Pesquisadores da Fiocruz coordenaram um projeto multicêntrico que possibilitará a ampliação do uso de próteses para a reconstrução de defeitos extensos da calota craniana. A técnica tradicional custa aproximadamente R$ 200 mil por paciente. O novo procedimento tem um custo oportunidade de 10 mil reais, o que torna possível expandir a metodologia para atender a demanda da população no Sistema Único de Saúde (SUS).

Entre os problemas que podem causar a necessidade do uso de próteses cranianas estão tumores, Acidentes Vascular Encefálico (AVE), encefalites, hemorragias cerebrais e traumatismos cranianos, entre outros. De acordo com dados do DataSUS do Ministério da Saúde, de janeiro de 2008 a setembro de 2019, o maior número desses casos ocorreu na região Sudeste, com 49%, seguido da região Nordeste, com 19%, e da região Sul, com 15%.

“Segundo o DataSUS, dependendo do procedimento, cerca de 2 mil a 3 mil processos de craniectomia descompressiva (método cirúrgico indicado para a redução imediata da pressão intracraniana) são realizados por ano no Brasil. Acreditamos que, dentro dessa casuística, cerca de 200 a 300 procedimentos/ano de cranioplastia sejam necessários para atender a demanda da população SUS”, destacou o pesquisador da Fiocruz e neurofisiologista Renato Rozental, coordenador da equipe multidiscliplinar que desenvolveu o projeto.

O especialista informou que uma falha óssea no crânio, além de levar a alterações hemodinâmicas relacionadas à circulação do sangue nos vasos e da função cerebral, tem implicações estéticas e socioeconômicas, podendo resultar em uma aposentadoria precoce e uma péssima qualidade de vida desses pacientes. “O material usado nas próteses é o polimetilmetacrilato (PMMA), aprovado como produto para cimento ortopédico pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa]. A técnica de produção da prótese com polimetilmetacrilato, cimento ósseo utilizada para a confecção do flap durante o período intraoperatório, mostra-se um procedimento seguro e rápido”, garante Rozental.

Acesso da população

O pesquisador ressaltou ainda que, para ampliar o acesso da população a esse tipo de procedimento, a solução passa por uma redução drástica dos custos dos materiais usados. “As cirurgias plásticas de reconstrução do crânio pós-craniectomia descompressiva envolvem um alto custo, incluindo a malha de titânio e porcelanato usada atualmente, totalizando um gasto entre R$ 140 mil e R$ 200 mil por paciente, o que torna sua realização no SUS economicamente inviável”.

Por isso, alertou Rozental, aprimorar estratégias terapêuticas viáveis para o SUS é essencial para permitir a reintegração familiar, social e profissional de pacientes submetidos à craniectomia descompressiva, realizada em casos de traumatismo cranioencefálico. Esse tipo de trauma representa um relevante problema de saúde pública, uma vez que a violência física se tornou a principal causa de morte por eventos externos no Brasil, segundo dados de 2019 do DataSUS”, destacou Rozental.

A cirurgia de reconstrução do crânio leva à melhora das funções neuropsicológicas do paciente, especialmente se realizada nos primeiros seis meses após o traumatismo cranioencefálico. A demora no atendimento, observou o pesquisador, pode gerar desde o agravamento das funções cognitivas e comportamental até sequelas, pela falta de proteção cerebral – além do estigma social atrelado à deformidade.

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3 Comments
  • Avatar jose moreira do carmo filho
    jose moreira do carmo filho
    18 de agosto de 2021 at 22:51

    em julho de 2019 fui acometido por um aneurisma fusiform roto na sequencia um avc,fui socorido imediatamente porem depois de todos os exames feito para que eu fosse operado, quando ja estava com cranio aberto as leses do microscopio nao funcionou abortaram a cirurgia guardaram o flap osseo no meu abdome para uma possivel cirurgia posterior ,o que veio ser feita dois meses depois a cirurgia em si foi bem sucedida sem sequelas porem o meu cranio ficou com um pequeno afundamento e isso tem causado impacto no meu viver. tenho 43 anos essa foi a primeira cirurgia deste porte a ser realizada no interior da bahia. obs tudo foi custeado pelo sus.quero tentar agora uma reparaçao do cranio ,busco informaçoes se possivel.

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  • Avatar José Mendes filho
    José Mendes filho
    10 de dezembro de 2022 at 11:37

    Parabéns sofri um AVC em maio de 2021fiz a craniotomia de urgência e até hoje não consegui fazer a reconstrução craniana e pelo custo se não tiver ajuda jamais conseguirei vou viver assim com a cabeça aberta preciso muito de ajuda sou da região de campinas sp 19)988082104mendes447@yahoo.com.br

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  • […] Reconstrução do crânio poderá ser feita pelo SUS […]

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