Mais tolerância, solidariedade e empatia para o novo ano

Será que a sociedade está preparada para fraternidade e empatia durante todos os dias do ano? Veja alguns preconceitos que ainda assustam

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Todo final de ano, as pessoas tornam-se mais solidárias e fraternas. O espírito natalino costuma deixar as pessoas mais empáticas, um comportamento que se repete há milhares de anos.

Uma pesquisa publicada na revista científica Journal of Experimental Social Psychology, em 2013, analisou 27 estudos que exploram as ligações entre generosidade e felicidade. O relatório concluiu que, em geral, há uma ligação significativa entre os dois.

Além do ato de doar, mesmo que por um período curto durante as festividades, há uma associação à melhoria da saúde mental e física das pessoas. Um outro estudo publicado no PNAS revelou que a caridade ativa regiões do cérebro quando envolve recompensas, seja ao doar tempo ou presentes.

Será que a sociedade está preparada para fraternidade e empatia durante todos os dias do ano?

Preconceitos de diversos tipos: gordofobia também oprime

Segundo dicionário Oxford Languages, preconceito é definido por “sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância.”

São diversos os tipos de preconceitos sofridos pela população, os mais comuns são racial, social, religioso, quanto à orientação sexual, de gênero, linguístico e cultural. Mas também há preconceitos pouco relatados e que acarretam problemas e inseguranças em quem sofre.

Um exemplo é a gordofobia, definida como o ódio, a rejeição e a violência enfrentados por pessoas obesas devido ao seu peso. A jornalista Karolina Santos conta como é conviver com isso.

“Sou obesa desde sempre e o preconceito me acompanha desde então. Vestir roupas desconfortáveis, enfrentar assentos apertados em teatros, cinemas, aviões e sentir olhares de desdém ao entrar em restaurantes ou lanchonetes são apenas alguns dos inúmeros desafios que a obesidade traz”, diz ela.

Para Karolina, não se trata de “romantizar” a obesidade, mas sim de ter empatia por uma doença – sim, uma doença – crônica, limitante e repleta de obstáculos. “Sem dúvida, a maior barreira que enfrento é a psicológica. Lutar diariamente contra as adversidades causadas pela obesidade, somando-se ao desequilíbrio psicológico provocado pelas pessoas, é uma batalha constante e interminável”.

Intolerância religiosa cresceu 173% nos últimos 3 anos

De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, “reiterar o respeito a todas as expressões de fé e fazer valer a laicidade do Estado brasileiro são compromissos do Poder Executivo”. No entanto, nos últimos três anos a intolerância religiosa cresceu em 173% no Brasil, conforme dado divulgado pelo Observatório das Liberdades Religiosas, com apoio da Unesco.

“As leis precisam ser fortalecidas para que a intolerância religiosa pare de crescer aqui no Brasil. É preciso ser mais severo com quem pratica esse crime. Hoje as comunidades religiosas de matriz africana continuam sendo as mais perseguidas, as que mais sofrem com a intolerância. Essa é uma pauta importante que precisa ser discutida pelo Poder Executivo mas, infelizmente, a realidade é outra”, lamenta Tata Jerdam de Matamba, da Nação Angola.

“Temos governantes que são fanáticos religiosos e estão no poder, que nos excluem e ainda incentivam pessoas a continuarem praticando esse crime. Atualmente, até em aplicativos de transportes sofremos com intolerância e discriminação, onde quem usa turbante na cabeça e colar no pescoço sofre humilhação e até mesmo violência de motoristas que não têm nenhum preparo e respeito com o nosso povo, com o nosso Sagrado”, comenta. “Esse crime precisa ser combatido, urgente. Ele vem, na atualidade, destruindo não só vidas e famílias, mas também tradições e histórias.”

Casos de racismo aumentaram em 67%, maioria no RJ e PR

Casos de racismo também aumentaram em 67% de acordo com registros da Polícia Civil. Rio de Janeiro e Paraná, são os estados que mais registraram denúncias.

“O racismo não é nada mais do que o medo do diferente e do desconhecido. A Ideia de pré-conceito – ou seja, um conceito ou uma ideia prévia, sem conhecer e pessoa; exemplifica bem a ideia do tacismo. Se trata de uma generalização, onde, o simples fato da pessoa ter uma determinada cor de pele, raça, ideologia ou opção sexual, significaria que ela é “algo” em geral pejorativo”, afirma Artur Gomes, psicólogo.

Ele faz uma comparação simples: “Quando dizemos por exemplo “nenhuma homem presta”, nesta generalização estamos descartando inúmeros homens sinceros e honrados, sem tentar conhecê-los.

E como se vence o preconceito? Simples, trocando-o pelo “conceito”.

“Quando se conhece mais pessoas diferentes, percebemos no final das contas que elas não são tão diferentes de nós, e passamos a ter uma ideia mais verdadeira sobre aquele grupo, e assim, com uma ideia ou “conceito” mais realista podemos perceber que esse grupo antes diferente, na verdade é bem mais parecido conosco do que imaginamos”, completa o psicólogo.

Denúncias de homofobia aumentaram 90% no primeiro semestre

Para o público LGBTQIAPN+, o ano de 2023 também foi de retrocesso. Além dos diversos casos de homofobia, no primeiro semestre as denúncias no país aumentaram 90,27% em comparação ao ano anterior segundo o Painel de Dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, foi também pautado pelo projeto de lei que proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Para Artur Gomes, a discriminação contra a comunidade LGBTQIAPN+ surge da suposta ameaça que eles representam e o medo do diferente e do desconhecido. Segundo ele, o preconceito, assim como no caso do racismo, baseia-se em generalizações, onde características como orientação sexual pode representar erroneamente promiscuidade e ameaça a valores morais.

“Esta ameaça não corresponde a realidade, já que segundo a ONU, tal comunidade não passa de apenas 3% da população mundial. Trata-se de ‘uma minoria esmagadora’. Ao desafiar estereótipos e interagir com membros desta comunidade, percebemos que a chave para vencer o preconceito está na promoção da empatia, no diálogo aberto e na valorização da diversidade, permitindo quebrar barreiras e construir uma sociedade mais inclusiva”, afirma o psicólogo.

Por um 2024 com mais fraternidade e empatia

“Ao iniciar cada dia elevando nossos pensamentos e programando positivamente nossa energia, percebemos que as palavras têm um poder transformador. Repetir constantemente ‘Eu posso, Eu quero, Eu tenho, Eu consigo’ não apenas são expressões, mas verdadeiras chaves de poder que modificam nossa vida”, diz a terapeuta Cristina Romagnoli.

Para ela, essas palavras não só nos impulsionam em direção aos nossos objetivos, mas também reprogramam nosso cérebro, trazendo prosperidade e uma nova perspectiva. “Falar essas afirmações todos os dias é mais do que um hábito, é uma mudança literal em nossa vida. Então, vamos escolher ser felizes e conscientemente moldar nosso destino?”, desafia.

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