Após uma nova internação, Preta Gil deixou o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde realizou exames de rotina nesta quarta-feira (7), e se prepara para seguir o tratamento nos Estados Unidos. Segundo ela, este seria o último recurso no Brasil em sua jornada contra o câncer colorretal (também conhecido como câncer de cólon, de intestino ou de reto).

A alta médica foi confirmada por Gilberto Gil, pai da artista, que publicou uma foto ao lado de Preta e a esposa Flora, comemorando a saída do hospital.  “Preta de volta em casa“, escreveu o cantor na publicação. “Nosso amor”, disse Flora Gil. Não foram divulgados detalhes sobre a nova etapa do tratamento da cantora.

Preta, hoje com 50 anos, descobriu um tumor colorretal em 2023 e desde então vem compartilhando sua jornada de tratamento da doença. Após amputar o reto, a cantora chegou a passar dois meses internada se recuperando de mais uma cirurgia para a retirada de novos tumores na fase metastática da doença e passou a usar uma bolsa de colostomia definitiva.

Outros artistas, atletas e figuras públicas também foram diagnosticados com a doença nos últimos anos. Ao tornar pública sua jornada de tratamento, essas personalidades ajudaram a lançar o tema na mídia e ampliar o alcance da informação, incentivando o rastreamento precoce, por meio da colonoscopia e exame de fezes ocultas.

Muitos deles seguem em tratamento como a cantora Simony, o cantor Conrado, o apresentador Emilio Surita e o ator norte-americano James Van Der Beek. Outros famosos não conseguiram resistir às complicações da doença – caso dos jogadores Pelé e Roberto Dinamite, do ator norte-americano Chadwick Boseman, do ator Luiz Gustavo e, mais recentemente, do cantor Klauss Hee, do grupo Dominó, que fez sucesso no Brasil nos anos 80 e 90.

Conheça artistas que lutam contra a doença

Simony faz imunoterapia após enfrentar outros tratamentos entre 2022 e 2023 (Foto: Reprodução de redes sociais)

Simony – A cantora de 48 anos, que se celebrizou com a Turma do Balão Mágico foi diagnosticada com câncer colorretal em 2022 e, em janeiro de 2023 chegou a anunciar que estava em remissão. Após um tratamento com quimioterapia, que resultou na redução do tumor em cerca de 50%, ela passou a realizar imunoterapia, que deverá ser mantida por pelo menos dois anos. “Sou um milagre”, diz ela, que concilia o tratamento com sua agenda de trabalho e compartilha toda a sua jornada nas redes sociais.

Conrado – Após se sentir mal, em 2023, o cantor precisou fazer colonoscopia e endoscopia, depois exame específica de sangue, ressonância e Pet Scan. Foi encontrado um tumor maligno no final do reto no reto e ele passou por uma cirurgia de emergência.’. Marido da ex-paquita Andréa Sorvetão, o cantor de 55 anos segue em tratamento.

Emílio Surita – O apresentador do programa “Pânico” da Jovem Pan, foi diagnosticado com câncer de intestino em 2023, aos 61 anos.

James Van Der Beek – O ator de ‘Dawson’s Creek’ foi diagnosticado com câncer colorretal aos 47 anos, em novembro de 2024, e segue em tratamento.

Personalidades que morreram com a doença

Klauss Hee – O ex-integrante da banda Dominó morreu aos 50 anos, em março deste ano, em decorrência de um câncer de intestino.

Pelé – O ídolo do futebol foi diagnosticado em agosto de 2021 e um mês depois realizou uma cirurgia para retirar o tumor no intestino grosso. Na época, o astro também realizou uma série de quimioterapias. Ele morreu em novembro de 2022, aos 82 anos.

Roberto Dinamite – O ídolo do Vasco da Gama faleceu aos 68 anos em janeiro de 2023 após complicações da doença. Ele chegou a passar por cirurgia e quimioterapia. 

Luís Gustavo – Em 2021, o ator faleceu em decorrência de complicações de um câncer no intestino. Ele havia sido diagnosticado com o tumor em 2018.

Chadwick Boseman – Famoso por interpretar o Pantera Negra, o ator lutou durante quatro anos contra o câncer, mantendo a situação em segredo, e morreu em 2020.

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Hábitos alimentares inadequados e sedentarismo aumentam casos

Entre 2023-2025, a previsão do Instituto Nacional do Câncer (Inca) era de que o Brasil registrasse 45 mil novos casos anuais de câncer colorretal (ou câncer de cólon ou câncer de intestino). O tumor é o segundo mais incidente no Brasil e o terceiro no mundo, acometendo homens e mulheres.

Até 2040, segundo estudo da Fundação do Câncer, divulgado em março deste ano, o Brasil deverá ter um aumento de 21% em casos de câncer colorretal. A projeção levanta um alerta diante do cenário global que mostra que os tumores em pessoas com menos de 50 anos cresceram quase 80% nas últimas três décadas, segundo a revista BMJ Oncology.

De acordo com Sueli Monterroso da Cruz, oncologista clínica da Imuno Santos, o câncer colorretal é uma doença silenciosa que pode permanecer assintomática por anos.  Questões como envelhecimento da população, hábitos alimentares inadequados, sedentarismo e ausência de rastreamento para detecção precoce da doença são fatores que podem contribuir com o aumento, de acordo com especialistas.

A alimentação pobre em frutas, vegetais e carnes magras, associada à obesidade, sedentarismo, consumo de álcool, tabagismo e exposição a pesticidas, contribui significativamente para o aumento da incidência desse tipo de câncer”, explica a médica.

3 hábitos podem ajudar a prevenir a doença da modernidade

O mês de março traz o laço azul-marinho como forma de conscientizar as pessoas sobre o tumor, que é o segundo mais incidente entre homens e mulheres no Brasil

 O câncer colorretal é a doença da modernidade e cada vez mais vem sendo identificado em pessoas com menos de 50 anos. Prevenir o câncer nem sempre é possível, mas adotar um estilo de vida mais saudável pode ser eficaz em alguns casos.  Cerca de 30% dos tumores que atingem o intestino e o reto podem ser evitados com uma mudança expressiva no estilo de vida das pessoas.

Três hábitos fazem toda a diferença: atividade física diária, alimentação equilibrada e rica em fibras, redução do consumo de carne vermelha.  A alimentação equilibrada desempenha papel central nestes cuidados. Manter o corpo ativo e bem nutrido é fundamental para prevenir o câncer colorretal e isso requer uma dieta balanceada, rica em fibras e com baixíssimo consumo de alimentos ultra processados e de carne vermelha.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a recomendação é limitar o consumo de carne vermelha de 300 a 500 gramas por semana, o que faz com que a porção ingerida diariamente seja menor que um bife do tamanho da palma da mão, além de evitar carnes processadas, como embutidos.

David Pinheiro Cunha, oncologista clínico e sócio do Grupo SOnHe, explica que um dos fatores que justificam o aumento do risco é que a carne vermelha tem uma propriedade, o ferro heme, que libera radicais livres capazes de provocarem mutações nas células do intestino e, por isso, evitar evitar esse tipo de alimento é uma recomendação tão importante.

Respeitar o limite de consumo recomendado pela OMS já é uma forma de se prevenir e, ao mesmo tempo, não é uma medida radical”, alerta o médico. Segundo ele, a redução no consumo da carne vermelha não deve comprometer a absorção de ferro entre as pessoas. “Já está comprovado que as demais carnes ou fontes de proteínas, como a carne branca e o ovo, são capazes de suprir essa necessidade”, reforça o oncologista.

Há outros fatores de proteção, como manter o peso corporal ideal, evitar o consumo excessivo de álcoolnão fumarreduzir o estresseter boa qualidade de sonorealizar exames preventivos. “Precisamos incentivar hábitos saudáveis, reduzir o estresse e promover a educação alimentar. Uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, fibras e carnes magras, aliada à prática regular de atividade física, ajuda a reduzir significativamente o risco de desenvolver câncer colorretal”, afirma a Sueli Monterroso da Cruz.

Os hábitos saudáveis de vida vêm sendo cada vez mais incentivados no Brasil e embora a população esteja mais consciente sobre a importância da atividade física diária, o número de pessoas ativas ainda é pequeno. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021, 36,7% dos brasileiros eram considerados ativos, ou seja, praticavam mais de 150 de atividade física direcionada por semana.

Para David Pinheiro Cunha, incentivar a prática de atividade física entre as pessoas é uma forma simples e eficaz de prevenir o câncer colorretal, que também tem na obesidade um dos fatores de risco para o seu desenvolvimento. “Mesmo diante do fator genético, já é comprovado que as pessoas que mantêm uma alimentação rica em fibras, com baixo consumo de álcool e carne vermelha e fazem atividade física diariamente, têm menos chances de desenvolver a doença”, alerta o médico.

Sintomas de alerta e diagnóstico

O diagnóstico precoce do câncer colorretal é crucial para aumentar as chances de tratamento e cura. A doença pode ser assintomática em seus estágios iniciais, o que torna os exames de rastreamento ainda mais importantes. Sintomas como alterações no hábito intestinal, dor abdominal e presença de sangue nas fezes devem ser investigados por um médico.

Os sintomas que indicam a presença do câncer colorretal podem começar de maneira simples e, por vezes, serem confundidos com outras doenças. Sinais como presença de sangue nas fezesdor abdominal constantemudanças no hábito intestinal, como alternância entre prisão de ventre e diarreia; fezes mais finas do que o normal, perda de peso inexplicável aumento abdominal sem explicação aparente não devem ser ignorados.

A doença, que afeta o intestino grosso, tem sido diagnosticada em diferentes fases, e a importância do diagnóstico precoce tem sido ressaltada por eles e por especialistas.   Se houver esses sintomas, é preciso procurar um médico especialista, como um oncologista. “Esses indicativos merecem atenção, especialmente se forem persistentes. Quanto mais cedo a doença for identificada, maiores as chances de sucesso no tratamento”, reforça a oncologista.

Exames como pesquisa de sangue oculto nas fezescolonoscopia, tomografia computadorizada ressonância magnética podem auxiliar a detectar sangramentos e lesões pré-cancerígenas que são imperceptíveis e ajudam no diagnóstico inicial. A detecção precoce é crucial na luta contra o câncer colorretal.

O câncer colorretal pode ser diagnosticado de forma precoce por meio da colonoscopopia, exame indicado pelo SUS a todas as pessoas a partir dos 50 anos. A colonoscopia identifica lesões que podem vir a se tornar tumores e, por isso, tem papel fundamental na prevenção do câncer.

No Brasil, porém, a adesão a exames preventivos ainda é baixa e, com o aumento de casos da doença entre pessoas cada vez mais jovens, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica faz um apelo para que o exame seja realizado a partir dos 45 anos entre as pessoas que não tenham indicação genética.

Essa é uma mudança necessária na faixa etária prioritária para esse exame, porque já está comprovado que a doença vem sendo desenvolvida cada vez mais cedo em função do estilo de vida moderno”, pontua o oncologista.

Para indivíduos com histórico familiar de câncer colorretal – cerca de 9% dos casos, segundo a especialista –, os cuidados devem começar ainda mais cedo. “Nesses casos, recomendamos iniciar o rastreamento precocemente, pois a predisposição genética pode antecipar o surgimento da doença”, ressalta a oncologista.

Para Dra. Sueli, além das mudanças individuais, é essencial que os sistemas de saúde adotem estratégias de rastreamento sistemático. Segundo ela, [e fundamental que exames como a colonoscopia a partir dos 40 anos e a pesquisa de sangue oculto nas fezes sejam amplamente acessíveis, pois são métodos eficazes e de baixo custo para rastrear a doença

Precisamos de políticas regionalizadas que garantam programas eficientes de detecção precoce e prevenção. O câncer colorretal tem tratamento e pode ser evitado, mas, sem um protocolo nacional, seguimos vendo um aumento preocupante nos casos”, alerta a oncologista.

Com informações de assessorias
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