Adolescente luta pela vida enquanto espera vaga em hospital

Caio, de 15 anos, está em coma após ser atropelado quando ia de bicicleta para a escola por carro ocupado por jogadores de um grande clube de futebol do Rio. Família tenta transferência junto a plano de saúde

Caio com a mãe, Carla: menino está em coma desde o dia 11 após ser atropelado (Foto: Acervo de família)
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Na Páscoa do ano passado, Caio Costa Silva, então com 14 anos, brincava com seu cachorro, usando orelhas de coelhinho, como mostra um vídeo da família. Este ano, o adolescente passou a data entubado e traqueostomizado num leito de terapia intensiva, onde luta pela vida há 13 dias.

Caio foi atropelado no dia 11 de abril na Avenida Salvador Allende, altura do Riocentro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, quando ia para a escola, de bicicleta. Caiu desacordado na hora com uma forte pancada na cabeça e foi socorrido de helicóptero para o Hospital Miguel Couto, de onde foi transferido para o Hospital Juta Batista (antigo Pró Cardíaco Infantil), em Botafogo, Zona Sul.

Desde então está internado em coma. O garoto sofreu dois coágulos no cérebro e ainda não se tem avaliação de possíveis sequelas. Ele passou por uma traqueostomia na quinta-feira (18) e segue em estado grave.

O médico que assiste o adolescente recomendou aos pais sua transferência para uma unidade mais especializada. Segundo a família, o adolescente, que tem 1.75m de altura e pesa 70 kg, não tem condições de continuar num hospital equipado para atender crianças muito pequenas.

A família tenta desde a última quinta-feira (18) uma transferência para o Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, mas o plano de saúde alega não ter vaga de UTI para ele na unidade. Ainda segundo a família, foi oferecida uma vaga em outro hospital conveniado, mas o neurologista que atende Caio diz que lá não teria o tratamento adequado para ele.

Na terça-feira (23), segundo uma amiga da família, Caio apresentou breve melhora e acordou do coma, mas por falta de um aparelho de ressonância no hospital onde é atendido, deverá ser novamente sedado, em coma induzido, para ser transferido até outro hospital de Botafogo onde possa se submeter ao exame.

Atropeladores seriam de time de futebol

O carro que atropelou Caio era ocupado, segundo testemunhas, por jogadores do Fluminense, que estavam uniformizados. A família recebeu informações de que Abel Braga – ex-técnico do clube que era patrocinado pela Unimed – teria tentado interceder para conseguir a vaga no hospital, mas sem êxito.

Por sua vez, em resposta ao ViDA & Ação, o clube  diz que “desconhece qualquer envolvimento de algum funcionário neste atropelamento”. Posteriormente, informou que o condutor do veículo, identificado na 42ª DP (Barra da Tijuca) como Cristiano Pinheiro Barros, não é funcionário do clube.

O Fluminense ainda apura a informação de que ocupantes do carro eram mesmo atletas do time, conforme informaram testemunhas, mas garante que esta informação não foi confirmada pelo delegado Márcio Petra, que investiga o caso.

A família reclama que não recebeu até o momento nenhuma assistência por parte dos atropeladores. Ao contrário, o motorista do carro que atropelou Caio ainda pressiona a família para que pague o custo da franquia do seguro do veículo que ficou danificado no acidente. Alega que o adolescente atravessou a pista e “se jogou” na frente do carro. De vítima, Caio passou a algoz de sua própria tragédia.

Como mãe de adolescente, me coloco no lugar dos pais de Caio, entendendo a sua dor e desespero, e me solidarizo com a família.  Enquanto cobramos solução urgente para o caso, seguimos na torcida para que Caio se recupere logo, deixe rapidamente a UTI e não sofra qualquer sequela deste terrível atropelamento, que não pode, de modo algum, ficar impune.

PALAVRA DO PLANO DE SAÚDE

ViDA & Ação entrou em contato com a assessoria de imprensa da Unimed Rio no final da manhã de domingo (21) e, desde então, aguarda um posicionamento oficial sobre a possível transferência.

Novamente procurada nesta quarta-feira (24), a assessoria da Unimed informou que ainda investiga o caso, mas, informalmente, afirmou que chegou a ser oferecida uma vaga no Hospital da Unimed Rio, logo após o atropelamento, quando Caio ainda estava no Miguel Couto, mas a mãe teria recusado, optando por levá-lo para o Juta Batista.

Quando o estado do menor se agravou na semana passada, a família, então, procurou a Unimed para pedir a transferência para o hospital da Barra, mas não havia mais vaga na UTI daquela unidade. Segundo a operadora, foi oferecida vaga em outros hospitais conveniados – Casa de Saúde São Bernardo e Norte D´Or – mas a família recusou.

A operadora também informou que não recebeu nenhum pedido formal do médico que assiste Caio para sua transferência para o Hospital da Unimed Barra ou outra unidade hospitalar. E disse ainda que e o Juta Batista teria assegurado oferecer o tratamento de que Caio necessita.

Ao ViDA & Ação, a corretora Carla Costa informou que no dia em que Caio foi socorrido, foi informada pela operadora do plano de saúde que o Hospital Juta Batista era o mais indicado para tratamento de crianças e adolescentes. E por isso, autorizou a internação do filho na unidade, mas o local é especializado em Cardiologia infantil e não oferece estrutura para atender pacientes neurológicos.

Atualizado em 24/04/2019, às 12h38

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