os imunizantes do Ministério da Saúde

O ano de 2024 mal começou e já registra números elevadíssimos de dengue no Rio Grande do Sul. Em três semanas, a quantidade de casos confirmados chegou a 1.068, 2350% a mais do que no mesmo período do ano anterior. Apesar desse índice, o estado não será contemplado com a vacina contra a doença oferecida pelo Ministério da Saúde para aplicação em crianças de 10 a 14 anos via SUS.

Entretanto, o imunizante está disponível na rede privada desde 2023. Hospitais e clínicas de vacinação oferecem para a população a Qdenga, imunizante contra a dengue do laboratório japonês Takeda – mesmo produto ofertado pelo SUS. O Hospital Moinhos de Vento, por exemplo, oferece doses da vacina a R$ 413 cada uma, em suas três clínicas de vacinação.

De acordo com especialistas, o imunizante confere alta proteção contra a doença e contra casos graves que necessitam de hospitalização. A taxa de proteção geral é de 80% para casos de dengue sintomática e de 90% em hospitalizações.

A Qdenga é a segunda vacina com esse fim aprovada para uso amplo no país – indicada para pessoas que tiveram ou não a doença. O imunizante japonês tem esquema de duas doses, aplicadas com três meses de intervalo, e oferece proteção contra os quatro sorotipos da doença: o DENV1 e DENV2, mais circulantes no Brasil, e o DENV3 e o DENV4, que circulam em menor proporção.

Autorizada para utilização dos quatro aos 60 anos de idade, a vacina é recomendada para a população em geral e, especialmente, para quem mora em áreas de risco ou vai se deslocar para essas regiões. Como é produzida com vírus vivo enfraquecido, há contraindicações que devem ser observadas.

“Ela é contraindicada para gestantes, lactantes, imunossuprimidos ou pessoas que façam tratamento com medicamentos imunossupressores”, reforça Paulo Gewehr Filho, médico infectologista e coordenador do Núcleo de Vacinas do Hospital Moinhos de Vento.

Para quem for se deslocar para áreas de risco, a recomendação é esperar 30 dias após completar o esquema de duas doses. Caso não seja possível, o médico sugere a aplicação de uma dose e cuidados extras, como uso de repelentes, roupas claras cobrindo braços e pernas, e janelas e portas com telas.

Imunização reduz casos e complicações, diz infectologista

A médica infectologista do Hospital São Marcelino Champagnat, Camila Ahrens, destaca a importância da campanha de vacinação no Sistema Único de Saúde (SUS).

“A ação do governo é fundamental para controlar a disseminação da doença, especialmente em regiões com alta transmissão. A imunização em larga escala contribui para a redução do número de casos e complicações relacionadas à dengue”.

Apesar de serem considerados um grupo de risco, a vacina contra a dengue não será disponibilizada para idosos. A imunização não é indicada para o grupo acima dos 60 ano devido a complicações relacionadas à idade.

“O sistema imunológico dessas pessoas pode não responder tão eficientemente à vacina. Além disso, estudos mostram que a imunização em idosos pode aumentar o risco de manifestações graves da doença”, complementa a infectologista.

Vale a pena vacinar contra a dengue na rede particular?

Como a campanha de vacinação no SUS será disponibilizada apenas para crianças entre 10 e 14 anos, pessoas de outra faixa etária só serão imunizadas se recorrerem à rede particular de saúde.

Os preços variam de acordo com o estabelecimento, mas, em média, as doses custam de 350 a 500 reais cada. São necessárias duas doses para a imunização completa.

A infectologista recomenda a vacinação na rede particular para aqueles que podem arcar com os custos.

“A prevenção individual contribui não apenas para a saúde pessoal, mas também para a diminuição da transmissão da doença na comunidade. O Brasil teve um aumento expressivo de casos nos últimos meses, e a prevenção é a melhor decisão. A escolha de buscar a vacinação particular deve ser baseada na avaliação do risco individual e na capacidade de investimento”, finaliza.

Entenda por que a vacina contra a dengue é tão importante neste momento

Marco Cesar, diretor clínico da Salus Imunizações, apresenta informações detalhadas para aumentar a conscientização sobre a eficácia e importância dessa vacinação.

A dengue no Brasil: desafios e prevenção

dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, continua sendo uma ameaça séria à saúde pública no Brasil. Com a vacina da dengue, a população ganha uma arma adicional no combate a essa doença. A eficácia da vacina, com 80% após a primeira dose chegando a 90 a 15% com a segunda dose de proteção contra os quatro sorotipos vivos do vírus, é um marco significativo na redução de casos graves.

Mecanismos de ação e público-alvo

Desenvolvida à base de anticorpos, a vacina estimula as defesas naturais do corpo humano, prevenindo cerca de 8 em cada 10 casos de dengue grave e com risco de hospitalização. Recomendada para indivíduos entre 4 e 60 anos, a vacina é especialmente benéfica para aqueles que já foram previamente infectados pela dengue.

Detalhes técnicos da vacina da dengue

A composição da vacina, formada por vírus quiméricos cuja base do vírus tipo 2 da dengue, representa uma inovação na prevenção. Cada sorotipo do vírus foi obtido separadamente por meio de tecnologia de DNA recombinante, garantindo uma abordagem eficaz e segura.

Administração e doses recomendadas

A via de administração subcutânea, abaixo da pele, proporciona a eficácia necessária. A aplicação da vacina ocorre em 2 doses subcutanea, com intervalo de 3 meses entre elas, garantindo uma imunização completa e duradoura.

Reações e contraindicações

Após a vacinação, podem ocorrer reações leves, como cefaleia e dor no local da aplicação. No entanto, é essencial observar as contraindicações, que incluem gestação, amamentação, doença febril, uso prolongado de corticoides, imunossupressão e histórico de reações alérgicas graves.

Com informações de Assessorias (Hospital Moinhos de Vento, Hospital São Marcelino Champagnat e Salus Imunizações)

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