Um aluno de 14 anos matou três colegas e tirou a própria vida na tarde desta sexta-feira (18) em Heliópolis, no norte da Bahia. O massacre ocorreu na Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Dom Pedro I, no povoado de apenas 12 mil moradores em Serra dos Correias, no município de Heliópolis, a cerca de 330 quilômetros da capital Salvador, próximo à divisa com Sergipe.
Familiares e amigos se reuniram na tarde deste sábado (19) para se despedir de Jonathan Gama dos Santos, Fernanda Sousa Gama e Adriele Vitoria Silva Ferreira. Os corpos foram velados nas casas das famílias, sob forte comoção da pequena comunidade, acordo com informações da TV Bahia. “É uma dor sem limite, porque a gente não esperava um caso desse. A gente fica até sem palavras”, lamentou o tio de Adriele, uma das vítimas
O adolescente estava na sala acompanhando uma aula de Artes quando levantou-se da carteira, tirou um revólver calibre 38 da mochila e começou a atirar nos colegas aleatoriamente. Testemunhas relataram à direção da escola que ele inicialmente não parecia ter um alvo específico, disparando na direção de todos.
Além da professora, nove alunos estavam na sala. Parte dos estudantes conseguiu escapar. “Estavam fazendo atividade e de repente ele sacou a arma da bolsa e começou a atirar para cima, aí começou todo o terror”, contou a diretora Jinelma Maria dos Santos.
Da minha casa deu para ouvir os disparos e os alunos gritando. Acho que choque é pouco para o que a gente está sentindo porque a gente vê relatos em filmes e outros lugares, mas nunca imaginamos que aconteceria em um lugar pequeno, todo mundo se conhecia, o menino que fez, as vítimas”, contou uma moradora da região.
Ainda não há uma previsão de retorno às atividades, segundo o prefeito do município, José Mendonça Dantas. “Vamos ter uma pausa de uns cinco dias, depois vamos ter todo o trabalho de cuidado com os alunos, os profissionais, os pais, com as famílias envolvidas. Requer um tempo, mas os alunos não podem perder o ano”, informou, ainda emocionado. Mendonça disse, ainda, que não havia reclamação ou alerta sobre o comportamento dos envolvidos na tragédia.
Ministério da Educação oferece apoio psicológico
O ministro da Educação, Camilo Santana, lamentou as mortes e pôs à disposição equipes de atendimento psicológico da pasta. “Liguei para o governador Jerônimo Rodrigues e para o prefeito Mendonça e coloquei o Ministério da Educação à inteira disposição, com envio da equipe de psicólogas especialistas em Psicologia das Emergências e Desastres, que compõem o núcleo de resposta e reconstrução de comunidades escolares após ataques de violência extrema”, postou Santana.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, decretou luto oficial de três dias no estado e determinou rapidez na apuração do caso e ofereceu apoio ao prefeito de Heliópolis, José Mendonça Dantas.
Acabo de receber a triste e lamentável notícia da morte de quatro jovens, estudantes da rede municipal da cidade de Heliópolis. Meus sentimentos a todos os familiares e colegas dos estudantes. Determinei à Secretaria de Segurança Pública a imediata apuração do fato. Já estamos prestando o apoio necessário ao município e ao prefeito Mendonça através da estrutura do governo do estado”, escreveu o governador.
Ex-governador da Bahia, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, manifestou-se sobre o crime. “Neste momento de dor, envio minha solidariedade e orações às famílias e amigos das vítimas, além de toda a comunidade escolar. É devastador pensar nas vidas inocentes que foram interrompidas de forma tão trágica”, escreveu.
Investigação da origem da arma
O Ministério da Justiça informou neste sábado (19) que o Ciberlab (Laboratório de Operações Cibernéticas) auxiliará na investigação do massacre na escola da Bahia. Por meio de nota oficial, o Ministério da Justiça e Segurança Pública lamentou a tragédia e anunciou ajuda na investigação.
O Ministério está em contato com as autoridades locais para prestar todo o apoio necessário para a apuração do caso. Por meio do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), o MJSP auxiliará os investigadores para que os fatos sejam elucidados o mais breve possível”, informou a pasta.
As forças de segurança da Bahia estão investigando a origem da arma que foi usada no ataque. A arma usada no crime já foi recolhida pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT), durante um procedimento inicial no local do crime. O revólver e as munições passarão por perícia. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) diz que outros itens foram encontrados no local e também foram recolhidos, sem precisar quais são.
O delegado Thiago Alves Cunha, que investigar o caso, diz que o pai negou saber onde o adolescente conseguiu a arma. “O depoimento do pai é muito sucinto e ele não traz nenhum detalhe específico sobre isso por enquanto. Ele disse não compreender como esse adolescente, filho dele, teve acesso a essa arma”. A arma tem numeração e a polícia está buscando identificar em nome de quem ela está registrada.
Com informações da Agência Brasil e Correio da Bahia
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