As infecções respiratórias seguem em alta neste inverno no Brasil, sobretudo entre crianças e idosos, com níveis altos de internação. O novo Boletim InfoGripe, divulgado nesta quinta-feira (11/7), informa que a circulação do vírus sincicial respiratório (VSR), um dos causadores da bronquiolite, se mantém em valores expressivos de incidência e mortalidade por Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) nas crianças pequenas.
A análise destaca também que a mortalidade da SRAG nas últimas oito semanas foi semelhante na faixa infantil de 0 a 2 anos e em idosos. Na população idosa se destacam as mortes por SRAG associadas ao vírus da gripe, à influenza A e à Covid-19.
Em 2024, já foram notificados 93.160 casos de SRAG, sendo 45.404 (48,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 35.075 (37,7%) negativos, e ao menos 7.393 (7,9%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os casos positivos do ano corrente, 45,1% são de vírus sincicial respiratório; 19,3% de Sars-CoV-2 (Covid-19); 19,3% são de influenza A (gripe), 0,4% de influenza B.
Seis unidades da federação apresentam sinal de aumento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave na tendência de longo prazo: Amapá, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Roraima e São Paulo. Já é possível observar uma estabilização ou interrupção do crescimento do número de casos de VSR e influenza A em alguns estados do Centro-Sul.
A análise mostra que ainda estão altos os casos dos vírus influenza, VSR e rinovírus na maioria dos estados do Sudeste – Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. Alguns estados do Norte também apresentam manutenção do aumento dos casos de VSR e rinovírus em crianças pequenas.
Já a covid-19 tem se mantido em patamares baixos quando comparada com seu histórico de circulação. Porém, o vírus tem sido a principal causa de internação por SRAG entre os idosos do Amazonas, Ceará e Piauí nas últimas semanas. Também alguns estados do Norte e Nordeste têm apresentado uma ligeira atividade da covid-19.
Internações de crianças em alta Estado do no Rio
Crianças de até 4 anos – principalmente bebês abaixo de um ano de idade – seguem como a faixa etária com maior número de internações por SRAG no Estado do Rio de Janeiro. Segundo dados do Painel Viral do Lacen-RJ, os principais agentes infecciosos são o VSR (36,24%), e o Rinovírus (34,81%).
A nova edição do Panorama de Síndrome Respiratória Aguda Grave e Vírus Respiratórios (Panorama SRAG), divulgada nesta quinta-feira (11) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), aponta que o número de solicitação de leitos está oscilando nas últimas três semanas, principalmente nas faixas etárias menores de 4 anos, confirmando uma estabilidade em nível alto.
Já o percentual de internações por SRAG na faixa etária de 80 anos ou mais apresentou uma leve diminuição entre as últimas três semanas epidemiológicas comparadas. O número de solicitações de leitos para essa faixa etária permanece com pouca variação
A partir da análise dos dados inseridos no Sivep-Gripe no período de 30 de junho a 6 julho, a pesquisadora do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz) e do InfoGripe, Tatiana Portella, também reforça a importância da vacinação no país contra a Covid-19.
Segundo ela, é importante que todas as pessoas do grupo de risco estejam imunizadas contra a doença em caso de contaminação, assim como também em caso de um possível cenário de aumento sustentado da circulação da Covid-19. Além disso, a importância da vacinação contra a influenza, já que o vírus ainda circula de forma expressiva em algumas regiões do país.
A vacinação contra a gripe segue sendo o principal mecanismo de prevenção, uma vez que ajuda a evitar o agravamento dos casos de síndromes respiratórias agudas graves”, alerta Claudia Mello, secretária de estado de Saúde do Rio de Janeiro.
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Aumento de casos a longo prazo em seis estados
A atualização do Boletim InfoGripe chama atenção ainda que seis unidades da Federação apresentam sinal de aumento do número de casos de SRAG na tendência de longo prazo – Amapá, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Roraima e São Paulo. Mas já é possível observar uma estabilização ou interrupção do crescimento do número de casos de VSR e influenza A em alguns estados do Centro-Sul.
Quanto aos óbitos notificados por SRAG, independentemente de presença de febre, o estudo mostra que em 2024 foram registrados 5.755 óbitos, sendo 3.158 (54,9%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 2.095 (36,4%) negativos e ao menos 502 (8,7%) aguardando resultado laboratorial.
Entre os positivos, 27,8% são de influenza A, 0,5% de influenza B, 10,2% de vírus sincicial respiratório e 55,7% de Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas a prevalência entre os casos positivos foi de 43,2% de influenza A, 1,3% de influenza B, 17,7% de vírus sincicial respiratório e 21,4% de Sars-CoV-2 (Covid-19).
Crescimento do VSR e rinovírus no Sudeste e Norte
A análise mostra que ainda se verifica uma manutenção do crescimento de casos dos vírus influenza, VSR e rinovírus na maioria dos estados do Sudeste, como Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. Alguns estados do Norte também apresentam manutenção do aumento dos casos de VSR e rinovírus em crianças pequenas.
O rinovírus é outro vírus respiratório preocupante na incidência de SRAG nas crianças. A especialista destaca ainda que a Covid-19 tem se mantido em patamares baixos quando comparada com seu histórico de circulação.
No entanto, o vírus tem sido a principal causa de internação por SRAG entre os idosos do Amazonas, Ceará e Piauí nas últimas semanas. Além disso, alguns estados do Norte e Nordeste têm apresentado uma ligeira atividade da Covid-19.
No cenário nacional, há sinal de queda na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de estabilidade na tendência de curto prazo (últimas três semanas) nos casos de SRAG. A diminuição da SRAG no agregado nacional se deve a uma queda ou interrupção no crescimento das SRAG por VSR e influenza A em muitos estados, embora ainda estejam em ascensão em outros”, observa a pesquisadora.
Nessa última atualização do InfoGripe, há sinal de estabilização das novas internações por SRAG em muitos estados do Centro-Sul, embora ainda haja crescimento da manutenção de estabilização na maioria da região Sudeste.
Então, aquele aumento das hospitalizações por influenza e VRS na região Centro-Sul, que o InfoGripe vinha alertando nas últimas semanas, começa a dar sinais de estabilização e interrupção.
No entanto, ainda vemos aumento de casos desse vírus, junto com o rinovírus, em muitos estados do Sudeste. Além disso, ainda observamos crescimento dos casos de VSR e rinovírus em alguns estados do Norte, como Roraima e Amapá, sobre os quais havíamos alertado nas últimas edições do InfoGripe. Neste novo boletim se observa um início de crescimento de casos no Pará.
Em relação à Covid-19, chamamos atenção para uma leve atividade do vírus no Norte e Nordeste, com especial destaque para o Amazonas, Ceará e Piauí, onde a maioria das internações por SRAG em idosos nas últimas semanas foi causado por Covid-19″, relata Tatiana.
A Covid-19 tem se mantido em patamares baixos quando comparada com seu histórico de circulação. Porém, o vírus tem sido a principal causa de internação por SRAG entre os idosos do Amazonas, Ceará e Piauí nas últimas semanas.
Também alguns estados do Norte e Nordeste têm apresentado uma ligeira atividade da Covid-19. Diante desse quadro, a pesquisadora ressalta a importância de que os hospitais e as unidades sentinelas de síndrome gripal dessas regiões reforcem a atenção para qualquer sinal de aumento na circulação do vírus.
Resultados laboratoriais
Em nível nacional, o cenário sugere que há indícios de queda na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de estabilidade na tendência de curto prazo (últimas três semanas). Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado.
Estados e Distrito Federal
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de:
- 40,5% para vírus sincicial respiratório,
- 21,5% para influenza A,
- 7,3% para Sars-CoV-2 (Covid-19) e
- 0,9% para influenza B.
Entre os óbitos, a prevalência entre os casos positivos foi de
- 43,2% para influenza A,
- 21,4% para Sars-CoV-2 (Covid-19),
- 17,7% para vírus sincicial respiratório e
- 1,3% para influenza B
Na presente atualização observa-se que 6 das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a semana 27: Amapá, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Roraima e São Paulo.
O novo Boletim aponta que 10 das 27 capitais apresentam sinal de crescimento de SRAG tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a semana 27: Belém (PA), Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Macapá (AP), Maceió (AL), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitória (ES).
Entenda os dados do novo boletim do RJ
O Panorama SRAG também analisa os tipos de vírus que predominam nas diversas faixas etárias dos pacientes internados e as solicitações de leitos feitas por meio do Sistema Estadual de Regulação.
A equipe de Vigilância do Centro de Inteligência em Saúde da SES-RJ utiliza um modelo estatístico chamado “nowcasting”, que leva em consideração os casos com atraso de notificação para estimar o total esperado para determinado período.
A estimativa do nowcasting para a SE 24 foi de 445 internações, com 322 já registradas; para a SE 25, o modelo apontou 492 internações estimadas, sendo que 314 internações já estão registradas no sistema; para a SE 26 foi estimado 469 internações, com 188 internações já registradas de SRAG.
O Panorama SRAG três sistemas como fonte de dados: o Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), o Sistema Estadual de Regulação (SER) e o Sistema de Informação de Gerenciamento de Amostra Laboratorial (GAL), no qual são registrados os resultados dos exames feitos pelo Lacen-RJ, laboratório estadual de referência.
Os dados estão no link, no Painel de Indicadores Precoces e se referem às Semanas Epidemiológicas (SE) 24 a 26, entre o período de 23 e 29 de junho.
Com Assessorias