Mal 2024 começou e o Brasil já registrou 217.481 casos prováveis de dengue e 15 mortes confirmadas e 149 em investigação, nas quatro primeiras semanas de janeiro. O ano de 2024 deve registrar 1.960.460 casos de dengue no Brasil. Essa estimativa do Ministério da Saúde, entretanto, pode variar de 1.462.310 até 4.225.885 de casos. A incidência é de 107,1 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, enquanto a taxa de letalidade está em 0,9%.
No balanço anterior, que englobava as três primeiras semanas de 2024, o país registrava 12 mortes e 120.874 casos prováveis da doença. Havia ainda 85 óbitos em investigação. Foram 51.448 casos na semana epidemiológica 1 (31/12 a 6/1), 62.665 na semana 2 (7 a 13/1), 71.779 casos prováveis de dengue na semana 3 (14 a 20/1) e 31.589 casos na semana epidemiológica 4 (21 a 27/4).
A pasta também divulgou dados sobre Chikungunya no país. Nas quatro primeiras semanas de 2024, foram contabilizados 12.838 casos prováveis. Há ainda três mortes confirmadas e 11 em investigação. A incidência de Chikungunya no país é de 6,3 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, enquanto a taxa de letalidade da doença está em 0,02%.
No balança da semana passada, referente às três primeiras semanas do ano, o país contabilizava 7.063 casos de Chikungunya, doença também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Foi confirmada uma morte pela doença e oito estão em investigação.
Ministra faz apelo à população para prevenção dentro de casa
Os números foram divulgados nesta terça-feira (30), em Brasília, pelo Ministério da Saúde, durante encontro entre representantes da Sala Nacional de Arboviroses, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
O encontro contou com secretários de saúde de Goiás, do Distrito Federal e de sete municípios goianos que fazem parte do entorno do DF, além de equipes técnicas do Ministério da Saúde e da representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) no Brasil, Socorro Gross.
Diante do aumento do número de casos de dengue no Brasil, o Ministério da Saúde reforça a importância de intensificar os cuidados para eliminar os focos do Aedes aegypti, transmissor da dengue, Zika e Chikungunya. A ministra Nísia Trindade reiterou que o momento é de prevenir e de cuidar.
“Não podemos esquecer que 75% da transmissão ocorre dentro das casas. Então, há esse apelo para um trabalho de governo, mas também dos cidadãos, das cidadãs, de cada família para cuidar desse ambiente”, destacou a ministra.
A ministra Nísia lembrou, ainda, da importância de a população receber em casa os profissionais de saúde e de combate às endemias. “Chamo a atenção para o papel fundamental dos agentes comunitários de endemias nesse controle e também dos agentes comunitários de saúde”, destacou.
SUS tem condições de cuidar das pessoas, diz ministra
Segundo Nísia, o enfrentamento à doença está centrado no controle dos focos de transmissão e no cuidado de quem adoece por dengue. Mas garantiu que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem condições de atender as vítimas da dengue e evitar o agravamento dos casos, que podem levar à morte.
“Temos condições, no SUS, de cuidar das pessoas, evitar o agravamento, evitar mortes por dengue. Essa é uma preocupação central. Daí a importância de termos, como aqui no DF, essas tendas. Também temos de orientar a população para que não haja automedicação em caso de sintomas como dores nas articulações, febre forte, manchas na pele, e que procurem as unidades de saúde”, complementou.
“Temos trabalhado juntos na estruturação da rede de atenção para cuidar das pessoas de forma adequada, para salvar vidas”, complementou. Ela reforçou que o aumento de casos requer esforço contínuo de todos os profissionais envolvidos. “É hora de termos, juntos, os médicos, os enfermeiros, os técnicos de enfermagem, todas as equipes de saúde mobilizadas, porque infelizmente vivemos situações em que pode haver o agravamento (dos casos)”, convocou.
Vacina é esperança de combate a doença
A incorporação da vacina contra a dengue é considerada uma esperança para o combate à doença, mas, segundo a ministra, não produzirá impactos imediatos em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório fabricante – a japonesa Takeda. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.
Nísia Trindade reforçou, nesta quarta-feira (31), que, embora as primeiras doses da vacina contra a dengue estejam chegando ao SUS, esta não é a única ou principal estratégia para frear o avanço da doença. Isso porque o sistema público não contará, de imediato, com doses suficientes para contemplar a maior parte da população.
“A vacina é nosso instrumento de esperança em relação a um problema de saúde pública que tem quase 40 anos. Temos de celebrar. Mas a vacina no quantitativo que o laboratório pode nos entregar, sendo ela de duas doses, e observando uma situação como a do Distrito Federal e de outros municípios, então não pode ser apontada ainda como solução”, disse a ministra, em visita à tenda de atendimento para casos suspeitos de dengue em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, a 31km de Brasília.
A ministra reiterou, ainda, que o governo federal acompanha de perto o cenário epidemiológico da capital federal e os municípios que declararam situação de emergência por causa da dengue, e que os imunizantes, para os locais considerados prioritários, serão distribuídos tão logo seja concluído os trâmites obrigatórios da vigilância sanitária.
Mais doses da vacina já estão encomendadas para 2024 e 2025
A primeira remessa com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil em 20 de janeiro. O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro. Os lotes iniciais, no entanto, passam por análise técnica obrigatória no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).
O Ministério da Saúde já adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para este ano: 5,2 milhões de doses. De acordo com a empresa, a previsão é que sejam entregues ao longo do ano, até dezembro. Para 2025, a pasta já contratou outras 9 milhões de doses.
A vacina será aplicada na população de regiões endêmicas, em 521 municípios, a partir de fevereiro. O processo foi organizado com Conass e Conasems – órgãos representantes das Secretarias de Saúde dos estados e municípios – seguindo as recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Estratégias para combater o avanço das arboviroses
O Ministério da Saúde permanece em constante monitoramento e alerta quanto ao cenário epidemiológico do Brasil, coordenando uma série de ações para o enfrentamento das arboviroses, junto a estados e municípios, unindo esforços e trabalhando pela conscientização sobre medidas de prevenção em todo o território nacional.
Com o início do período das chuvas e das altas temperaturas, e diante do alerta emitido pela OMS sobre o aumento das arboviroses em razão das mudanças climáticas ocasionadas pelo El Niño, o Ministério da Saúde coordenou uma série de atividades preparatórias para a sazonalidade de 2024.
Em novembro, a pasta emitiu uma Nota de Alerta sobre o aumento de casos de dengue e Chikungunya no território nacional. Como parte das ações de comunicação regionalizada, lançou novas campanhas de mobilização social, voltadas à realidade de cada região do país e peculiaridades desse cenário epidemiológico.
Em dezembro, foi instalada a Sala Nacional de Arboviroses, um espaço permanente de monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência das doenças. Com a medida, é possível direcionar as ações de vigilância de forma estratégica nas regiões mais afetadas.
Entre essas iniciativas está a criação de um painel de monitoramento em tempo real dos casos de arboviroses. Outra iniciativa foi a realização da reunião nacional de preparação para o período de alta transmissão de arboviroses, com a participação dos 27 estados e 42 municípios.
Para apoiar estados e municípios nas medidas de prevenção e controle, o Ministério da Saúde repassou R$ 256 milhões para todo o país, em uma ação de reforço do enfrentamento da doença. Ainda em 2023, qualificou cerca de 12 mil profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, para atuarem como multiplicadores para manejo clínico, vigilância e controle da doença.
Estoques de inseticida foram normalizados
O Ministério da Saúde normalizou os estoques de inseticidas, que estavam em situação crítica desde o início de 2023. Ao todo, foram distribuídos 142,5 mil quilos de larvicida; 9,6 mil quilos de adulticida para aplicação residual em pontos estratégicos; e 156,7 mil litros do adulticida para aplicação espacial a Ultra Baixo Volume (UBV).
Para 2024, foram realizadas novas aquisições, sendo 400 mil quilos de larvicida e 12,6 mil quilos de adulticida para aplicação residual. Todos os estados estão abastecidos com os insumos. Para 2024, também está em andamento a pactuação de apoio assistencial aos estados em situação de emergência.
O reabastecimento também foi possível para os testes diagnósticos de controle da dengue: 126,04 mil reações de teste sorológico foram distribuídas, além de 47,6 mil unidades de exames de biologia molecular. Houve aquisição, ainda, de sais de reidratação oral, equipamentos portáteis para contagem de hemácias e de plaquetas.
A nova gestão do Ministério da Saúde também expandiu, em 2023, o método Wolbachia como estratégia adicional de controle das arboviroses. A pasta fez o repasse de R$ 30 milhões para ampliar a tecnologia em seis municípios: Natal (RN), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC), além das cidades já incluídas na pesquisa.
Quase 75% dos focos do mosquito estão nas residências
Os resultados do 3º Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e do Levantamento de Índice Amostral (LIA) de 2023 foram apresentados recentemente. Os números indicaram que 74,8% dos criadouros do mosquito da dengue estão nos domicílios.
Vasos e pratos de plantas, garrafas retornáveis, pingadeira, recipientes de degelo em geladeiras, bebedouros em geral, pequenas fontes ornamentais e materiais em depósitos de construção (sanitários estocados, canos, etc) são os lugares preferidos do mosquito da dengue.
O levantamento apontou que depósitos de armazenamento de água elevados (caixas d’água, tambores, depósitos de alvenaria) e no nível do solo (tonel, tambor, barril, cisternas, poço/cacimba) aparecem como segundo maior foco de procriação dos vetores, com 22%, enquanto depósitos de pneus e lixo têm 3,2%.
O Ministério da Saúde reforça que a principal medida é a eliminação dos criadouros do mosquito. Daí a importância de receber os Agentes de Combate a Endemias e Agentes Comunitários de Saúde, que vão ajudar a encontrar e eliminar possíveis criadouros.
Do Ministério da Saúde, com Redação (atualizado em 32/01/24)