Alguns estados do Nordeste – além de Amazonas e São Paulo – registraram, nas últimas semanas, aumento de internações por covid-19 entre pessoas idosas. Já alguns estados das regiões Sul e Sudeste apresentam crescimento nas internações de idosos por influenza A – também conhecida como H1N1 ou, popularmente, como gripe suína – embora já exista sinal de interrupção da alta em outros estados do Centro-Sul.
As informações estão no novo Boletim InfoGripe, divulgado nesta sexta-feira (2) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Apesar da expansão, o boletim adverte que as internações causadas por Covid-19 entre os idosos se mantêm em patamares baixos, comparativamente ao histórico observado durante a pandemia. Os pesquisadores orientam que os hospitais reforcem a atenção para qualquer sinal de aumento significativo na disseminação do vírus.
A nova análise se refere à Semana Epidemiológica (SE) 30, de 21 a 27 de julho, com base nos dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 27 de julho.
Casos positivos – Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de:
33,1% para Vírus Sincicial Respiratório (VSR), causador da bronquiolite;
21,9% para influenza A (também conhecida como H1N1 ou gripe suína);
11,7% para Sars-CoV-2 (o coronavírus que causa a covid-19) e
1,1% para influenza B.
Mortes – Quanto aos óbitos no novo período analisado, a prevalência entre os casos positivos foi de:
38,6% para influenza A;
27,8% para Sars-CoV-2;
13,3% para VSR; e
1,7% para influenza B.
Vírus causador da bronquiolite e rinovírus afetam mais crianças e adolescentes
Em relação ao vírus sincicial respiratório (VSR), foi verificada que a interrupção do crescimento ou a redução do número de internações em crianças até 2 anos está mais consolidada em diversas regiões do país. Entretanto, Santa Catarina e Roraima ainda apresentam indícios de expansão.
Já o aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na Bahia e Piauí pode estar relacionado, principalmente, ao crescimento das internações por rinovírus entre crianças e adolescentes. Entre as capitais, quatro mostram ampliação nos casos de SRAG: Salvador, Teresina, Vitória e Florianópolis.
Leia ainda
Gripe suína: a doença que abalou a saúde de Silvio Santos
Gripe: morte de idosos no RJ é 8 vezes maior que em 2023
Quais são os principais cuidados com idosos no inverno?
Covid-19 atinge mais crianças, pré-adolescentes e idosos
Mortalidade entre crianças e idosos
A mortalidade da SRAG nas últimas oito semanas foi semelhante entre crianças pequenas e idosos. Entre os idosos, destacam-se as mortes associadas ao vírus da gripe, influenza A e da covid-9.
Já o vírus VSR se mantém como a principal causa de internação e óbitos em crianças até 2 anos de idade, ainda que demonstre queda nas últimas semanas, aponta o estudo. Outro vírus respiratório com destaque para a incidência de SRAG em crianças é o rinovírus.
Em relação aos casos de SRAG por Sars-CoV-2, há incidência maior em crianças pequenas, enquanto a mortalidade tem sido mais elevada entre idosos a partir de 65 anos, sendo esta a segunda maior causa de óbitos por SRAG nessa faixa etária.
Porém, os impactos em termos de hospitalizações e, também, de óbitos são inferiores aos observados atualmente para os vírus VSR e rinovírus em crianças, e influenza A em idosos.
Leia ainda
Fiocruz: mais internações por gripe, VSR e rinovírus no Sudeste
Alerta: aumentam casos de bronquiolite entre crianças
Internações de bebês no SUS bateram recorde em 2023
Inverno eleva casos de síndrome respiratória aguda grave
Tendência de queda na SRAG a longo prazo
No país, de modo geral, o InfoGripe aponta sinal de queda na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Apenas três das 27 unidades federativas apresentam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo. São elas Bahia, Piauí e Roraima. A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Cientifica (Procc/Fiocruz) e do InfoGripe, explica:
O aumento de casos de SRAG na Bahia se deve, principalmente, ao aumento das internações por rinovírus entre crianças e adolescentes. Ainda não é possível determinar o vírus associado ao crescimento de casos de SRAG no Piauí, mas, levando em conta o cenário nacional e a faixa etária mais afetada (5-14 anos), é possível que esse aumento também seja decorrente do rinovírus”.
A diminuição de casos de SRAG no restante do país é atribuída a uma queda ou interrupção no crescimento das infecções por VSR e influenza A em muitos estados, embora os casos ainda estejam em ascensão em outras unidades federativas.
No ano epidemiológico de 2024, já foram notificados 104.734 casos de SRAG, sendo 51.108 (48,8%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório e 40.247 (38,4%) negativos. Pelo menos, 7.555 casos aguardam resultado laboratorial.
Dentre os casos positivos deste ano, 44,4% são por vírus sincicial respiratório; 19,3% são influenza A; 18,1%, Sars-CoV-2 (Covid-19) e 0,5%, influenza B.
Fonte: Agência Brasil e Fiocruz, com Redação