A tragédia numa escola pública do interior da Bahia, onde um adolescente de 14 anos matou três colegas e se matou em seguida, reacende o debate sobre a violência nas escolas. Desde 2002, ocorreram, no Brasil todo, 25 atentados em escolas, somando 46 mortes e 137 feridos. Revólveres e pistolas foram usados em 11 dos episódios e causaram três vezes mais mortes do que armas brancas, como facas, que apareceram em dez ocorrências.
As armas de fogo foram responsáveis pela morte de 34 pessoas (76%), enquanto as brancas mataram 11 (24%) em ataques a instituições de ensino. A arma mais empregada foi o revólver calibre .38, que apareceu em 53% dos ataques. Outras armas de fogo utilizadas foram a pistola .40 (20%), o revólver .32 (13%), a garrucha .38 (7%) e a garrucha .22 (7%).
Em 2023, a média de ataques a escolas foi de um por mês e que as causas dessa crescente violência, todas elas relatadas por educadores e pela comunidade, são a discriminação, a intolerância política e religiosa, casos de bullying e o uso excessivo das redes sociais, com acesso dos jovens a conteúdos violentos e inadequados.
Projeto Égide busca saídas para violência escolar
Os dados são de uma ampla pesquisa dentro do contexto da violência escolar, em âmbito local e mundial, realizada pelo Projeto Égide: Experiência e Prevenção da Violência Escolar, elaborado por pesquisadores dos Programas de Pós-Graduação em Direito (PPGD) e em Educação (PPGE) da PUC-Campinas, em parceria com a Prefeitura de Campinas (SP)
O objetivo do projeto, que conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), é estudar e implementar políticas públicas para prevenir a violência em escolas. A iniciada é voltada para os professores, orientadores pedagógicos e diretores educacionais da rede pública de ensino. para encontrar soluções para a questão da violência escolar.
De acordo com o diretor da Faculdade de Direito da PUC-Campinas, Prof. Dr. Lucas Catib de Laurentiis, Égide é a a sigla que significa “Estratégia Integrada contra Incidentes em Escolas”. O projeto surgiu após a ocorrência de uma série de ataques a instituições de ensino ocorridos em todo o Brasil no primeiro semestre do ano passado.
A iniciativa tem como finalidade unir esforços da Guarda Municipal de Campinas, de toda a comunidade escolar e de todas as secretarias e órgãos públicos do município, em especial as de Segurança Pública e Educação, a fim de contribuir com a comunidade ao promover uma cultura de paz, respeito e tolerância nos ambientes escolares, sempre buscando avaliar os impactos e as necessidades deste tipo de política pública”, explicou.
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Parceria da Fapesp para o estudo
Contemplado na primeira chamada de projetos destinados ao Programa de Pesquisa em Políticas Públicas (PPPP) da Fapesp ao lado de outros 69 trabalhos, o Égide surgiu da assinatura, em fevereiro deste ano, de um termo de cooperação entre a PUC-Campinas e a Prefeitura de Campinas.
A partir de então, temos realizado reuniões constantes, seja para alinhar a pesquisa às ações dos agentes públicos, seja para realizar atividades conjuntas, como ocorre com o edital de seleção de professores da rede pública de ensino, que foi construído com estreita relação entre os pesquisadores e os gestores da Secretaria de Educação”, explica o diretor.
Com Assessorias