Alerta vermelho: chuvas em 2024 no RJ já somam 30 mortes

Em menos de 24 horas, foram 8 mortos, sendo 4 em Petrópolis. Várias cidades do estado enfrentam enchentes, inundações e deslizamentos

Chuvas em Petrópolis deixaram 530 desalojados - quatro pessoas de uma mesma família morreram (Foto: Reprodução do Facebook)
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O Estado do Rio de Janeiro registrou oito mortes por causa das chuvas extremas desde a noite de quinta-feira (21). Com isso, passa para 30 o número de vítimas fatais por eventos climáticos em todo o estado desde o início de 2024. Na noite de sábado (24), a plataforma Vigidesastres, da Secretaria de Estado de Saúde (SES), indicava 6.933 desalojados, 1.133 desabrigados e mais 25.171 pessoas afetadas em todo o estado.

As chuvas extremas dessa vez foram trazidas pela chegada de uma frente fria, logo após após uma semana de calor extremo no estado – a cidade do Rio chegou a registrar sensação térmica recorde de 62 graus, na terceira onda de calor provocada este ano pelas mudanças climáticas. Por sua topografia acidentada, com grande declividade e acúmulo de água no solo, a Região Serrana é tradicionalmente a mais castigada pelos efeitos dos eventos climáticos no estado, por conta dos deslizamentos e queda de barreiras e desabamentos de imóveis.

Seis das oito mortes registradas na sexta-feira (22) são na região – Petrópolis (4) e Teresópolis (2). Nas duas cidades, as vítimas eram das mesmas famílias. As outras duas mortes ocorreram em Duque de Caxias e Arraial do Cabo. Os estragos dessa vez também atingem várias cidades do estado, principalmente na Baixada, Norte e Noroeste fluminenses, com alagamentos e inundações (veja mais abaixo).

Os números deste fim de semana ainda não estão totalmente contabilizados, pois dependem de dados dos municípios e ainda podem aumentar nas próximas horas já que praticamente todo o estado está em alerta vermelho para mais chuvas intensas pelo menos até o final deste domingo (24). No entanto, somando-se à contagem anterior, pode passar de 1 milhão o número de pessoas atingidas de alguma forma pelos temporais no estado em 2024.

O levantamento do Centro de Inteligência em Saúde (CIS-RJ) da SES-RJ, divulgado na sexta-feira (22) pela SES-RJ, antes dos registros dos novos eventos climáticos, apontava 22 mortos e 892.249 pessoas atingidas. Dentre essas, 32.464 eram desalojadas, 848 desabrigadas e 768.937 afetadas desde o início do ano em 92 eventos relacionados a chuvas intensas e enxurradas registrados em 46 das 92 municípios fluminenses. É considerado desabrigado quem perdeu a casa e está em abrigo público e desalojado quem teve que sair de casa, mas não perdeu o imóvel e não precisou de abrigamento.

Quatro pessoas da mesma família morrem em Petrópolis

Em Petrópolis, as quatro vítimas dos temporais que caíram desde a madrugada de sexta-feira (22) pertencem a uma mesma família. Elas morreram no desabamento de uma casa no bairro Alto Independência, um dos mais populosos do município e epicentro das tempestades.

No local, cinco pessoas foram resgatadas com vida, entre elas, Ayla, de 4 anos, 15 horas após uma encosta desabar e arrastar a casa onde morava com a família. O pai da menina, Douglas José de Souza, de 24 anos, a protegeu usando o próprio corpo como escudo, mas acabou morrendo.

Além do pai, Ayla perdeu o irmão Lukas, de 8 anos, a mãe Beatriz Lima Casemiro, 25, e a avó, Maria Lúcia Casemiro, 57. Ela está internada em observação e passa bem. As equipes dos bombeiros já realizaram mais de 90 salvamentos (12 deles em Petrópolis) em pouco mais de 24 horas.

Em Teresópolis, também na Região Serrana, Kayque dos Santos Silva, de 8 anos, e Miguel Lopes Ricardo Ramos, de 14, morreram no desabamento de três casas na comunidade da Coreia. Com ajuda de cães farejadores, bombeiros localizaram o corpo de Miguel sob os escombros no fim da tarde deste sábado (23). Michelli Lopes Sampaio, mãe do adolescente, e o marido dela, Robison Conceição da Silva, pai de Kayque, foram resgatados com vida.

Operação dos bombeiros e Defesa Civil em Duque de Caxias, onde um homem morreu afogado ao cair com caminhão em rio (Fotos: Prefeitura de Caxias)

Em Santa Cruz da Serra, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o motorista de um caminhão morreu afogado. De acordo com a Prefeitura de Caxias, o veículo derrapou na descida da serra de Petrópolis, na Rodovia Washington Luís, e caiu no Rio Aviário. O condutor ficou submerso, preso às ferragens, e não conseguiu sair. Seu corpo foi retirado pelos bombeiros na tarde de sexta-feira (22).

Em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, um ambulante morreu ao ser atingido por um raio na praia do Pontal do Atalaia. Outras duas pessoas ficaram feridas, sem gravidade.  Em Nilópolis, na Baixada, o catador de recicláveis Davi Silva, de 60 anos, foi resgatado com vida dos escombros de uma residência que desabou após a queda de uma árvore, às margens do Rio Sarapuí.

Com múltiplas fraturas, ele foi internado no CTI do Hospital Geral de Nova Iguaçu, mas seu estado de saúde é muito grave. Duas pessoas que estavam na casa tiveram ferimentos leves. Segundo vítimas, ele tinha deixado outra casa porque pegou fogo.

No Norte e Noroeste, salvamento é feito por botes

Chuvas tomam casas em Santo Eduardo, zona rural de Campos, no Norte Fluminense (Reprodução de internet)

Apesar de não registrarem vítimas fatais até o momento, vários municípios das regiões Norte e Noroeste fluminense estão sofrendo os impactos das fortes chuvas nas últimas horas, por conta das enchentes causadas pelo transbordamento dos rios das regiões – como Muriaé, Pomba e Itabapoana. Muitas casas foram inundadas e as pessoas ficaram ilhadas. Algumas precisaram ser socorridas de bote.

Em Raposo, distrito de Itaperuna, no Noroeste, a única estância hidromineral do estado, foi um dos locais mais atingidos. O Rio Muriaé, que banha a cidade, já aumentou em quatro metros e o volume pode ainda amentar porque recebe grande volume de água das chuvas em Minas Gerais, trazidas pelos seus afluentes. Mais de 240 pessoas estão desalojadas e 39 estão desabrigadas na cidade, segundo informou a prefeitura.

Casas são inundadas e moradores ficam ilhados com transbordamento de rio em Bom Jesus do Itabapoana (Fotos: Reprodução)

Em Santo Eduardo, zona rural de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, um vídeo mostra uma família escapando pelo telhado, depois de ter a casa quase completamente tomada pelas águas. O volume de água no município chegou a 246mm – o segundo maior desde o início das chuvas, depois de Petrópolis, que registrou 258mm. Em Macaé, litoral norte do estado, uma imensa cratera foi aberta em um trecho da rodovia. Várias estradas estão interditadas no estado.

No Noroeste, a cidade de Bom Jesus do Itabapoana foi bastante atingida pela cheia do Rio Itabapoana. O município fica na divisa com o Espírito Santo, estado onde a chuva já deixou 1.200 desalojados e matou 12 pessoas – oito delas foram anunciadas no fim da noite de sábado (23). Moradores temem a queda da ponte que liga a cidade a Bom Jesus do Norte (ES) – onde o temporal chegou a 304 milímetros.

Na cidade de Mimoso do Sul (ES), onde quatro pessoas morreram, sete ainda estão desaparecidas. Imagens da TVE ES mostram que as casas foram invadidas e moradores ainda esperavam por socorro nos telhados e terraços, sem água e sem alimentos. Automóveis e até o carro do Corpo de Bombeiros foram levados pela correnteza nas ruas. Treze municípios decretaram situação de emergência.

 

 

Cemitério de Petrópolis é atingido em nova tragédia das chuvas na cidade, onde quatro pessoas de uma mesma família morreram (Foto: Reprodução de internet)

Petrópolis decreta emergência: até cemitério foi atingido

Em Petrópolis, mais de 530 pessoas ficaram desalojadas e estão abrigadas em 12 dos 52 pontos de apoio do município. No Cemitério Municipal, no Centro da cidade, gavetas de sepultamento foram atingidas, e os corpos terão que ser transferidos para outros locais. A área está interditada enquanto o município aguarda autorização judicial para o procedimento.

O prefeito Rubens Bomtempo decretou situação de emergência e o governo federal já declarou que atenderá imediatamente e enviará recursos ao município. Segundo Bomtempo, ainda não há como quantificar todos os danos materiais causados pelo evento. Ele acredita que o trabalho de prevenção feito nos últimos dois anos ajudou a mitigar os efeitos das chuvas que atingem a região.

Segundo o chefe do Executivo, o município conta com planos de prevenção contra chuvas, incluindo elaboração de rotas de fuga e orientação para a preservação da vida. O sistema de alerta e alarme está se aperfeiçoando e ajuda a minimizar danos causados por desastres naturais. Pontos de apoio no município recebem moradores de áreas de risco ou pessoas que não se sentem seguras em suas casas.

“Trabalhando de forma preventiva, conseguimos diminuir os impactos e mitigar os problemas causados pela chuva. A estrutura montada pela Defesa Civil municipal realmente fez a diferença”, disse o chefe do Executivo.

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou o X (ex-Twitter) para lamentar as mortes, se solidarizar com as famílias e falar sobre o risco das mudanças climáticas e especificamente sobre a tragédia das chuvas que atingem as populações do Rio de Janeiro e Espírito Santo, prometendo apoio aos governadores dos dois estados.

“O sofrimento das famílias que perdem parentes, bens e suas casas em decorrência das chuvas fortes tocam o país. Tragédias que se intensificam com as mudanças climáticas. Estamos trabalhando desde o ano passado para fortalecer a Defesa Civil e assistência do governo federal em momentos de crise, e também para aumentar os recursos de obras de prevenção”, destacou.

Ainda segundo ele, o governo federal atua no Vale do Taquari, em São Sebastião, em cidades do Acre e outras regiões que têm sofrido com enchentes. E se dirigiu especialmente aos estados mais atingidos no Sudeste, garantindo que as equipes do Ministério do Desenvolvimento Regional e da Defesa Civil nacional estão de prontidão para atender os estados.

“Neste fim de semana o Rio de Janeiro e o Espírito Santo somam 12 mortes e milhares de desalojados até o momento. O governo federal se solidariza com as famílias afetadas e as vidas perdidas e está em contato constante com os governos estaduais e municipais para proteger, prevenir e reparar os danos das enchentes”, destacou.

Governador pediu presença do Exército em Petrópolis

Na sexta-feira, o governador do Rio, Claudio Castro, informou que Lula atendeu o seu pedido e enviou militares do Exército Brasileiro a Petrópolis. “Entrei em contato com o presidente Lula e ele viabilizou o reforço. Agora o momento é de união para dar a segurança de toda população”, disse.

Neste sábado, o governador disse que falou com o presidente por telefone e ele colocou o governo federal à disposição do Rio de Janeiro. Segundo Castro, a ajuda “será muito importante” para reconstrução das cidades atingidas.

“Vai ter toda uma situação de reconstrução que o governo federal será muito importante. A hora agora é do socorro. O que a gente precisa é a disponibilidade total e isso já foi nos colocado à disposição. Quando os ministros ligam, a gente tem que ser grato”, afirmou Castro.

Mais de 2 mil bombeiros estão mobilizados

Operação da Defesa Civil em Duque de Caxias (Fotos: Prefeitura de Caxias)

Mais de 2 mil bombeiros e agentes Defesa Civil, com apoio de 440 viaturas, estão mobilizados para as operações em todo o estado.  Quarenta militares especializados em salvamento em desastres e cães farejadores do canil do Corpo de Bombeiros foram mobilizados para auxiliar nas buscas em Petrópolis e estão de prontidão.

Além dos salvamentos, eles atuam em cortes de árvores, deslizamentos de terra, desabamentos e inundações, entre outros. Também foram mobilizados 730 equipamentos e maquinários para ajudar nas operações e mais de 60 atuam na limpeza de ruas e desobstrução de estradas.

Em Duque de Caxias, onde o motorista de um caminhão se afogou após cair em um rio, 30 pessoas estão desabrigadas no município. Várias ruas foram alagadas e as casas, invadidas pelas águas. “Perdi tudo, ainda tentei salvar, o que tinha para levantar (de móveis), levantei, mas a água invadiu tudo”, contou o técnico de agroindústria Jonathan Aguiar.

Duas famílias foram retiradas de suas casas no Aviário por agentes da Defesa Civil devido aos alagamentos e se dirigiram a casas de familiares. A prefeitura informou que todo o efetivo da Defesa Civil Municipal e da Secretaria Municipal de Obras está nas ruas ajudando a população e atendendo as ocorrências em consequência das chuvas.

Em estágio de alerta, Magé, também na Baixada, contabiliza 700 desalojados e uma família desabrigada, além de dois cães. O prefeito Vinicius Cozzolino decretou emergência e uma campanha de doações está sendo realizada pela Secretaria Municipal de Educação.

Número de vítimas pode aumentar com novas chuvas

Governador Cláudio Castro foi a Petrópolis, mas retornou ao Rio de Janeiro (Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil)

O Corpo de Bombeiros informou que foram mais de 100 eventos no estado, na maioria relacionados a deslizamentos, e novos eventos ainda podem ser registrados, já que a previsão é de mais chuvas moderadas a fortes em várias partes do estado até domingo (24), somando, em 72 horas, até 500 milímetros de chuvas, conforme previsão dos meteorologistas.

A Defesa Civil solicita que as populações que moram em regiões de risco que se cadastrem gratuitamente pelo telefone, no número 40199, e fiquem atentas ao celular para receber os alertas por SMS ou pelo whatsapp.

A orientação principal é sair imediatamente de casa e procurar um lugar seguro. “Não tentem desafiar, não tentem permanecer”, alertam especialistas no Centro Integrado de Operações Especiais do Governo do Estado. O governador Cláudio Castro apelou a quem está em áreas seguras: “Se mantenham em casa e com atenção”.

Castro estava em Petrópolis desde a noite de sexta-feira (22), mas retornou ao Rio de Janeiro para comandar as operações em todo o estado. Ele informou que entrou em contato com prefeitos de diversas áreas atingidas pelas chuvas, como Teresópolis, São Gonçalo, Macaé e Guapimirim, e determinou que mais maquinários fossem enviados às cidades de Magé, Guapimirim, Campos dos Goytacazes, entre outras.

Mais chuvas previstas para o estado podem agravar a situação

Há uma atenção especial às cidades das regiões Norte e Noroeste, que podem receber chuvas de até 200mm de chuvas até este domingo (24), aumentando o risco de novos alagamentos, inundações e enchentes.

A previsão meteorológica do Cemaden aponta para céu nublado a encoberto com previsão de pancadas de chuva moderada a forte em todo o estado a qualquer momento, principalmente nas regiões Norte e Noroeste. 

De acordo com a Defesa Civil, as regiões Serrana e Norte registraram os maiores acumulados pluviométricos das últimas 24 horas. A cidade com o maior volume de chuva nas últimas foi Petrópolis, onde o índice ficou acima de 300mm e permanece em risco hidrológico muito alto. Já Teresópolis, Bom Jesus do Itabapoana, Campos dos Goytacazes e Magé computaram 200mm.

Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Maricá, Duque de Caxias, Angra dos Reis, Mangaratiba, São Francisco de Itabapoana, Macaé, Cachoeiras de Macacu e Guapimirim registraram mais de 100 milímetros de chuvas.

Ainda apresentam risco hidrológico muito alto os municípios do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis, Campos dos Goytacazes, Nova Friburgo, Bom Jesus do Itabapoana e Magé. Já o risco geológico está muito alto em Petrópolis, Magé e Teresópolis, Magé, Campos dos Goytacazes e Bom Jesus do Itabapoana.

Volume recorde de chuva em cidade ainda traumatizada por tragédia de 2022

Bombeiros, moradores e voluntários trabalham no local do deslizamento no Morro da Oficina, após a chuva que castigou Petrópolis em fevereiro de 2022 (Fotos: Divulgação)

Petrópolis ainda vive sob o trauma da tragédia do verão de 2022, quando 242 pessoas morreram vítimas das chuvas, sendo 235 em fevereiro e sete em março, em uma segunda tempestade. Em três horas choveu o esperado para todo o mês de fevereiro, 258,6 milímetros. Em 2011, mais 232 pessoas na tragédia da Região Serrana, sendo 73 em Petrópolis.

Dessa vez, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), foram registrados 280 milímetros em 24 horas, muito acima dos 250 mm previstos para todo o mês de março no Estado do Rio.

O Cemaden chegou a alertar que as chuvas teriam o mesmo potencial de destruição de 2011. Só no bairro Alto Independência foram 108mm em três horas. Para ter ideia, isso significa 280 litros de água para cada metro quadrado.

A Defesa Civil informou que somente no município foram 366 registros de ocorrências, sendo 238 deslizamentos no município entre quinta e a tarde deste sábado. Com o grande volume de água, o acesso a Petrópolis foi interditado na BR-116 e várias ruas ficaram alagadas. Foi registrado também o transbordamento dos rios Quitandinha e Piabanha.

Obras no túnel extravasor diminuíram impacto das chuvas em Petrópolis

 

Obras do canal extravasor, ainda na primeira etapa, ajudaram a reduzir o impacto das chuvas em Petrópolis (Foto: Governo do Estado)

Apesar de ainda não terem sido concluídas, as obras de reforço estrutural do túnel extravasor em Petrópolis ajudaram no escoamento das águas das fortes chuvas que afetaram o município nas últimas 24 horas.  Equipes que trabalham na segunda fase das intervenções na galeria reforçaram, nos últimos dias, os serviços de prevenção, com a limpeza e desobstrução das comportas para evitar que o lixo e outros detritos arrastados pelas chuvas bloqueassem a saída de água. O túnel foi construído em 1960 pelo governo federal e que não recebia nenhum investimento e manutenção desde então.

Segundo o governador, o estado investiu R$ 1 bilhão em obras de infraestrutura em Petrópolis, como contenção de encostas e o túnel extravasor, além da reconstrução de ruas e calçamentos em áreas afetadas pelas chuvas anteriores. “O governo concluiu e avançou em obras que estavam paradas desde 2011. Os trabalhos foram cruciais para que a tragédia não fosse maior”, declarou.

Saúde envia medicamentos, insumos e água sanitária para cidades

Equipes da Secretaria de Estado de Saúde separam kits com remédios e insumos para atendimento médico a vítimas das chuvas no Estado do Rio (Fotos: Maurício Bazilio (Divulgação SES-RJ)

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) informou que enviou medicamentos, como analgésicos, antibióticos e soro, máscaras, luvas, cateteres, ataduras, seringas, agulhas, entre diversos outros insumos, para municípios afetados pelas chuvas, além de hipoclorito de sódio (água sanitária),  utilizado para tornar a água potável, própria para o consumo humano.

“A SES-RJ está prestando apoio aos municípios de diferentes formas. Neste primeiro momento, enviamos kits de calamidade para Petrópolis e Teresópolis, e determinamos a ida de técnicos para apoiar as ações de resposta dos municípios”, afirma a secretária Claudia Mello, que acompanhou a equipe do governador na manhã deste sábado em Petrópolis.

Também foi enviada a Bom Jesus de Itabapoana, no Noroeste Fluminense. “O acesso ao município está comprometido. Até mesmo os helicópteros têm dificuldade de encontrar local adequado para pousar. Por isso, estamos avaliando a melhor forma de enviar a ajuda necessária”, explica Claudia Mello.

Doenças transmitidas pela lama e água contaminadas

De acordo com Silvia Carvalho, superintendente de Emergências em Saúde Pública da SES-RJ, outro ponto de atenção é o aumento no número de casos de doenças de veiculação hídrica, que são aquelas transmitidas por água e lama contaminadas.

“Essa preocupação é recorrente. São inúmeros os microrganismos que podem provocar adoecimento. Eles se manifestam diretamente através de enfermidades como leptospirose, doenças diarreicas, entre outras, e indiretamente, como a dengue, que se torna uma preocupação ainda maior, devido ao cenário epidêmico. São doenças sérias que, sem o manejo clínico adequado e no tempo oportuno, podem causar internações e óbitos”, alerta.

Outras medidas adotadas pela SES-RJ:

* 11 picapes à disposição na sede da secretaria, no Rio Comprido, Zona Norte do Rio, para deslocamento a municípios afetados;

* Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem seguem de prontidão para apoio na coordenação das ações de resposta junto aos municípios;

* Kits de desastres – com medicamentos e insumos – estão disponíveis para pronto emprego em apoio aos municípios;

* Frascos de hipoclorito de sódio, usado para potabilização da água, estão disponíveis para pronta entrega aos municípios;

* 70 ambulâncias do SAMU Capital e do serviço de  Transporte Inter-Hospitalar, usadas para a transferência de pacientes entre unidades de saúde, à disposição;

* A equipe de plantão do Centro de Informações e Vigilância em Saúde (CIEVS), que fica no CIS-RJ, na sede da secretaria, foi ampliada e está à disposição das equipes municipais;

* A SES-RJ emitiu, nesta semana, uma nota técnica aos municípios com orientações para armazenamento de insumos e vacinas com objetivo de evitar perdas;

* A Central Geral de Armazenagem da secretaria está em operação 24h para retirada de medicamentos e insumos.

Ajuda humanitária para os municípios atingidos

A Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos montou uma base no Norte do estado para atender a região e também no Noroeste, onde há previsão de chuva forte na madrugada de domingo (24). Insumos foram transportados para essas localidades e serão liberados de acordo com a necessidade dos municípios.  Ao todo, a pasta já distribuiu mais de 5.000 insumos e 2.400 quentinhas para os municípios de Petrópolis, Magé, Teresópolis, Campos dos Goytacazes, Bom Jesus de Itabapoana e Cachoeiras de Macacu.

O Governo do Estado informou que  criou o Comitê SOS Chuvas para acompanhar a situação dos municípios atingidos pelas fortes tempestades. Integram a força-tarefa a Fundação Leão XIII, os programas RJ Para Todos e Segurança Presente, a Secretaria de Estado de Governo, além da Secretaria de Estado da Mulher, a Subsecretaria de Políticas Inclusivas e o RioSolidario.

O RioSolidario, além de ser um ponto de coleta, e contando com arrecadação da Fundação Leão XIII e doações de parceiros, destinou cerca de 5.800 itens como alimentos, água, kits de limpeza e higiene, fraldas infantis, leite em pó e colchonetes, para os municípios de Teresópolis e Magé neste sábado (23/03). Mais municípios serão contemplados nos próximos dias.

Ação da Cidadania promove campanha de doações

A Ação da Cidadania lançou a campanha Emergências para levar ajuda às vítimas das chuvas que atingem o estado do Rio de Janeiro. A organização está fazendo um levantamento com o apoio de lideranças cadastradas em sua rede para o envio imediato de alimentos, água mineral, kits de higiene e limpeza.

Desde 2021, a campanha Emergências realiza a distribuição de donativos para regiões afetadas por tragédias climáticas e outras catástrofes. A mobilização já levou suporte para Roraima, Acre, São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Tocantins, Pará, Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Pernambuco.

Em Petrópolis, em 2022, a ONG distribuiu mais de 5 mil refeições prontas para consumo, além de cestas básicas, eletrodomésticos e kits de higiene. As doações podem ser realizadas pelo site www.acaodacidadania.org.br ou pelo pix: sos@acaodacidadania.org.br.

Com informações da SES-RJ e Gov-RJ, agências e Jornal Nacional (atualizada em 23/03/24, às 21h)

 

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