Muitos são os pedidos de doação nos bancos de sangue brasileiros, como temos abordado aqui no ViDA & Ação desde a semana passada, quando iniciamos a série Junho Vermelho, por conta do Dia Mundial do Doador de Sangue (14 de junho). Para além da doação de sangue humano, o que muitas pessoas não sabem é que o gesto também pode salvar a vida dos pets.

Afinal, ninguém está livre de sofrer um acidente ou descobrir uma doença grave, nem mesmo os nossos amados companheiros de quatro patas. Da mesma forma que hospitais e laboratórios solicitam doadores para salvar vidas, os veterinários também fazem parte dessa luta. 

“Se os bancos de sangue para humanos já sofrem com a falta de doadores, imagine a dificuldade em conseguir sangue para os animais”, revela a veterinária Luana Sartori, responsável pela Monello Select.

Por isso, a campanha Junho Vermelho é uma forma de chamar ainda mais a atenção para a data também no mundo animal. Grande parte dos tutores não sabe como funciona esse processo tão importante para salvar vidas nos hospitais veterinários, por isso, alguns mitos são alimentados, aumentando a defasagem de doadores cães e gatos nos bancos de sangue.

“É fundamental que os tutores se informem sobre esse procedimento e contribuam para podermos salvar mais vidas”, pede a especialista. Muitos têm medo porque ainda desconhecem o procedimento. “A ideia de dor e sofrimento para o doador é comum, mas completamente equivocada”, conforme explica ela.

Éverson Paludo, diretor da Virtus – laboratório e banco de sangue de Caxias do Sul, explica que quanto mais pets forem doadores, mais comum será ter disponibilidade de estoque permanente.

“Esse é o mês em que se comemora o Dia Mundial do Doador de Sangue e nós que trabalhamos com isso, claro, sabemos o quão é importante atender a demanda e permitir que esses animais necessitados de sangue sejam atendidos a tempo hábil de salvar suas vidas”, ressalta.

Cães com a doença do carrapato são os que mais precisam de doações

Cada 450 ml de sangue doado por um cão pode salvar outros em situação crítica. Cães vítimas de hemoparasitoses como, por exemplo, a doença do carrapato – que volta a ameaçar com o surto de febre maculosa identificado em São Paulo – e de linfomas são os que mais precisam de doações. No caso dos gatos, a leucemia felina é a principal urgência para bolsas de sangue.

Porém, atropelamentos, cirurgias de emergência, doenças crônicas, como problemas renais e no pâncreas, picadas de cobras, intoxicações também demandam necessidade de transfusões.

Paludo revela que os bancos de armazenamento para animais costumam ficar vazios em alguns períodos como verão, por exemplo, que é quando as pessoas saem de férias e deixam de levar os animais para doação. Além disso, neste período, as hemoparasitoses aumentam muito, triplicando a demanda por bolsas de sangue.

“Estamos falando de salvar vidas de fato, visto que a falta de bolsas de sangue é fator decisivo na vida ou morte de um paciente que precisa de ajuda”, ressalta ele.

A médica acrescenta ainda que a atitude é uma forma também de ajudar animais abandonados e resgatados da rua com necessidade de transfusão de sangue. “Além disso, a gente nunca sabe quando nosso pet vai precisar de uma intervenção mais séria, por isso, fazer a nossa parte é uma obrigação necessária para o bem de todos eles”, conclui.

Entenda o processo de doação de sangue pet

Éverson Paludo, diretor do laboratório e banco de sangue de Caxias do Sul, explica que em geral, o processo é muito parecido com o realizado em seres humanos e é extremamente seguro para o cão ou gato doador.

O processo de doação para os pets dura cerca de 15 minutos e não possui contraindicação. Para que a doação seja possível, os doadores passam por exames físicos e hematológicos de triagem e, após a doação, podem seguir suas atividades normalmente.

No caso dos felinos, é preciso ter mais de 4kg, idade entre 1 e 7 anos e não ter passado por transfusão ou procedimento cirúrgico recente. Além de estarem em bom estado de saúde e com uma boa alimentação, os gatinhos também precisam ter a vacinação e a vermifugação atualizadas.

Após uma tricotomia, que significa a retirada dos pelos na região de coleta e, claro, antissepsia do local, o sangue é coletado diretamente na bolsa apropriada, sob constante agitação para homogeneizar e evitar a formação de coágulos.

Paludo conta ainda que se o tutor preferir, pode ser feita a sedação do pet. “Como o incômodo é pequeno se comparado com a grandiosidade do ato e rapidez do mesmo, administrar sedativos é uma opção somente para os animais realmente muito agitados, que não ficam quietos por um tempo de 15 ou 20 minutos, diz.

Quais pets podem ou não podem doar

Os doadores de sangue com histórico de doenças infecciosas ou que tenham recebido transfusão não podem doar, como explica a veterinária Luana. “Alguns requisitos são necessários para que o procedimento possa acontecer. Entre eles, o peso ideal, a idade recomendada e a condição de saúde do pet”, completa.

Os cachorros que podem doar possuem idade entre 1 e 8 anos, peso mínimo de 27 kg e devem estar com vacinação e vermifugação atualizadas, controle de carrapatos e pulgas em dia e, preferencialmente, devem ter comportamento tranquilo. Para o caso das fêmeas, é proibida a doação se estiverem prenhes ou no cio.

Todos os animais passam por criteriosos  exames clínicos e laboratoriais, momentos antes da coleta das bolsas de sangue, visando assim atestar a saúde do doador de sangue. Os mesmos requisitos são obrigatórios para felinos doadores. Porém, os gatos devem ter entre 1 e 7 anos e peso mínimo de 4 kg.

Outra grande dúvida dos tutores é sobre a tipagem dos pets, mas Luana esclarece que o processo de transfusão precisa ser entre animais de mesma espécie, independente da raça.

“Enquanto nós, humanos, temos sangues dos tipos A, B, AB e O, os gatos contam com três tipos sanguíneos e os cães possuem 13. É essencial que o veterinário responsável pelo procedimento avalie criteriosamente esses precedentes antes de realizar a transfusão sanguínea”, esclarece.

Para os tutores que desejam tornar seus pets doadores de sangue, Luana recomenda que procurem um veterinário de confiança para essa indicação. “Não é difícil encontrar um animal que esteja precisando de doação, menos ainda uma clínica ou laboratório que faça com segurança esse procedimento”, diz.

Leia mais

Animais de estimação também podem contrair febre maculosa
Doar sangue é seguro? 12 mitos e verdades sobre esse ato que salva vidas
40% dos pets convivem com a obesidade: ômega 3 pode prevenir
Doação de sangue independe de orientação sexual
Pets também podem desenvolver doenças mentais
Vai doar sangue pela primeira vez? Tire as principais dúvidas

Agenda Positiva

Campanha Doe Amor

Kelly Carreiro, médica veterinária da Special Dog Company, explica que a doação de sangue entre felinos é rara, e, por isso, há ainda mais necessidade de falar sobre o assunto, romper mitos e estimular tutores.

“A doação é um ato de amor e é extremamente necessária também entre os pets, que precisam da transfusão em diversos casos, como atropelamento, cirurgia, doença do carrapato e câncer. Falar sobre esse assunto em uma plataforma como a VetSmart é muito importante, já que estaremos em contato direto com veterinários, estudantes de medicina veterinária e tutores de toda a América Latina”, destaca.

Pensando em disseminar ainda mais o conhecimento e importância desse assunto, a Special Dog Company promove a campanha “Doe Amor”, com o objetivo de ampliar conhecimentos e estimular profissionais a realizar de forma ética e segura.

Na terça-feira, 13 de junho, a empresa realizou a palestra “Transfusão em felinos: procedimentos e precauções”, com a médica veterinária Luciana de Almeida Lacerda, embaixadora do tema, com transmissão pela plataforma VetSmart e pelo Youtube.

 

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!
Shares:

Related Posts

1 Comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *