Febre amarela x gripe: vacinas podem ser dadas juntas?

Infectologista Edmilson Migowski garante que sim. Em meio a polêmica sobre eficácia da vacina contra a doença, especialista explica que, apesar de bem segura, ela não é desprovida de risco

vacina-contra-febre-amarela
Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

A campanha de vacinação contra os vírus da Influenza que estão circulando no país já começou e você, que ainda não tomou a vacina da febre amarela e está no grupo prioritário da vacina contra a gripe quer aproveitar a viagem e tomar as duas, certo?! Mas será que é possível? Ou os riscos aumentam?

Diante do surto de febre amarela no país, é importante esclarecer à população a possibilidade de imunização concomitante, ou em datas próximas, com as vacinas de gripe (inativada) e febre amarela (atenuada). Para o infectologista Edimilson Migowski, “não há problema em tomar as duas vacinas de uma vez só”.

De acordo com a GSK Vacinas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras entidades de saúde não exigem um período mínimo de intervalo entre as doses e não contraindicam a administração de vacinas inativadas simultaneamente ou em qualquer momento antes ou após a vacinação contra a febre amarela.

Além de explicar os benefícios da vacina contra a gripe, farmacêutica divulgou nota esclarecendo que “não existem evidências de que a administração concomitante da vacina de febre amarela com vacinas inativadas produza interferências nas respostas imunes e na segurança das vacinas, sendo elas aplicadas simultaneamente ou com qualquer intervalo e/ou ordem entre as administrações”.

Ainda segundo a farmacêutica,  atualmente não existem estudos que avaliaram especificamente a possível interferência na resposta imune entre as vacinas de febre amarela e gripe (Influenza). “Estudos clínicos limitados demonstraram que a resposta imunológica gerada pela vacina de febre amarela não é inibida pela administração de outras vacinas simultaneamente ou com intervalos de 1 dia a 1 mês”, assegura.

Ainda sobre a polêmica em torno da vacina para febre amarela, que tem levado muitas pessoas a hesitar na hora de procurar os postos de vacinação – a meta do Ministério da Saúde ainda não foi alcançada -, o infectologista Edimilson Migowski escreveu o seguinte artigo, que ViDA & Ação divulga na íntegra:

Vacina para febre amarela: a vacina da discórdia?

Edimilson Migowski
Para o infectologista Edimilson Migowski, não há problema em tomar as duas vacinas de uma só vez (foto: Divulgação)

Por Edmilson Migowski*

A polêmica em relação à vacina para Febre Amarela persiste e, cá entre nós, nunca, em tão pouco tempo, surgiram tantos “especialistas” no assunto. Uma das grandes dúvidas é a respeito da dose. A vacina deve ser administrada em dose única, duas doses ou nenhuma dose?

Pois bem, na tentativa de elucidar um pouco mais sobre o assunto, é bom esclarecer que a vacina contra a Febre Amarela é produzida com vírus enfraquecido (atenuado) e pode, na dependência da competência imune do vacinado, causar alguns efeitos adversos de maior gravidade, em uma pessoa para cada 500 mil a um milhão de vacinados pela primeira vez.

Ou seja, ainda que a vacina seja bem segura, a mesma não é desprovida de risco e só deve ser indicada quando há a possibilidade de ocorrer casos de febre amarela por conta de mosquitos contaminados.

Por exemplo, a contraindicação recente de não se vacinar idosos, “caiu por terra” após o surgimento de muitos casos em várias cidades brasileiras. E assim tem sido… As orientações mudam de acordo com novos dados, informações e riscos.

Por muitos anos recomendou-se a vacina contra a Febre Amarela de dez em dez anos. Mais recentemente, seguindo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde do Brasil, passou-se a indicar dose única para todos.

É sabido que uma dose protege de 92% a 95% das pessoas, um resultado excelente sob o prisma da Saúde Pública, que não “enxerga” diferença entre 92, 95 ou 100%. E, no atual momento, urge assegurar que cada um dos brasileiros tenha, pelo menos, uma dose da vacina, para (talvez) depois se propor uma segunda dose, assim, todos os vacinados estarão virtualmente 100% protegidos.

Dessa forma, estimular uma segunda dose, quando a quantidade de vacinas ainda é restrita e o percentual de pessoas sem qualquer dose é elevado, seria, no mínimo, irresponsável.

Segurança da dose fracionada é a mesma da integral

A dose fracionada (0,1 mL) e a dose plena (0,5 mL) têm mostrado resultados semelhantes quanto à proteção e à segurança até a presente data. O único problema é que a dose fracionada não dá o direito, por enquanto, de obtenção de certificado internacional de vacinação para Febre Amarela.

Vale ressaltar, ainda que a vacina contra a febre amarela seja atenuada, em geral, pessoas com deficiência do sistema imune não podem ser vacinadas. Ou seja, há um pequeno grupo de pessoas que não poderá receber essa vacina, sendo mandatório reforçar o uso de repelentes quando houver risco de picadas, e tentar o alcance de elevadas coberturas vacinais para minimizar o risco, das pessoas que não puderam ser vacinadas, adoecerem.

Não existe, até o momento, nenhum antiviral licenciado para o tratamento da Febre Amarela, embora estudos realizados in vitro demonstrem que alguns medicamentos, dentre eles o Nitazoxanida que inibe 96% da replicação viral e o Sofosbuvir. Pelo sim, pelo não, busquemos os serviços de saúde para melhor orientação. Afinal de contas, a melhor forma de prevenir a Febre Amarela é a informação.

Edimilson Migowski é professor e Doutor em Infectologia pela UFRJ, Presidente do Instituto Vital Brazil e apresentador do programa Fique Bem.

 

 

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

You may like

In the news
Leia Mais
× Fale com o ViDA!