Erradicar transmissão do HIV de mãe para filho ainda é desafio

Projeto Criança Aids vai a estações do metrô e trem de SP conscientizar a população quanto à transmissão vertical do HIV em crianças

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Dados de um relatório sobre o HIV/AIDS da Unicef de 2020, apontam que o número estimado de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos vivendo com HIV no mundo foi de 2.78 milhões. O mesmo relatório indica que 150 mil crianças entre 0 e 9 anos foram infectadas no mesmo período.

No Brasil, em 2020 foram registrados 177 casos de HIV em crianças com menos de 5 anos, e em 2021 o registro foi de 74 casos segundo os indicadores do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) do Ministério da Saúde.

Essa queda do número de casos de HIV em crianças é reflexo das políticas públicas para o combate ao HIV, que são estabelecidas pelas esferas federal, estadual e municipal e têm como objetivo o cumprimento dos protocolos de prevenção vertical do HIV.

Transmissão Vertical e Protocolo de Prevenção

A transmissão vertical do HIV é a forma de transmissão de mãe para filho, e pode acontecer através da gestação, no momento do parto ou pelo aleitamento materno. Segundo a infecto pediatra Daniela Vinhas Bertolini, a chance de transmissão vertical do HIV gira em torno de 0-3% quando o protocolo de prevenção da transmissão é realizado.

“Se a carga viral da gestante for indetectável de forma mantida e contínua, a transmissão do HIV é extremamente improvável, desde que haja o cumprimento de todas as etapas do protocolo”, explica a médica.

O protocolo de prevenção nada mais é do que um conjunto de normas determinadas pelo Ministério da Saúde, adotadas para gestante e bebê. Ele compreende o uso do antirretroviral para todas as gestantes, independente da situação clínica e, portanto, até mesmo às mulheres assintomáticas, que devem usar o antirretroviral, a ser introduzido o mais precocemente possível.

Além disso, a carga viral deve ser indetectável durante toda a gestação e no momento do parto. Importante também escolher o parto mais adequado, há casos em que é necessário o uso de zidovudina, uma medicação antirretroviral que ajuda a controlar a infecção e auxilia no melhor funcionamento do sistema imunológico. Todos os recém nascidos expostos ao vírus devem fazer uso do antirretroviral por 28 dias, independente da situação clínica, e há, também, a contraindicação do aleitamento materno.

Dra. Daniela ainda ressalta a importância da realização do pré-natal regularmente para todas as gestantes. Ela indica também que todas as mulheres que não vivem com HIV/AIDS, façam testagens regulares e/ou uso da PrEP durante o aleitamento para evitar a contaminação do bebê.

Apesar de ser muito mais controlado hoje em dia, ainda não há a erradicação da transmissão vertical do HIV, que muitas vezes acontece por falhas de pré-natal, seja da própria paciente ou da falha programática do sistema de saúde.

Tratamento do HIV em crianças

“A criança que vive com HIV necessita de seguimento médico especializado por toda vida com o infectologista”, diz a infectopediatra, que explica também que uma criança HIV positiva será medicada desde o nascimento ou a partir do seu diagnóstico, e que não deve haver nenhuma interrupção das medicações.

“A criança também deve fazer exames com periodicidade e, caso não se trate, pode adoecer gravemente. Toda criança que se trata corretamente tem uma expectativa e qualidade de vida normal, porém sempre lidará com questões como estigma, discriminação, manter a doença em segredo etc., questões que sempre aparecem após a revelação diagnóstica”, comenta a especialista.

A médica, que atua no atendimento das crianças e adolescentes assistidos pelo Projeto Criança Aids (PCA), diz que o papel da sociedade é aceitar com amor as pessoas que vivem com HIV, sem julgamentos ou preconceitos. “Entender que são pessoas e cidadãos como qualquer outro, devendo incluí-los na sociedade para que tenham as mesmas oportunidades do restante da população”, conclui.

Para Adriana Galvão Ferrazini, presidente do PCA, o acompanhamento dos entes queridos pode fazer a diferença na vida de uma família que tem membros que vivem com HIV/AIDS.

“Temos casos de famílias que nós acompanhamos em que um filho de pais que vivem com HIV/AIDS não foi infectado durante a gestação e nem no momento do parto”, conta Adriana. E completa: “A família instruída pela equipe multidisciplinar parceira do Projeto, ao ser acolhida, pode ter o seu futuro transformado”.

Agenda PCA

Neste Dezembro Vermelho, mês de Luta Contra o HIV, o PCA estará, em parceria com a Via Mobilidade, responsável por levar informação sobre a Transmissão Vertical e o HIV em Crianças nas linhas 4 e 5 do metrô de São Paulo e 8 e 9 do trem metropolitano, bem como para ofertar o autoteste de HIV para os usuários das estações.

Além das campanhas nas estações, o Projeto também irá promover uma palestra de conscientização na sede da Cruz Vermelha, em 14 de dezembro, para os funcionários da instituição.

Abaixo, confira a agenda do PCA durante o Dezembro Vermelho:

  • 06/12 – Estações Santa Cruz (Linha 5 – Lilás) – R. Domingos de Morais, 2564 – Vila Mariana
  • 13/12 – Pinheiros (Linha 9 – Esmeralda); R. Capri, 145 – Pinheiros
  • 14/12 – Palestra na Cruz Vermelha para funcionários da instituição
  • 20/12 – Luz (Linha 4 – Amarela); Praça da Luz, 1, Luz

Sobre o PCA

O Projeto Criança Aids (PCA) é uma Organização Não Governamental (ONG) sem fins lucrativos que atende famílias em vulnerabilidade psicossocial responsáveis por crianças e adolescentes vivendo e convivendo com HIV/AIDS.

O PCA atua desde 1991 no auxílio e no resgate da dignidade das crianças e seus familiares. As assistentes sociais do Projeto visitam regularmente as casas de todas as famílias responsáveis para conferir a frequência escolar, condições de saúde e moradia, além de ofertar cestas básicas mensais com produtos de higiene pessoal, limpeza doméstica e alimentos.

Atualmente, o Projeto atende cerca de 40 crianças, propiciando acolhimento e reflexão voltadas para o resgate psicossocial e educativo realizados por equipe interdisciplinar composta por: psicólogo, assistente social, farmacêutica, enfermeira, pedagoga, psicopedagoga e estagiários das áreas afins.

 

 

 

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