Popularmente conhecido como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo. Um recente estudo da The Lancet Neurology, mostrou que os óbitos causados pelo AVC devem aumentar 47% nos próximos anos, passando de 6,6 milhões em 2020, para 9,7 milhões em 2050.
Os pesquisadores também perceberam que durante o período analisado pelo estudo, as mortes pela condição aumentaram 40%, enquanto sequelas ligadas ao derrame cresceram 32%. Os óbitos causados devido ao AVC ainda figuram entre as principais causas de morte em muitos estados do Brasil. Em 2024, os AVCs foram a causa de 39.346 mortes, segundo dados do Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil, entre janeiro a setembro deste ano.
O derrame cerebral sempre foi uma das principais causas de morte em nosso país, a doença é uma das mais recorrentes razões de sequelas e incapacidade. Por ser mais recorrente em idosos, as pessoas acham que os jovens estão livres de sofrerem um derrame, mas o que temos visto na prática clínica foi um grande aumento de casos”, comenta Vanessa Milanese, diretora da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN).
Mesmo quando há recuperação, o paciente pode apresentar sequelas graves, irreversíveis e, muitas vezes, incapacitantes, como perda motora, de memória, de fala e deglutição. Por isso, a especialista destaca que o diagnóstico precoce é fundamental para o devido tratamento e qualquer sintoma atípico deve ser investigado o mais rápido possível.
Ter um estilo de vida mais saudável, praticar atividade física, não fazer uso de tabaco, evitar uso de drogas e controlar a diabetes pode ajudar a reduzir em até 80% as chances de um problema nesse sentido. “, finaliza a neurocirurgiã.
Se os sintomas mencionados acima surgirem repentinamente, o ideal é buscar ajuda médica especializada o quanto antes. Quanto mais rápido o atendimento for realizado, menores são os danos e maiores as chances de uma boa recuperação.
Reabilitação pós-AVC é sempre personalizada
Segundo a neurocientista Carolina Souza, e pesquisadora do Hospital das Clínicas e do grupo de distúrbios de movimentos da Faculdade de Medicina da USP, a reabilitação das sequelas de um AVC é sempre um processo personalizado, variando de acordo com a gravidade do AVC e as áreas do cérebro afetadas.
É um processo multifacetado que visa ajudar o paciente a recuperar o máximo possível das funções perdidas ou comprometidas pelo derrame”, afirma a neurocientista. . De acordo com a Dra Carolina Souza, para ampliar as chances de melhora, o ideal é que o processo de reabilitação comece de forma precoce.
As chances de melhora das sequelas de um AVC variam amplamente de acordo com diversos fatores, incluindo a gravidade do acidente vascular cerebral, a área do cérebro afetada, o tempo de início do tratamento e a individualidade do paciente.
Novidade nos tratamentos indicados pós-AVC
Os tratamentos para minimizar as sequelas incluem fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. A fisioterapia é fundamental para restaurar a mobilidade e fortalecer os músculos, enquanto a terapia ocupacional ajuda os pacientes a “readquirirem” habilidades para atividades diárias.
Já a fonoaudiologia foca na recuperação da fala e da deglutição. Além dessas terapias, medicamentos para prevenir novos AVCs e terapias psicológicas também são essenciais para a reabilitação.
Um tratamento que vem se destacando devido aos seus resultados eficazes, principalmente para a reabilitação motora e cognitiva é a neuromodulação não invasiva. As duas técnicas mais comuns são: Estimulação Magnética Transcraniana (TMS) que utiliza campos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro, ajudando na recuperação motora ou cognitiva e a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (tDCS) que envolve a aplicação de correntes elétricas fracas para modular a excitabilidade neuronal, facilitando a recuperação de funções.
Segundo os guidelines internacionais, o tratamento de reabilitação de sequelas do AVC com a neuromodulação não invasiva possui nível de evidência A nos primeiros 6 meses de tratamento (fase sub-aguda) e depois caí para B, ou seja, provavelmente eficaz, para casos crônicos”, conta a neurocientista especializada em reabilitação motora e cognitiva.
Leia mais
AVC: Estado do Rio pode ganhar sua primeira ‘cidade angel’
SUS inclui novo tratamento para AVC isquêmico grave
Conheça os principais exames para diagnóstico do AVC
Vida pós-AVC: 7 entre 10 não têm acompanhamento adequado
Agenda Positiva
Rio faz seminário de capacitação e lança nova linha de cuidados para o AVC
Nesta terça-feira, 29 de outubro, Dia Mundial do AVC, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) lançará a nova Linha de Cuidado do Acidente Vascular Cerebral na cidade do Rio de Janeiro. Essa estratégia visa diminuir a mortalidade e complicações do AVC, assegurando atendimento ágil e qualificado desde o primeiro contato com o sistema de saúde, ainda na Atenção Primária, até níveis mais especializados, incluindo emergências e reabilitação.
A iniciativa promove a formação contínua dos profissionais de saúde para reconhecerem rapidamente sinais de um AVC e agirem para salvar vidas, como o uso de medicamentos específicos em casos agudos. O objetivo é otimizar o atendimento, melhorar o tempo de resposta e garantir que os pacientes recebam tratamento integrado eficiente, do diagnóstico à recuperação.
O lançamento ocorrerá durante um fórum municipal sobre o tema no Auditório Ivo Pitanguy, no Hospital Municipal Souza Aguiar. O evento faz parte do programa de capacitação continuada dos profissionais da rede municipal de saúde e contará com a participação de um paciente e de médicos que tiveram casos de sucesso na assistência ao AVC. Um atendimento ágil e qualificado desde o primeiro atendimento pode reduzir a mortalidade e as complicações causadas pelo AVC.
A conscientização sobre os sinais do acidente vascular cerebral e sobre a importância de buscar cuidados de emergência aos primeiros sintomas é fundamental para garantir o cuidado no tempo certo, salvando vidas e minimizando sequelas”, afirma o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
Ainda, durante a programação, que acontecerá das 9h às 14h, haverá pontos para aferição de pressão arterial e testes de glicemia para visitantes e funcionários do hospital, além da distribuição de cartilhas informativas. O evento tem parceria com a farmacêutica Boehringer Ingelheim, produtora dos medicamentos usados no tratamento de casos agudos de AVC.
Em live, especialistas debatem novas abordagens no suporte ao AVC
Na véspera do Dia Mundial do AVC, a Biologix, healthtech especializada em medicina do sono, e o Instituto Avencer, dedicado a pesquisar e difundir a Reabilitação Neurocognitiva Perfetti no Brasil, se unem para realizar uma live no Instagram, com o objetivo de discutir como empresas e profissionais de saúde estão transformando o suporte a pacientes com AVC no Brasil.
A live acontece dia 28 de outubro, às 17h30 e aborda temas essenciais, como a relação entre apneia do sono e o risco de AVC, o potencial de recuperação com a reabilitação Perfetti, além de debater questões acerca de medidas preventivas para pacientes que já passaram pelo AVC.
A iniciativa conta com a participação de Dr. Geraldo Lorenzi Filho, pneumologista e diretor médico da Biologix, e de Mara Melo, diretora vlínica e fisioterapeuta do Instituto Avencer. A discussão visa conscientizar o público sobre os avanços no tratamento e na prevenção da doença, abordando como práticas inovadoras e tecnológicas podem melhorar a recuperação e qualidade de vida dos pacientes.
A live será transmitida pelos perfis do Instagram das empresas participantes e é aberta ao público em geral, sendo uma oportunidade para médicos, pacientes e interessados no tema conhecerem mais sobre prevenção, cuidados e novos métodos de reabilitação no tratamento do AVC.
O que é acidente vascular cerebral
Um AVC é considerado uma doença grave e ocorre quando há uma interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, seja por um bloqueio (AVC isquêmico) ou rompimento de um vaso sanguíneo (AVC hemorrágico). Essa alteração priva as células cerebrais de oxigênio, causando danos que podem resultar em sequelas motoras, cognitivas e sensoriais, dependendo da área afetada.
As sequelas variam de acordo com a gravidade do AVC e a rapidez do atendimento médico. As principais sequelas incluem paralisia ou fraqueza em um lado do corpo, dificuldades na fala, perda de memória, problemas de visão e alterações no comportamento. Essas condições surgem porque a falta de oxigênio danifica áreas específicas do cérebro responsáveis por essas funções. A recuperação depende da plasticidade cerebral, ou seja, da capacidade do cérebro de reorganizar suas funções.
Tipos de AVC
Acidente vascular isquêmico: ocorre quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo (embolia). O AVC isquêmico é o mais comum e representa 85% de todos os casos
Acidente vascular hemorrágico: ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta hemorragia pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É responsável por 15% de todos os casos de AVC, mas pode causar a morte com mais frequência
Atenção aos primeiros sinais de um AVC
Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da doença podem incluir:
- Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
- Confusão mental;
- Alteração da fala ou compreensão;
- Alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
- Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
- Dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente.
Com Assessorias