Famosos como Megan Fox, uma atriz conhecida por diversos filmes de sucesso e por sua beleza, sofrem de esquizofrenia, uma grave doença que causa alucinações sonoras e delírios paranoicos. Ela não está sozinha. A doença mental, que pode ser incapacitante em casos mais severos, afeta cerca de 100 milhões de pessoas, o que corresponde a 1% da população mundial. No Brasil, estima-se que mais de 2,5 milhões de pessoas apresentam algum transtorno mental grave ligado à condição.
“De perto ninguém é normal”, reafirma o artista e influencer carioca Daniel Velloso, de 35 anos, que convive desde os 18 com o diagnóstico de esquizofrenia. Dos surtos e alucinações sofridas na adolescência, antes confundidos com problemas espirituais, até o tratamento com a primeira psiquiatra foram 6 anos de sofrimento, sem sair de casa. De lá para cá, usa medicamentos para controlar a doença e se dedica a escrever e falar sobre o tema, dar palestras, visitar hospitais psiquiátricos e participar de grupos de apoio de pacientes e familiares.
Em entrevista exclusiva para nossa seção SuperAção, do Portal ViDA & Ação, Daniel fala sobre os diferentes graus da doença, que pode ser incapacitante e dar direito à aposentadoria por invalidez; da importância do apoio da família e da busca de tratamento adequado, com psiquiatra, psicoterapia, terapia ocupacional etc; de como a arte transforma essas pessoas e, sobretudo, como encarar os estigmas em torno da doença.
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Recentemente, Daniel chamou atenção nas redes sociais ao se referir às críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e suas declarações e atitudes negacionistas diante da pandemia. Segundo ele, pessoas que chamam o presidente de “louco” ou “esquizofrênico” precisam conhecer melhor sobre as doenças mentais e não classificá-lo dessa forma.
Não se pode confundir uma pessoa que tem uma doença séria como a esquizofrenia com um psicopata. Um mau caráter, uma pessoa cruel e com desvio de conduta muitas vezes não tem tratamento, como na esquizofrenia. Simplesmente porque a pessoa é má e não quer mudar”, disparou.
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Um dos maiores desafios é lidar com o preconceito da sociedade, do qual foi muitas vezes alvo. Até mesmo quando acabou de sair dos estúdios da Globo e foi chamado de esquizofrênico. “Eu não sou esquizofrênico. Eu sou o Daniel, portador de esquizofrenia”, afirma ele, talvez o primeiro na TV brasileira a se assumir um portador de esquizofrenia em 2016, durante o programa de Fatima Bernardes.
Na pandemia do novo coronavírus, Daniel se reinventou e passou a bordar, mais precisamente rostos de pessoas, como a cantora Rita Lee, um de seus últimos trabalhos. Hoje, recebe muitas encomendas de sua arte e já paga suas contas com os novos trabalhos. “Me sinto mais preparado para encarar a doença. Saí do estigma da esquizofrenia para outro estigma, que é bordar, uma arte desenvolvida mais por mulheres”, conta, aos risos.
Daniel também dá dicas de como portadores, familiares e cuidadores de pessoas com esquizofrenia podem encontrar acolhimento e informação sobre como lidar com a doença. Segundo ele, o apoio de entidades como a Afape – Associação de Familiares e Amigos de Pessoas com Esquizofrenia, de Curitiba (PR), e a Amme – Grupo Mãos de Mães, formada por mães de pessoas com esquizofrenia, é fundamental.
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