O Portal ViDA & Ação abre hoje o Especial Visibilidade Trans, em homenagem à data nacional, lembrada na segunda-feira (29) para tentar derrubar as barreiras do preconceito e da discriminação das pessoas que se identificam com outros gêneros. E nada melhor do que boas histórias de superação para contar, não é mesmo?! Afinal, se assumir a sexualidade ainda é um tabu para milhares de pessoas, imagina nos anos 80, 90 ou início desse século?
O medo do preconceito impedia a paulistana Ana Carolina Apocalypse de sair do armário durante longas décadas. Até que, aos 59 anos, ela decidiu realizar sua transição de gênero. E se tornou um verdadeiro fenômeno na internet. Ana Carolina tem mais de 100 mil seguidores e comemora seu aniversário de 65 anos relatando aspectos da mudança a que decidiu se submeter depois de assistir à novela “A Força do Querer”, que trouxe pela primeira vez à teledramaturgia brasileira a transição de gênero.
Ela é a estrela do primeiro episódio da terceira temporada da premiada websérie “LGBT+60: Corpos que Resistem”. A produção já soma mais de 2 milhões de views nas plataformas digitais e agora traz cinco novos episódios repletos de relatos de amor, orgulho, superação, resistência e diversidade que revelam a trajetória de vida e celebrações de cinco brasileiros LGBT+, que vivem a terceira idade em sua plenitude.
Na terceira temporada, prepare-se para se emocionar com novas e tocantes histórias inspiradoras. Além de Ana Carolina, os episódios contam as nuances e conquistas por trás da vida da ativista Denise Taynáh Leite, de 74 anos; do jornalista Márcio Guerra, de 63 anos; da drag queen Luiza Gasparelly, de 60 anos; e do Seu Franco, de 67 anos.
Os episódios são publicados no canal do YouTube da plataforma de jornalismo independente #Colabora e nas redes sociais.
Conheça os personagens de ‘LGBT+60: Corpos que Resistem’
A protagonista do segundo episódio é Denise Taynáh Leite, de 74 anos, mulher trans negra e carioca. Ativista, trabalha como Secretária dos Direitos LGBT+ na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, e conta no episódio sobre violência familiar, sobre sua relação com o carnaval e a arte, sobre seus sete filhos e sobre o emocionante momento em que se entendeu mulher.
A história de amor e de coragem do jornalista Márcio Guerra, de 63 anos, nascido e criado em Juiz de Fora, também é um dos destaques da série. Há dois anos, Márcio e o seu companheiro há 34 anos, Flávio, adotaram o jovem Phellipe. Hoje, a família vive unida, num ambiente de amor e acolhimento.
Já o Seu Franco é um homem trans negro, de 67 anos, nascido em Porto Alegre, que saiu de casa aos 13 para morar nas ruas por não se sentir aceito. Aos 17, foi tomando consciência da sua identidade de gênero, mas somente anos depois se entendeu e se aceitou como uma pessoa transmasculina ao assistir uma entrevista com João Nery (convidado da primeira temporada de LGBT+60) na televisão.
No último episódio, a série relata os altos e baixos da carreira da drag queen carioca Luiza Gasparelly, de 60 anos, que relembra como se entendeu como um homem gay e artista, suas vivências fora do país, a perseguição e o preconceito contra as travestis e drag queens na ditadura, apresentações icônicas, a descoberta do HIV e conquistas tanto afetivas quanto profissionais.
Mais sobre a produção
Experiências dolorosas e também conquistas e sonhos
O diretor, roteirista e idealizador do projeto Yuri Alves Fernandes conta que ‘LGBT+60’ parte de uma ideia simples: ouvir histórias. Mas são histórias que nem todas as pessoas estão acostumadas a ouvir, seja na mídia ou em debates. São idosos LGBT+, de diferentes gêneros e contextos sociais, que contam sobre suas experiências, muitas vezes dolorosas, mas também sobre conquistas e sonhos.
“Com os seus recortes, ‘LGBT+60’ mostra para toda a sociedade que não existe apenas um caminho traçado para nós. Existe, claro, o abandono resultado da intolerância familiar e da sociedade, que coloca muitos idosos, sobretudo pessoas trans, em variadas vulnerabilidades”, afirma Yuri Alves Fernandes, responsável pelo roteiro e direção da websérie.
No entanto, ressalta, existem diversos outros caminhos. Como o da construção do amor e do casamento; da construção da família e da paternidade – ilustrado pelo Márcio na nova temporada; da sobrevivência e dos sonhos realizados, mesmo que tardiamente, como se vê com Ana, Seu Franco e Denise. O caminho da produtividade e da carreira, a exemplo da Luisa que segue brilhando nos palcos.
Yuri Alves Fernandes conta que, como homem gay e jornalista, sempre viu com inquietação para vivências e assuntos da sua comunidade que não estão sendo discutidos ou tendo muita visibilidade. No período de pesquisa, chamou sua atenção também uma reportagem sobre velhices LGBT+ na qual os entrevistados não mostravam os rostos por medo do preconceito.
“Aquilo me despertou várias coisas. Percebi que de fato a velhice LGBT+ tinha pouquíssimo espaço na mídia e, quando tinha, era invisibilizada de alguma forma. Essa falta de representatividade afeta todos os lados e gerações”, ressalta
Equipe da websérie é composta por pessoas LGBT+
A equipe da websérie é composta majoritariamente por pessoas LGBT+, incluindo pessoas trans, como o codiretor Gab Meinberg.
“É um tipo de série transgressora que gera mudança toda vez que é reproduzida. É por isso que a Vintepoucos ficou em êxtase ao produzir a 3ª temporada. É um projeto que prova que nós, da comunidade LGBT+, temos direito a um passado, presente e principalmente, um futuro”, reforça Gab.
A produção é de Giulia da Graça. Além da nova temporada, a série também será destaque esse ano numa exposição do Museu da Diversidade, em São Paulo, e já passou também pelo Museu da República, no Rio.
Desde que estreou, em 2018, a produção vem conquistando diversos prêmios, os mais recentes foram os de Melhor Roteiro e Melhor Direção, no Rio Webfest 2023, maior festival de webséries do mundo.
“LGBT+60” também já levou o Prêmio Longevidade Bradesco Seguros na categoria Jornalismo Web (2019), o 20º Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade LGBT+ na categoria Audiovisual e Arte Cênicas (2021) e a Menção Honrosa na Mostra Cine Diversidade, do Rio de Janeiro (2021).
A terceira temporada da série ‘LGBT+60+ Corpos que Resistem’ é resultado do programa de Fomento do Audiovisual Carioca 2022, gerido pela RioFilme, órgão vinculado à Secretaria de Governo e Integridade Pública (Segovi) da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Com Assessoria