Levantamento do SindHosp – Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo mostra que o atendimento aos pacientes com Covid enfrenta graves entraves como a falta de medicamentos do chamado “kit intubação’ e também oxigênio.  A pesquisa ouviu 81 hospitais privados que reúnem 6.105 leitos clínicos e 3.236 leitos UTI, o equivalente a uma amostra de 20% dos hospitais da base do SindHosp de 11 dos 17 escritórios regionais de saúde do estado.

O estoque de medicamentos utilizados nos procedimentos de intubação que possibilita a assistência tem a seguinte duração média segundo os hospitais pesquisados:

  • 12% afirmam menos de uma semana;
  • 40% têm estoque para uma semana;
  • 21% para até 15 dias;
  • 27% até um mês.

O estoque de oxigênio em 6% dos hospitais tem duração de menos de uma semana; 21% têm estoque para uma semana; 34% para 10 dias; 26% para até 15 dias; e até um mês ou mais de um mês, para 13% dos entrevistados.

Os medicamentos estão em falta mesmo com os aumentos de preços: 92% afirmam que os preços dos medicamentos aumentaram. Desse total, 44% afirmam que o aumento foi superior a 100%.

Ocupação de leitos

99% dos hospitais afirmam que aumentou o número de internações nos últimos dez dias. Para atender a demanda, 95% tiveram que aumentar o número de leitos clínicos no período e 89% aumentaram os leitos de UTI;

Na ocupação dos leitos de UTI para Covid a situação é grave: 17% dos hospitais estão com mais de 100% de ocupação dos leitos de UTI e 76% dos respondentes, entre 91% e 100%.

A ocupação de leitos clínicos para pacientes Covid é de 100% para 4% dos pesquisados enquanto 75% dos hospitais afirmam que a taxa de ocupação dos leitos clínicos está entre 91% e 100%.

Quando questionados se têm condições de aumentar o número de leitos Covid, se necessário, 40% afirmam que sim, mas só leitos de enfermaria; 30% para leitos de UTI e enfermaria e 30% não têm condições de aumentar o número de leitos.

Perfil das internações

Dentre os entrevistados, 93% afirmam que os casos estão mais graves ou apresentam rápida progressão; 85% que aumentou o tempo médio de permanência em UTI; 65% que diminuiu a faixa etária dos doentes e 30% relatam aumento na internação de crianças e adolescentes.

Os principais problemas dos hospitais são para a maioria (mais de 80%) o cancelamento de cirurgias eletivas, falta de profissionais de saúde e número de pacientes Covid superior à capacidade de atendimento.

Campanha de utilidade pública

Segundo Francisco Balestrin, presidente do SindHosp, o sistema entrou em colapso e a única saída é diminuir a pressão de demanda sobre os hospitais. ”Precisamos de um prazo para recuperar nossa capacidade de atendimento, repor estoques e diminuir as internações. Por este motivo, o SindHosp estará lançando nos próximos dias uma campanha de utilidade pública no rádio e TV e pelas redes sociais onde alerta a população – especialmente os mais jovens”, disse.

A campanha alerta para que sigam os protocolos de segurança à saúde: lavagem de mãos, distanciamento e uso de máscaras. “Não temos outra alternativa. Nossa campanha é um apelo emocionado dos hospitais, clínicas e laboratórios de São Paulo”, destaca.

Idec pede que Cade investigue abuso nos preços

O Idec, ONG de Defesa do Consumidor, pediu na terça-feira (23/3) que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) investigue aumentos abusivos nos preços de medicamentos usados no enfrentamento à Covid-19 nas UTIs. São remédios usados no chamado “kit intubação”, que inclui bloqueadores neuromusculares como o rocurônio e o atracúrio, sedativos como o propofol e o midazolam, e analgésicos como a fentanila.  

Nos últimos dias, por conta do aumento expressivo no número de casos e internações em todo o país, diversos órgãos e entidades têm chamado atenção para o esgotamento iminente dos estoques e o aumento exorbitante nos preços.  Um levantamento elaborado pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, por exemplo, inclui o aumento dos preços como um dos principais motivos para o desabastecimento.

Outro balanço, elaborado pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, mostra um crescimento entre 200% e 400% nos valores de medicamentos e insumos usados contra a Covid-19 nas UTIs.  O mesmo problema é verificado na rede privada: relatório do SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e demais Estabelecimentos de Saúde) feito no início de março mostra que 79% dos hospitais identificaram aumento de preço de remédios durante a pandemia.  

Preços elevados de tecnologias de saúde configuram-se normalmente como os principais custos sobre serviços de saúde, tanto no sistema público quanto na rede privada. Grande parte desses produtos são importados, enfrentam barreiras de acesso como concentração da produção e apresentam pouca ou nenhuma transparência na formação de preços”, diz trecho da petição enviada pelo Idec ao Cade.  

No início da pandemia, em março de 2020, o Cade abriu uma investigação de ofício para apurar a cobrança de valores abusivos em produtos médico-farmacêuticos (categoria que inclui, por exemplo, máscaras, álcool em gel e medicamentos), mas os últimos dados fornecidos pelas empresas datam de julho de 2020. Desde então, não houve renovação do pedido de informações pelo Cade e o processo está parado.  

Em sua petição, o Idec pede que o procedimento preparatório seja transformado em um inquérito administrativo e que o órgão coloque atenção especial nos medicamentos utilizados nas UTIs. “O sistema de controle de preços que temos hoje não é suficiente para coibir abusos de preços no setor farmacêutico”, afirma Ana Carolina Navarrete, coordenadora do Programa de Saúde do Idec.

A grave situação dos hospitais exige do Cade mais proatividade na investigação de empresas que possam estar se aproveitando da alta na demanda para aplicar aumentos absolutamente ilegais, como os relatos de entidades e profissionais parecem indicar”, completa.

Rio de Janeiro distribui medicação do “kit intubação”

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio de Janeiro realiza entre este sábado (27) e segunda-feira a entrega de medicamentos para intubação a 22 municípios, como Rio de Janeiro, Niterói, Campos dos Goytacazes e Paraíba do Sul. Entre os itens do chamado “kit intubação” distribuídos pela SES, estão atracúrio, propofol e morfina, medicações fundamentais para o tratamento de pacientes internados em estado grave em UTI.

As primeiras entregas foram feitas na manhã deste sábado, aproveitando a logística de envio das 363 mil doses da vacina contra o coronavírus. Os medicamentos vão abastecer dezenas de unidades de saúde das cidades fluminenses. Além dessa entrega, a SES espera receber ainda na próxima semana uma nova remessa do Ministério da Saúde, órgão responsável pelo fornecimento aos estados.

Segundo o secretário de Estado de Saúde, Carlos Alberto Chaves, a demanda pela medicação tem sido grande. “Estamos fazendo o possível para que nenhuma cidade fique sem os medicamentos necessários. Tenho conversado com o Ministério da Saúde de forma constante. No entanto, temos visto que o desabastecimento vem acontecendo em diversas partes do Brasil devido à crescente procura. É importante também que a população faça sua parte, cumprindo as regras estabelecidas pelo Estado e pelas prefeituras”, destaca Chaves.

Com Assessorias

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