O verão ainda nem chegou, mas as temperaturas já estão nas alturas. Época ideal para pular na piscina e correr para a praia. Além de todos os cuidados relacionados à exposição ao sol, como evitá-la entre as 10h e 16h, passar e renovar o protetor solar e ingerir bastante líquido, existem muitas outras precauções que precisam ser tomadas para evitar doenças, como as micoses.

Micose é o nome que define todas as doenças causadas por fungos em partes do corpo como pés, couro cabeludo, boca e unhas. Apesar da ampla gama de variações, os ambientes quentes, úmidos e abafados são o fator em comum entre todas as micoses, pois é neste tipo de ambiente que os micro-organismos se proliferam.

Quedas no sistema imunológico costumam tornar mais propícia a incidência de infecções e de contaminações como um todo. Por isso, é preciso estar sempre alerta aos objetos e ambientes compartilhados, além de manter atenção especial às áreas do corpo que costumam acumular umidade.

Alguns hábitos das estações com temperaturas mais frias como o outono e o inverno também podem facilitar o surgimento e a transmissão dessas doenças, como o banho quente. Além de ser prejudicial à pele, cria um ambiente umidificado na casa, propício para a proliferação de fungos. Já nas estações mais quentes do ano, como a primavera e o verão propicia a realização de atividades de lazer na beira da piscina e na praia.

A temperatura agradável também pode aumentar a disposição para ir à academia, entretanto, é preciso ficar atento ao utilizar vestiários públicos, sentar diretamente na areia e circular descalço para não facilitar o contágio por fungos ou outros micróbios, que se aproveitam do calor e umidade para proliferar e se alojar em algumas regiões do corpo, como os pés e outras dobras no corpo, causando micoses e outras infecções.

Frieira: como evitar

Entre os tipos de micoses mais comuns está a frieira (ou pé-de-atleta) é uma das manifestações fúngicas mais comuns — um tipo de micose altamente contagiosa, com incidência muito alta no País, somando mais de 2 milhões de casos por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia.

De acordo com o dermatologista José Jabur da Cunha, da Altacasa Clínica Médica e chefe do setor de Cirurgia Dermatológica da Santa Casa de São Paulo, é preciso redobrar a atenção para evitar as frieiras. “É comum olhar apenas para os pés no verão por conta das sandálias, mas é preciso cuidar o ano inteiro, mantendo os pés sempre secos e arejados”, indica o especialista.

As frieiras, um tipo de inflamação na pele causada pelo atrito e a umidade e, muitas vezes, agravada pela presença de um fungo, surge principalmente entre os dedos dos pés. “A área afetada pode coçar muito, ficar avermelhada e com fissuras. É indicado o uso de remédios antifúngicos, além de cuidados para evitar umidade no local, como secar bem os pés depois do banho, usar talcos e preferir meias de algodão”, orienta o médico.

No caso da frieira, os sintomas incluem coceira entre os dedos dos pés e pode haver descamação e pele esbranquiçada. Para evitá-la é importante evitar calçados fechados por muito tempo e ambientes que possam estar contaminados, como vestiários e duchas de clubes.

Após o banho quente, muitas pessoas correm para colocar meias e aquecer os pés antes de secar bem a região. O resultado são mais fungos, bactérias e frieiras. O uso de sapatos e tênis também faz com que os pés transpirem e o ambiente úmido é ideal para micoses.

“É necessário secar entre os dedos dos pés com a toalha, após o banho, para evitar que as dobrinhas da pele fiquem úmidas, antes de colocar um calçado fechado. Recomendo, inclusive, o uso de secadores de cabelo no local. Junto com uma boa higiene, esta é a melhor maneira de manter os pés livres de micoses e frieiras”, ressalta o dermatologista.

Pano branco: como evitar

Além da frieira existem as outras micoses dos pés, que podem ser transmitidas por contato direto com uma pessoa infectada ou com superfícies contaminadas, como pisos de banheiros e vestiários. Estas micoses costumam coçar e levar a descamações na sola dos pés. “Aquilo que as pessoas acham que é causado por ácido úrico, na planta dos pés, geralmente é uma micose que pode ser tratada. Não tem relação com o ácido úrico”, esclarece o dermatologista da Clínica Altacasa.

O pano branco, outro tipo de micose causado pelo crescimento excessivo de leveduras na pele, é uma infecção não contagiosa que afeta, na maioria das vezes adolescentes e jovens adultos por conta das alterações hormonais. Os sintomas da doença pano branco incluem manchas de pele, mais claras ou escuras do que a pele ao redor, principalmente na região do tronco e ombros, e é recomendado manter a área seca, evitando o uso de cremes e produtos gordurosos.

O tratamento deve ser realizado com um antifúngico tópico, ou seja, aplicado diretamente na pele, é uma forma fácil e prática de combater a micose. Os antifúngicos atacam com eficácia os principais tipos de fungos que causam a infecção, são fáceis de aplicar e penetram rápido na pele para alívio dos sintomas.

Micose de unha é outro problema

Doença comum no verão, a onicomicose ou micose de unha é uma infecção causada por fungos que se alimentam de queratina, substância que forma as unhas. “As fontes de infecção podem ser o solo, fezes de animais, outras pessoas ou alicates e tesouras contaminados”, explica Márcio Accordi, biólogo geneticista e diretor da Biozenthi Laboratórios Cosméticos.

As unhas mais afetadas são as dos pés, pois o ambiente úmido, escuro e aquecido, encontrado dentro dos sapatos e tênis, favorece o crescimento dos fungos. “Além disso, o crescimento mais lento das unhas dos pés dificulta a eliminação da micose, mas esse é um problema que acomete também as unhas das mãos”, acrescenta. “As unhas com micose ficam espessas, esponjosas, de colorações brancas, amareladas e escuras, podem causar dor principalmente quando acontece a formação de ‘unhas de gavião’, a unha fica côncava e escura”.

O médico dermatologista ou clínico faz o diagnóstico inicial pela análise de lesões e posteriormente pode fazer a confirmação por meio de raspagem da unha acometida e a incubação em meios de cultura específicos. “Para tratar estas unhas, existe produto antimicótico, fortalecedor e reparador de unhas, que tratam, hidratam, fortalecem e reparam as lesões, como o Micozione”, explica Márcio.

Em alguns casos mais graves poderá ser necessário o uso de medicamentos orais.  Clotrimazol é um dos princípios ativos que podem ser usados para tratar a micose, por ser antifúngico e ter propriedades antibacterianas. Mas é o médico quem indicará se será necessário o uso destes medicamentos.

Consulte o médico se não tiver certeza do diagnóstico e se os sintomas persistirem após o tratamento. Em caso de gravidez ou uso em pessoa idosa, consulte o médico para saber qual a melhor medicação antifúngica indicada.

Dicas de prevenção

Márcio explica que para evitar o problema é necessário manter hábitos de higiene rigorosos nas mãos e nos pés. “Além disso, o paciente deve evitar andar descalço em pisos molhados, como em academias, saunas e piscinas; usar sempre seu próprio material de manicure; na medida do possível, usar calçados largos e bem ventilados; usar, de preferência, as meias de algodão em vez de tecido sintético”, explica.

Veja as principais dicas dos especialistas:

Depois do banho, seque bem os dedos dos pés e as dobras do corpo.

Evite andar descalço em piscinas, vestiários e chuveiros de uso compartilhado.

Seque cuidadosamente as dobras do corpo após o contato com a água (entre os dedos, axilas, virilha, etc.).

Evite compartilhar toalhas, roupas, bonés e escovas de cabelo.

Leve seus próprios materiais ao ir à manicure como lixas, palitos de unhas e alicates. Em casa, também evite compartilha-los.

Use roupas leves e evite tecidos sintéticos que intensificam a absorção do calor e, consequentemente, o acúmulo de suor.

Não esqueça de secar o vão entre os dedos dos pés, a virilha, a região abaixo das mamas e outras dobras do corpo.

Evite o uso do mesmo sapato dois dias seguidos;

Ao chegar em casa e retirar sapatos, tênis e botas, coloque os calçados para arejar e ventilar antes de guardá-los no armário;

Meias e sapatos devem estar esmpre limpos e secos;

Seque bem os pés antes de colocar meias;

Prefira meias de algodão a meias de nylon ou de qualquer tecido sintético;

Use talco nos pés;

Em casa, procure deixar os pés descalços e sem meia, para que possam “respirar”;

Calce chinelos quando tomar banho em banheiros públicos, como de escolas, clubes e academia;

Corte e lixe as unhas dos pés com frequência. Prefira o corte quadrado para não encravar nos cantos. Unhas grandes são mais difíceis de limpar;

Evite sempre manipular os cantos das unhas ou embaixo da unha. Isso muitas vezes leva a unhas encravadas;

Hidrate os pés com um creme específico para a região.

Com Assessorias

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