Com a mudança de temperatura no país e a chegada da frente fria, existe um aumento significativo de casos de doenças respiratórias. Uma dessas doenças é a H1N1, uma infecção respiratória causada pelo vírus da mesma linhagem que o causador da gripe. A doença vem atingindo principalmente pessoas idosas, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de 81 anos, e o apresentador Silvio Santos, de 93.
Sílvio foi internado no último dia 18 de julho no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, após ser diagnosticado com Influenza A . O dono do SBT recebeu alta no dia 20, mas teve que voltar ao hospital nesta quinta-feira (1).. A assessoria da emissora afirmou, em nota à imprensa, que o comunicador está bem e retornou ao hospital para fazer exames de imagem – ele já realiza raios X em casa.
O estado de saúde de Silvio Santos tem preocupado a família, médicos e sua legião de fãs e admiradores. Ícone da comunicação brasileira, ele está afastado da TV desde 2022 e as filhas divergem em relação a um possível retorno do pai à TV. Silvio esteve internado em 2021, no mesmo hospital, após ser diagnosticado com Covid-19.
Diante dos riscos que o vírus HIN1 traz para a população, é importante esclarecer os riscos para a terceira idade, contágio, destacar a importância das medidas preventivas, o risco da automedicação e a relevância das vacinas.
Transmissão e sintomas da H1N1
Conhecida também por Influenza A ou gripe suína, a contaminação acontece por via aérea, pelo contato com secreções de pessoas já infectadas ou com objetos contaminados. A doença é causada pelo vírus Influenza A, que contém genes de diversos micro-organismo da gripe suína, aviária e humana. A transmissão ocorre por meio de gotículas respiratórias expelidas por uma pessoa infectada ao tossir, espirrar ou falar.
Tocar superfícies contaminadas também pode propagar o agente infeccioso se, posteriormente, houver contato com o rosto, especialmente com nariz, boca ou olhos, como explica o enfermeiro Darley Rodrigues, coordenador do curso de Enfermagem do Uninassau – Centro Universitário Maurício de Nassau, campus Graças, .
Qualquer pessoa pode ser infectada pelo H1N1, mas indivíduos imunodeprimidos, idosos, gestantes ou com condições crônicas têm maior chance de desenvolver casos mais graves. O tratamento envolve o uso de medicamentos para aliviar os sintomas, repouso e hidratação. Não existe uma cura definitiva para o vírus, porém é fundamental fortalecer o sistema imunológico”.
Por ter sintomas semelhantes ao da gripe, é essencial a realização de um diagnóstico precoce, para a identificação da doença e início do tratamento. Os sintomas da H1N1 são febre alta, tosse, dor de garganta, coriza ou entupimento do nariz, calafrios, fadiga e dores de cabeça, nos músculos e articulações.
Em alguns casos, podem ocorrer vômitos e diarreia. É crucial buscar ajuda médica se os sintomas piorarem ou se surgirem dificuldades respiratórias, dor no peito, tontura, confusão ou vômitos persistentes.
Em situações graves, a H1N1 pode resultar em complicações como pneumonia e insuficiência respiratória, podendo levar à morte. É necessário estar vigilante com os grupos de risco e manter um acompanhamento rigoroso”, ressalta Rodrigues.
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Aumento na procura por testes para H1N1
O aumento da incidência da Influenza A vem sendo sentido também nas buscas por testes para detectar a presença do vírus. No segundo trimestre de 2024, quando as temperaturas começam a diminuir e a incidência de infecções respiratórias aumentam, a MedLevensohn, por exemplo. registrou um crescimento de 350% nas vendas de testes para a Influenza H1N1.
O aumento nas vendas reflete que o brasileiro tem adotado a testagem como primeira ação após o aparecimento dos primeiros sintomas. Do ponto de vista médico, isso é positivo, pois evita as complicações e, consequentemente, o aumento no número de óbitos”, reforça Alexandre Chieppe, consultor da MedLevensohn.
De acordo com o especialista em saúde pública, a testagem para a identificação de qual vírus se trata é fundamental para acelerar o tratamento e evitar complicações que podem ocorrer, principalmente, se o paciente for do grupo de risco, composto por idosos, crianças menores de 2 anos, gestantes, pacientes com doenças pré-existentes (diabetes, cardíaca, renal, deficiência imunológica, entre outras), com obesidade mórbida ou portadores de doenças provocadas por alterações da hemoglobina.
A contaminação por H1N1 pode ser evitada por cuidados básicos de higienes, que podem ser realizados no dia a dia, como lavar as mãos com frequência, utilizando água e sabão, evitar tocar olhos, nariz e boca, após o contato com superfícies, não compartilhar objetos de uso pessoal e cobrir boca e nariz ao espirrar ou tossir.
Pessoas idosas precisam se prevenir contra a H1N1 e outras doenças
De acordo com o Calendário de Vacinação Idoso 60+, lançado em abril deste ano pela Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), em conjunto com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), algumas vacinas foram recomendadas para todas as pessoas com mais de 60 anos, entre elas a da Influenza, que protege contra a gripe.
A presidente da Comissão de Imunização da SBGG, Maisa Kairalla, destaca a necessidade da vacinação em pessoas idosas e reforça o empenho da comissão em possuir um calendário moderno e atualizado:
As vacinas são inegavelmente uma das maneiras que temos para promover o envelhecimento melhor às pessoas. Nos dedicamos em ter um calendário moderno atualizado, que engloba diversas vacinas, aquelas que estão no Programa Nacional de Imunização e outras, para que tenhamos, principalmente, para esse uso mais frágil, mais comórbido, uma melhor proteção para o envelhecimento.”
Influenza A predomina entre hospitalizados, aponta estudo feito no Brasil
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A chegada do frio traz a reboque as temidas doenças respiratórias, por conta dos ambientes mais fechados e da imunidade abalada pela friagem. Quando a gripe é muito forte, ir ao pronto-atendimento se torna uma necessidade, e é nessa hora que a testagem simultânea para influenza A, B e H1N1 se faz essencial. Essa é a conclusão do estudo “Perfil Epidemiológico dos Testes Rápidos de Influenza em Hospitais e Unidades Ambulatoriais Brasileiras: Insights da Rede de Medicina Diagnóstica e Saúde entre 2019 e 2023”, publicado no International Journal of Biological and Natural Sciences.
Conduzido por biomédicos e bioquímicos hospitalares do Sabin Diagnóstico e Saúde, o artigo levantou informações sobre a prevalência da influenza em pacientes de unidades hospitalares e ambulatoriais nos quais o Sabin atua.
Nossos dados mostraram a necessidade de se ampliar a vigilância por especialidades no pós-covid e reforçaram a importância da testagem rápida como ferramenta de triagem em urgências e emergências”, assinala o biomédico Henrique Kappel, gerente hospitalar do Sabin e um dos autores do estudo, ao lado de Saulo Valente, Regis Silva e Henrique Almeida.
O grupo de trabalho focou no atendimento e realização dos exames dos quase 20 hospitais no Brasil em que o Sabin atua. O estudo avaliou solicitações de testes rápidos, realizados pelo Sabin Diagnóstico e Saúde, que rastreiam simultaneamente os três sorotipos. A partir de um banco de dados interno, sem identificação individual, foram analisadas solicitações médicas por testes rápidos de influenza para os sorotipos A, B, e H1N1 e comparados os resultados de janeiro de 2019 a abril de 2023.
No período abordado, houve uma prevalência do sorotipo A, com exceção de 2023, quando o grupo B predominou (58,1%). Casos de H1N1 foram detectados em 0,1% dos testes. A menor demanda coincidiu com os períodos de pico de covid-19, enquanto o ápice de pedidos pelo teste ocorreu no primeiro trimestre de 2022.
A principal motivação do estudo foi a circulação concomitante à covid de outros agentes virais no período, o que despertou a atenção para surtos regionais. A testagem foi determinante para o diagnóstico diferencial de covid e para descartar outras infecções virais, gerando desfecho clínico favorável devido ao monitoramento e tratamento direcionado”, afirma Kappel.
O estudo dos profissionais do Sabin avaliou 4.257 testes em 27 cidades brasileiras, de pacientes com idade média de 26,8 anos. A prevalência de positividade foi constante, sem diferença significativa ao longo do período estudado, com média de 8,6%. Em 2023, o percentual chegou a 10,6%, a mais alta dos cinco anos do estudo, sendo 239 testes positivos (contra oito, em 2019), o que demonstra maior circulação do vírus.
Apesar da atenção que se voltou ao novo coronavírus, não podemos negligenciar outras doenças infecciosas, como a influenza, que podem causar impacto significativo na saúde pública”, completa Kappel. Portanto, na sua avaliação, bale a pena buscar com a vacinação a proteção e a diminuição do risco de agravamento da doença, evitando o risco de internação e, eventualmente, de morte.
Alerta para variante rara da gripe aviária no México
Uma variante extremamente rara da gripe aviária também tem preocupado os especialistas em saúde pública. Em maio deste ano, o México notificou a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) – o braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas – sobre o primeiro caso confirmado de infecção humana pelo vírus influenza aviária A tipo H5N2.
A vítima, um homem de 59 anos residente no Estado do México, estava hospitalizado e não tinha histórico de exposição a aves ou outros animais. O paciente, que apresentava múltiplas comorbidades e estava acamado há três semanas por outras razões, manifestou sintomas agudos, tornando-se a primeira vítima documentada dessa variante em humanos.
Os vírus influenza A são conhecidos por infectar uma ampla gama de hospedeiros, incluindo aves, porcos, humanos e outros mamíferos. Eles podem causar epidemias de gripe com diferentes graus de gravidade. Subtipos como H1N1 e H3N2 são os mais comuns em humanos“, explicou João Renato Rebello Pinho, médico patologista clínico e membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), em artigo publicado no site da revista Veja.
O paciente desenvolveu febre, falta de ar, diarreia, náuseas e mal-estar geral. Esses sintomas se agravaram rapidamente, levando-o a buscar atendimento médico. Ele foi internado no Instituto Nacional de Doenças Respiratórias e faleceu no mesmo dia devido a complicações.
O diagnóstico foi confirmado por reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR), realizada em uma amostra respiratória do final de abril. Inicialmente não subtipada, a amostra foi sequenciada pelo Laboratório de Biologia Molecular do Centro de Pesquisa em Doenças Infecciosas do México confirmando a presença do vírus H5N2″, acrescentou o especialista.
As autoridades de saúde mexicanas implementaram medidas rigorosas de controle e prevenção para evitar a propagação da nova variante. Entre os 17 contatos identificados e monitorados no hospital, apenas um apresentou corrimento nasal, mas todos os testes para influenza e SARS-CoV-2 resultaram negativos. Amostras adicionais de outros contatos também foram negativas, indicando uma baixa transmissibilidade entre humanos.
Risco de reprodução do vírus encontrado em animais
Para João Renato Rebello Pinho, embora os vírus Influenza A/H5, incluindo o H5N2, sejam geralmente encontrados em animais e não se repliquem facilmente entre humanos, a situação requer vigilância contínua por parte dos profissionais de saúde e virologistas.
Casos esporádicos de infecção humana podem ocorrer, especialmente em indivíduos com exposição a aves contaminadas. Até o momento, não há evidências de que o H5N2 tenha adquirido a capacidade de se disseminar sustentadamente entre humanos”, destaca.
De acordo com o especialista, o caso raro identificado no México serve como um lembrete da importância da vacinação anual contra a gripe, que pode prevenir a infecção e reduzir o impacto na saúde pública.
Embora as vacinas atuais não cubram diretamente o H5N2, elas são essenciais para proteger contra os tipos mais comuns de influenza. A situação destaca a necessidade de monitoramento contínuo e prontidão para responder a emergências de saúde pública, especialmente diante do surgimento de novas variantes virais”, esclarece.
Com Assessorias