Bullying e depressão infantil: como enfrentar esses desafios?

1 entre 6 crianças e adolescentes de 10 a 19 anos enfrentam algum transtorno mental, com riscos de depressão, automutilação e pensamentos suicidas

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Diante da crescente preocupação com a saúde mental das crianças e adolescentes, o relatório Situação Mundial da Infância 2021 revelou estatísticas alarmantes para o Brasil. Quase um em cada seis meninos e meninas entre 10 e 19 anos enfrenta algum tipo de transtorno mental, aumentando consideravelmente os riscos de automutilação, depressão e pensamentos suicidas. Em muitos casos, o bullying pode desencadear ou piorar esses quadros.

Segundo especialistas, a depressão e o bullying estão entre os desafios críticos que as crianças e adolescentes enfrentam atualmente. Em meio a essa preocupação crescente, é importante pensar no cuidado com a saúde mental. E enfatizam a necessidade urgente de prestar atenção aos sinais de alerta e de oferecer o suporte necessário para garantir um desenvolvimento saudável..

Birra, malcriação ou agressividade pode indicar um quadro depressivo

A psicóloga Priscilla Vasconcellos, da Rede Hospital Casa, diz que reconhecer os sinais de alerta, como mudanças repentinas de comportamento, é crucial para intervir precocemente e garantir a saúde mental das crianças.

“Às vezes, aquela birra, malcriação ou agressividade, quando de forma intensa e constante, pode indicar um quadro depressivo. Por vezes, as crianças não expressam esse quadro com humor deprimido, mas sim com agitação e irritabilidade. Podem ser observados como sinais de alerta: alterações no sono e apetite, falta de concentração (inclusive afetando o rendimento escolar), sentimento de culpa, baixa estima, agressividade, humor instável e isolamento social”, destaca.

Na sua opinião, felizmente hoje, tanto depressão quanto bullying têm sido vistos de uma maneira diferente pela sociedade, de uma forma mais acolhedora.

“Isso facilita a compreensão por parte da família, gerando uma procura por ajuda profissional, ainda no início dos sinais e sintomas, proporcionando a possibilidade de melhor enfrentamento dessas questões, já que a saúde mental influencia diretamente nas emoções e consequentemente nas ações das crianças”, completa.

Pandemia afetou a saúde mental de crianças e adolescentes

Ela lembra que muitas crianças e adolescentes perderam pessoas queridas durante a pandemia de Covid-19, além do isolamento social que afetou a saúde mental deles.

“O estresse, o medo, a desconexão com o ambiente escolar e suas atividades, o convívio familiar e social comprometidos e, principalmente, a desinformação impactou diretamente, não só nos tratos e rotinas como sociedade, como também evidenciando e agravando sentimentos que poderiam estar ‘abafados’ antes da pandemia, como a ansiedade e baixa autoestima.

A pandemia também aflorou e trouxe à tona situações como abusos e violências nas mais diversas manifestações”, relembra a profissional que acredita na conexão e acolhimento para restabelecer os laços com os mais jovens.

“Estratégias de aproximação à criança, dando atenção às queixas e demandas, além do retorno às atividades sociais são boas opções para um retorno gradual à “normalidade” e reforçar/estreitar os laços”.

Meu filho sofre bullying, como ajudá-lo?

A psicóloga Priscilla Vasconcellos ressalta que a atenção dos pais, educadores e da comunidade em geral desempenha um papel crucial na criação de um ambiente que promova a saúde mental das crianças.

“Os pais e educadores têm um papel extremamente importante, a criança os tem como referência e é importante ela sentir dessas pessoas o acolhimento seguro e necessário, por meio da estimulação do diálogo e estejam bem atentos ao que for dito, o discurso pode conter diversos sinais”, fala a especialista.

Segundo ela, é importante que tanto a escola, quanto a família realize o acolhimento dessa criança ou adolescente ouvindo o que ela tem a dizer. Demonstrando que aquele ambiente é um ambiente seguro para ela compartilhar seus sentimentos.

“Diálogo, acolhimento e compreensão. Outro ponto relevante é estimular a habilidade de a criança se defender, o que não significa ser vingativo ou agressivo, mas que saiba que tem o direito de falar sobre. E que possa transformar a experiência do bullying em aprendizado capaz de fortalecê-la com o acompanhamento profissional, seja psicológico ou psiquiátrico”.

Meninas têm mais dificuldade de lidar com seus problemas

A preocupação com a saúde mental é maior entre as meninas. Segundo estudos, em geral, a incidência de transtornos mentais é maior entre elas.

“Isso diz respeito a elas se sentirem mais tristes, acreditar que ninguém se preocupa com elas, sentir que a vida não vale a pena ser vivida, em relação também a ditadura do corpo ideal, que hoje em dia é bastante acentuado pelas mídias sociais. Além de terem uma tendência a querer lidar com essas situações sozinhas, não compartilhando o que é vivido e sentindo”, diz a psicóloga.

Mais uma vez, ela aposta no acolhimento e no diálogo: “Os pais e cuidadores precisam estabelecer um diálogo, sem julgamentos, buscando compreender como ele está se sentindo e a melhor forma de buscar ajuda, que pode ser profissional através de psicólogos. Dar um apoio emocional para essa criança escutando-o. Destacar as qualidades/conquistas dele como pontos positivos e assim fazendo com que ele se sinta capaz”.

Como estimular a resiliência desde cedo

Ao oferecer um espaço seguro para que as crianças expressem seus sentimentos e preocupações, é possível construir um suporte emocional significativo que fortaleça a resiliência emocional dos pequenos. Priscilla Vasconcellos sugere que se elogie os feitos dos pequenos estimulando que eles olhem para o que têm de melhor.

“A resiliência pode ser ensinada e estimulada, não é necessariamente inata. Apostar em brincadeiras e leituras que estimulem o senso de pertencimento, elogiar os esforços das crianças, construindo assim a autoestima, ensinar a empatia, trazer exemplos com personagens reais ou fictícios que superam dificuldades, com o intuito de mostrar que ele não está sozinho e que pode acontecer com qualquer um”, finaliza a especialista.

Fonte: Hospital Casa

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