Gripe: morte de idosos no RJ é 8 vezes maior que em 2023

Secretaria de Estado de Saúde reforça importância da vacinação como principal medida para evitar casos graves e mortes por síndrome respiratória aguda grave

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O número de mortes por influenza registrados este ano em pessoas acima de 60 anos no Estado do Rio de Janeiro já é oito vezes maior neste ano em comparação com o ano passado. No primeiro trimestre de 2024, foram 17 mortes de pessoas idosas- no mesmo período do ano passado foram duas. No primeiro trimestre de 2024, foram 17 mortes de pessoas com 60 anos ou mais – no mesmo período do ano passado foram duas.

Os dados são de um levantamento feito pelo Centro de Inteligência em Saúde (CIS-RJ), da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), a partir do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), que considera os registros de toda a rede de saúde do Rio de Janeiro, pública e privada.

Ainda de acordo com o levantamento, os óbitos por síndrome respiratória aguda grave também cresceram neste ano nas demais faixas etárias. Foram sete mortes por gripe em toda população nos três primeiros meses de 2023, e 27 em 2024.

As análises do Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen-RJ) indicam que o vírus Influenza A apresentou um predomínio de 13% nas amostras analisadas nas últimas duas semanas de março, seguido pelo SARS-CoV-2 com 6%, o Rinovírus com 6% e o VSR com 5%. Na faixa etária de 0-4 anos, o VRS foi predominante com 12%, seguido pelo Influenza A (11%) e Rinovírus (3%). Por outro lado, em maiores de 80 anos, houve um predomínio do Influenza A (18%) seguido pelo Sars-Cov-2 (9%).

Atendimentos gerais por gripe também crescem nas UPAs

O estudo feito pelo CIS-RJ também levou em consideração os atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da rede estadual de saúde. Nele, foi possível observar um aumento de 36% nos atendimentos por síndrome gripal entre fevereiro (14.659 registros) e março (20.019).

Recentemente, no Brasil tem se observado que as mudanças climáticas estão interferindo na sazonalidade da doença, com a notificação de casos ao longo de todo o ano, porém com predominância nos meses frios de maio a julho.
Para a secretária de estado de Saúde, Claudia Mello, diversos fatores têm contribuído para essa mudança, entre eles as alterações bruscas e recorrentes de temperatura, associadas à diminuição da umidade do ar. Segundo ela, os indicadores reforçam a necessidade da vacinação, especialmente nos idosos e crianças. Além do Dia D de Mobilização contra a gripe neste sábado, a campanha seguirá até o dia 31 de maio, em todo o estado.
“A vacina é a melhor medida para prevenção da influenza, especialmente em pessoas mais vulneráveis a complicações decorrentes das síndromes respiratórias, que são os idosos, crianças, gestantes, puérperas e pessoas com comorbidades. Os imunizantes estão sendo distribuídos aos municípios e a nossa recomendação é para que essa população mais vulnerável não deixe de se vacinar”, destaca a secretária.

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65,6% dos óbitos por Influenza em 2023 eram idosos

  • Mas por que as pessoas idosas estão mais vulneráveis ao vírus influenza? Uma explicação é o declínio natural do sistema imune do idoso – fenômeno chamado de imunossenescência. Como resultado desse enfraquecimento natural do sistema imunológico, o idoso fica mais suscetível a algumas doenças e infecções. Por isso, a imunização para este grupo é imprescindível.
  • O recente aumento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) durante a temporada demanda atenção especial para vacinação contra a gripe entre públicos prioritários – em 2023, a cobertura vacinal contra a Influenza atingiu apenas 60,6% do público-alvo.

Em 2023, a porcentagem de casos de SRAG causada por Influenza em pessoas adultas foi 2,4 vezes maior do que a registrada em 2022. Quem mais sofreu diante desse cenário foi a população idosa – na qual foram observados 65,6% dos óbitos por influenza no ano passado e 54,9% das hospitalizações por SRAG por Influenza, segundo dados do Ministério da Saúde.

Quando falamos dos idosos com mais de 80 anos, os números são ainda mais alarmantes – 26,7% das pessoas hospitalizadas for SRAG causada por Influenza foram a óbito em 2023 por conta das complicações da doença, enquanto na faixa etária de 60 a 69 anos a letalidade chegou a 19%.

Idosos são mais vulneráveis a infecções respiratórias

gripe, causada pelo vírus Influenza, pode trazer consequências imprevisíveis para a saúde de todos. Adultos têm oito vezes maior risco de sofrer um AVC, 10 vezes maior risco de ataque cardíaco e até 29% maior risco de pneumonia após contrair a doença. No entanto, o público 60+ é ainda mais vulnerável: as infecções respiratórias são uma importante causa de mortalidade em idosos no país.

Idosos com comorbidades têm ainda mais complicações em decorrência da SRAG causada por Influenza. A letalidade entre aqueles com comorbidades foi duas vezes maior em comparação aos idosos sem comorbidades.

Considerando que cerca de 70% dessa população possui alguma doença crônica e tem maior risco de agravamento de infecções é de extrema importância o cuidado com esse público. A baixa cobertura vacinal contra a gripe no ano passado, que foi de apenas 60,6% entre os grupos prioritários, incluindo os idosos, contribuiu para esse cenário.

Rosana Richtmann. doutora em Medicina pela Universidade de Freiburg, Alemanha, e Médica Infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, explica que a vacinação é a melhor forma de prevenir a gripe e suas complicações, especialmente entre a população acima de 60 anos.

“É preocupante que muitos idosos não estejam imunizados contra a gripe, pois ela pode provocar complicações graves que podem levar a problemas sérios no coração, metabolismo e ainda perda de autonomia. Em 2023, tivemos uma das piores coberturas vacinais de grupos prioritários dos últimos anos, o que demanda um olhar urgente para a proteção da população 60+, tendo em vista que estamos nos aproximando de mais uma temporada de gripe”, afirma 

  • Vacina quadrivalente de alta dose para idosos

  • Atualmente no Brasil existem três vacinas disponíveis: a trivalente no Sistema Único de Saúde (SUS). que confere proteção contra três tipos de cepas do vírus, e na rede privada a quadrivalente, que protege contra quatro cepas do vírus, e a quadrivalente de alta dose. Esta última, chamada Efluelda, chegou em 2023 ao país, com indicação para a prevenção da doença causada por cepas de influenza A e B em pessoas a partir dos 60 anos de idade.

Um estudo recente apresentado no Congresso da Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Rebrats) demonstrou que a utilização da vacina  quadrivalente de alta dose na população acima de 80 anos dependente exclusivamente do Sistema Único de Saúde poderia evitar mais de 22 mil casos de influenza nessa faixa etária, além de promover a redução em consultas com clínico geral, idas aos serviços de urgência e redução significativa de hospitalizações nessa faixa etária.

Essa vacina, o imunizante de alta dose apresenta quatro vezes mais antígeno (componente ativo), e fornece proteção superior contra os casos de gripe e as graves complicações da doença em comparação à dose padrão da vacina contra a doença. A vacina lançada no Brasil é recomendada por várias sociedades médicas para se proteger da gripe e pode ser encontrada no mercado privado de vacinação.

Com informações da SES-RJ e da Sanofi

 

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