Sinal de alerta para dor nas costas que persiste há mais de três meses

Espondilite Anquilosante causa dores intensas na coluna e nádegas. Doença crônica e autoimune atinge mais homens jovens. Saiba mais

Daniel Gramignoli, ex-atleta de vôlei, sofre com a espondilite anquilosante (Foto: Divulgação)
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Se você sofre de dor nas costas há mais de três meses é bom procurar um reumatologista. O problema pode ser causado por Espondilite Anquilosante, uma doença crônica e autoimune que normalmente atinge jovens do sexo masculino, na faixa etária dos 17 aos 37 anos, logo, no auge da idade produtiva. Como aconteceu com o ex-jogador da seleção brasileira de vôlei masculino Daniel Gramignoli.
Trata-se de uma inflamação nas vértebras e articulações, principalmente da coluna e região lombar, que também pode atingir as articulações presentes na região das nádegas. As dores intensas e a rigidez muscular causadas pela doença são piores após repouso, principalmente pela manhã, e melhoram com atividades físicas. Para se ter uma ideia do seu impacto, a EA pode causar a perda de até 46 dias de trabalho no ano, uma taxa três vezes maior que a da população em geral.
Sem um teste específico, muitas vezes o diagnóstico é tardio. O diagnóstico conclusivo pode levar anos, ocasionando perda na qualidade de vida para os pacientes. Dados divulgados pelo Hospital das Clínicas de Belo Horizonte, em Minas Gerais, demonstraram que ainda há atraso de 6,9 anos no diagnóstico dessa enfermidade, o que pode levar a um desfecho indesejável, como sequelas irreversíveis ocasionadas por anquilose associada à progressão da doença.
Sem a correta identificação e tratamento, a doença se caracteriza por ser progressivamente incapacitante com limitação dos movimentos pela rigidez das articulações, impedindo os pacientes de caminhar de forma ereta e até mesmo de dormir ou ficarem deitados.

A importância do diagnóstico precoce

Dessa forma, por apresentarem sintomas físicos fortes, dificuldade em realizar as tarefas do dia a dia e pelo sofrimento crônico, pacientes que não receberam o diagnóstico precoce podem desenvolver concomitantemente doenças psiquiátricas, como ansiedade e depressão, que necessitam de intervenção, para o suporte do tratamento a longo prazo.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado têm o poder de reduzir os impactos negativos na vida do paciente. Além dos sintomas, que podem ser incapacitantes, o diagnóstico da doença, comumente confundida com uma dor nas costas comum, é outro desafio.
O reumatologista é o profissional capacitado para realizar o diagnóstico precoce e acompanhamento do quadro. A doença é diagnosticada a partir da identificação de um conjunto de sinais e sintomas em exames clínicos e análise do histórico do paciente, com o auxílio de exames de imagem (radiografia e ressonância magnética) e também exames laboratoriais que auxiliam na investigação, como o HLA-B27.

“Pacientes em estágios iniciais da EA apresentam sintomas clínicos da doença, porém geralmente não demonstram alterações estruturais em radiografias, sendo necessário, algumas vezes, solicitação de exames de alta complexidade como ressonância magnética”, explica Jamille Nascimento Carneiro, presidente da Sociedade de Reumatologia de Brasília.

Tratamento inclui corticoides e imunobiológicos

O tratamento medicamentoso da EA inclui anti-inflamatórios não esteroidais, glicocorticoides e medicamentos modificadores do curso da doença e medicamentos biológicos, disponíveis no SUS em segunda linha. Os objetivos do tratamento e papel dos imunobiológicos bem como das demais drogas são reduzir os sintomas, manter a flexibilidade axial e a postura, reduzir as limitações funcionais, manter habilidade laboral e reduzir complicações associadas à doença.

De acordo com a responsável pelo ambulatório de espondiloartrites do HSPE, Sonia Loduca, a espondilite anquilosante é uma doença reumática que pode começar com sintomas leves num primeiro momento. “Às vezes, os primeiros sintomas são uma dor lombar ou nas juntas. Esse desconforto, muitas vezes, é deixado de lado ou mascarado pela automedicação, o que torna mais longa a procura pela assistência médica provocando o agravamento da doença”, enfatiza.

A reumatologista Rina Dalva Giorgi do HSPE explica que a espondilite é crônica e que, apesar de não ter cura, pode ser tratada para que os efeitos da inflamação possam ser minimizados. “O uso correto de anti-inflamatórios e a prática regular de exercícios físicos reduzem as dores e aumentam a qualidade de vida desses pacientes”, explica a médica.

5 curiosidades sobre a Espondilite Anquilosante

O dia 7 de maio marca o Dia Mundial da Espondilite Anquilosante. Para ampliar o conhecimento sobre a doença, confira cinco curiosidades sobre a EA:

1. Quando a dor nas costas é frequente, fique atento (a).

A dor nas costas afeta 8 a cada 10 pessoas em alguma fase de vida3. Dor nas costas que melhoram com exercícios físicos e pioram no descanso é um sintoma da espondilite anquilosante.

“Na EA, a inflamação é caracterizada por dor nas costas, rigidez e desconforto crônico nesta região. Além de dor nas costas matinal ou após períodos de repouso, a espondilite pode causar dores nos quadris, nas nádegas e na parte de trás da coxa”, explica o reumatologista Tatiana Karenini Muller.

2. Uma doença crônica de origem genética

A EA é causada pelo sistema imunológico do próprio organismo, sendo provável o envolvimento de fatores genéticos e, portanto, hereditários.

Os sinais e sintomas da EA geralmente começam no final da adolescência ou início da idade adulta (entre 17 e 35 anos de idade), e muitas vezes ocorrem em pessoas da mesma família. “Além disso, a EA é uma doença que atinge mais homens do que mulheres”, complementa Tatiana.

3. Consulte um reumatologista

“A espondilite anquilosante pode ser difícil de diagnosticar. Isso porque as alterações no RX, que é o exame principal para diagnóstico, só acontecem após anos de evolução da doença. Além disso, muitas pessoas com EA acham que a dor nas costas que sentem se deve a algum tipo de tensão física no local”, conta Tatiana.

Reumatologistas são a especialidade médica para diagnosticar e tratar distúrbios que afetam as articulações, músculos, tendões, ligamentos, tecido conjuntivo e ossos. Portanto, os mais indicados para dar o diagnóstico de espondilite e seu tratamento.

4. Não há cura, mas existem tratamentos disponíveis no Brasil

Ainda não existe cura para espondilite anquilosante, mas a boa notícia é que há tratamentos e medicamentos disponíveis para reduzir os sintomas e controlar a dor. Atualmente, existem medicamentos que podem inclusive retardar a progressão da doença.

“Pessoas diagnosticados precocemente podem iniciar o tratamento antes que a doença tenha progredido, permitindo manter a flexibilidade e o movimento das articulações. O atraso no diagnóstico pode levar à incapacidade permanente de executar tarefas diárias”, alerta a médica.

5. Consulta pública do Sistema Único de Saúde discute ampliação de biológicos

No sistema único de saúde, o SUS, o protocolo clínico de diretrizes técnicas da doença inclui o fornecimento de medicamentos anti-inflamatórios1 e, quando em falha, medicamentos biológicos podem ser indicados para os pacientes. Os biológicos atuam na inibição das proteínas que promovem a inflamação.

Aplicativo ajuda no diagnóstico

Para ajudar no diagnóstico da doença, em 2021 a Sociedade de Reumatologia de Brasília (SRB) e a Novartis lançaram o Shortway, web aplicativo que ainda orienta o paciente, caso este apresente sintomas condizentes com a EA, a procurar o médico mais próximo de sua residência. O questionário, que pode ser respondido em menos de 30 segundos, pode ser acessado aqui. Além disso, o QR code que dá acesso ao formulário elaborado exclusivamente para a população de Brasília está disponível no site da SRB.

Com Assessorias

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