Por Helen Mavichian*
Quando uma criança ou um adolescente é reprovado na escola, tanto ele como sua família vivenciam um mix de emoções. Surge um sentimento de culpa, decepção e frustração dos pais e de todos os adultos que participam de sua educação. Isso acontece porque a repetência evidencia o resultado final de um ano letivo inteiro e, muitas vezes, dá luz a dificuldades de aprendizado e questões emocionais que podem não ter recebido a devida atenção ao longo dos meses.
Para evitar que isso aconteça, os pais precisam estar atentos e identificar os atrasos escolares a tempo de buscar ajuda para o filho superar suas dificuldades. Mas, se mesmo assim, a triste notícia da reprovação chegar, é importante que os adultos responsáveis conversem com a criança ou adolescente para entender os motivos que a fizeram reprovar e para que se sinta capaz de superar esses obstáculos no próximo ano letivo. O apoio dos pais é fundamental nesse momento.
As razões que levam as crianças a repetir de ano são diversas. Podem trazer à tona dificuldades de aprendizagem, bullying, problemas familiares ou até mesmo a didática usada pelos professores na sala de aula. Entender o que aconteceu é o melhor caminho para que essa situação não se repita e a criança não fique desmotivada com os estudos.
Quando uma criança ou um adolescente é reprovado na escola, ele se sente muito mal, por isso, criticar ao invés de apoiar só fará com que o seu filho se sinta ainda pior. O apoio deve surgir por meio da família, porém, a escola também precisa compreender o que acontece e por que o estudante não rendeu como esperado.
O diálogo saudável, portanto, é o segredo. Para encontrar a causa da reprovação escolar, é preciso que a família converse com o estudante de forma amigável. Depois que ele repetir de ano, de nada adiantará gritar, ofender ou castigar. Castigo e punição não são capazes de ensinar a criança a lidar com a situação. É importante que ele viva as consequências e, no caso, a reprovação já é a consequência do seu baixo rendimento escolar, seja ele por qual motivo for, afinal ninguém gosta de repetir de ano.
Ao desenvolver um diálogo saudável, a família poderá identificar o que houve com a criança, o que ela acredita que a levou a reprovar de ano, e juntos, podem encontrar um caminho para resolver a questão. Por outro lado, a causa da repetência muitas vezes dá sinais ao longo do período escolar, logo é essencial que os pais não ignorem as dificuldades mostradas pelos filhos e as investiguem em tempo. Compreendendo assim se são dificuldades cognitivas, na aquisição da aprendizagem, emocionais ou de comportamento.
Outra medida importante, após a reprovação de ano, é acompanhar o desenvolvimento e o aprendizado da criança de perto. Dessa forma, além de professores particulares, reforço escolar ou estudar junto para as provas, pode ser interessante contar com o apoio de um psicólogo capaz de auxiliar a criança e/ou adolescente em suas questões emocionais.
Avaliação psicológica e psicopedagógica pode ajudar
Uma avaliação psicológica e psicopedagógica pode auxiliar a descobrir as causas e a desenvolver estratégias para superá-las. Encontrar a causa não significa encontrar um culpado, mas prover alternativas para encontrar uma solução. Com isso, convém também avaliar se o método de ensino da escola se adequa às necessidades ou características da criança ou do adolescente e até se é o caso de mudar de escola, após um episódio de repetência.
Por fim, desenvolver novos hábitos e estabelecer uma rotina organizada devem também entrar na lista das coisas que podem colaborar para que o ano letivo seguinte seja mais acolhedor e tenha outro resultado. Vale lembrar também que toda criança e adolescente precisa de momentos de lazer e descontração.
Assim, não deixe de passear com o seu filho e permitir que ele tenha momentos de descanso durante as férias. Lembre-se de que isso o auxiliará a fixar o conhecimento absorvido na sala de aula. Fazer com que ele repita os exercícios durante as férias irá tirar dele esse momento de descanso e lazer.
* Helen Mavichian é psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É graduada em Psicologia, com especialização em Psicopedagogia. Pesquisadora do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Possui experiência na área de Psicologia, com ênfase em Neuropsicologia e avaliação de leitura e escrita.