Considerado o maior ídolo da história do Vasco da Gama e um dos maiores artilheiros do futebol brasileiro, Roberto Dinamite, de 68 anos, morreu na manhã deste domingo (8/1), no Rio de Janeiro, uma semana depois da morte de Pelé. Em comum, a mesma doença: o câncer de cólon, também conhecido como câncer colorretal ou câncer de intestino.

Maior goleador da história do Vasco e também o maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro e do Campeonato Carioca, o craque lutava contra um câncer de intestino descoberto em 2021. Ele estava fazendo quimioterapia e passou por procedimentos cirúrgicos no tratamento, mas não resistiu.

Na semana passada, o ex-jogador de futebol anunciou publicamente que “nos exames realizados, descobrimos alguns tumores”, não especificando em quais órgãos e quantos. Na véspera do Natal, o ídolo do Vasco, que chegou à presidência do clube, precisou realizar uma cirurgia de emergência em virtude da obstrução de uma parte do intestino.

O câncer colorretal (intestino grosso e reto) é o segundo tumor maligno, excluindo o câncer de pele não melanoma, mais comum em homens e mulheres, atrás apenas, respectivamente, de câncer de próstata e mama. No mundo, representa 10% de todos os tipos de câncer, com 1,9 milhão de novos casos anuais e 935 mil mortes, segundo o levantamento Globocan, da Organização Mundial da Saúde.

No Brasil, são 41 mil novos casos previstos para 2022, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). São esperados para cada ano do triênio 2023-2025 um total de 45.630 novos casos anuais de câncer colorretal . São 23.660 em mulheres e 21.970 em homens e o risco de desenvolver a doença aumenta com a idade, especialmente depois dos 50 anos.

DOENÇA PODE SER EVITADA COM COLONOSCOPIA

O cirurgião oncológico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Héber Salvador, explica que o câncer colorretal pode se desenvolver silenciosamente por um tempo, sem apresentar nenhum sintoma.

“Quando o paciente apresenta sintomas, já pode ser sinal de uma doença mais avançada. Por conta disso, é fundamental a realização de colonoscopia a partir dos 50 anos ou 40 anos, caso haja histórico de câncer na família. Este exame pode evitar a doença, pois, por meio dele, é possível retirar pólipos, que são lesões presas na parede do intestino que poderiam evoluir para câncer”, explica.

Quando descoberto em fase inicial, ainda restrito ao local de origem, o câncer colorretal tem taxa de cura acima de 90%. Quando se espalhou para os linfonodos, a taxa cai para 70%. Em caso de metástase, as chances de cura não chegam a 20%. “Quando um tumor originado no cólon (intestino grosso) se espalha, o órgão que mais apresenta metástase é o fígado”, explica o médico.


 

QUAIS SÃO AS CAUSAS DO CÂNCER COLORRETAL?

A hereditariedade representa entre 5% a 10% dos casos, sendo a Síndrome de Lynch a mais prevalente. Há também a polipose adenomatosa familiar, que é quando os pacientes apresentam um maior número de pólipos, devendo ser submetidos mais frequentemente à colonoscopia.

Ainda que possa se desenvolver em jovens, o câncer colorretal é mais comum a partir dos 50 anos. Por isso, a idade é tida como um dos pontos de atenção ao surgimento da doença. Mas não é só. Os principais fatores de risco para o câncer colorretal:

hábitos alimentares não saudáveis – dieta pobre em fibras, com consumo excessivo de alimentos processados e carne vermelha;

obesidade;

sedentarismo;

tabagismo e alto consumo de bebidas alcoólicas;

histórico familiar de câncer colorretal, de ovário, útero e/ou câncer de mama;

preexistência de doenças como retocolite ulcerativa crônica, doença de Crohn e doenças hereditárias do intestino.

QUAIS SÃO OS SINAIS DO CÂNCER COLORRETAL?

O câncer colorretal, em seu estágio inicial, raramente apresenta sintomas específicos. Ainda assim, podem aparecer alguns sinais que indicam alterações e merecem atenção, especialmente para pessoas que se enquadram nos fatores de risco descritos anteriormente.

Alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados), assim como alteração na forma das fezes (fezes muito finas e compridas), são sintomas de alerta, que devem ser investigados. Os demais sintomas mais comuns são sangue nas fezes, dor ou desconforto abdominal, fraqueza e anemia e perda de peso sem causa aparente.

Vale ficar atento a estes sintomas e sinais:

presença de sangue nas fezes;

alternância entre diarreia e prisão de ventre;

alteração na forma das fezes (muito finas e compridas);

perda de peso sem causa aparente;

sensação de fraqueza e/ou diagnóstico de anemia;

dor ou desconforto abdominal, e

presença de massa abdominal (que pode ser indicativa de tumor).

Se apresentar algum desses sinais de forma frequente, é importante passar pela avaliação de um médico especializado. Além do câncer, estas ocorrências podem indicar a presença de outras doenças que também precisam de tratamento.

COMO É O TRATAMENTO DO CÂNCER COLORRETAL? 

O primeiro passo para o tratamento do câncer colorretal é, em geral, a cirurgia oncológica. Em alguns casos, a cirurgia pode ser seguida pela radioterapia e a quimioterapia. Vale lembrar que o câncer é uma doença complexa, que pode exigir abordagens diferentes de caso a caso. Por isso, toda a definição do tratamento, bom como das condutas terapêuticas e do tipo de cirurgia realizada, depende do momento da detecção da doença.

Quando o diagnóstico é precoce, as chances de cura são significativamente maiores e o tratamento se torna mais simples, já que o tumor ainda está em sua fase inicial. Em todos os casos, a equipe multidisciplinar determina a conduta ideal, baseando-se na extensão da doença.

É POSSÍVEL PREVENIR O CÂNCER COLORRETAL? 

Como o câncer é uma doença multifatorial e tem, entre seus causadores, a predisposição genética, não existe uma conduta que garanta 100% a sua prevenção. No entanto, ao evitar os fatores de risco, a possibilidade de desenvolver o câncer colorretal fica menor.

A alimentação tem grande influência na prevenção do colorretal. Recomenda-se a adoção de uma dieta que contemple o consumo de frutas e hortaliças, assim como evitar o consumo de alimentos processados e de bebidas alcoólicas, refrigerantes e outras bebidas açucaradas.

Moderação também é a palavra-chave em relação à carne vermelha e alimentos calóricos e/ou gordurosos. Os demais fatores de risco são sedentarismo, obesidade e tabagismo. Nesse sentido, o conselho da SBCO é manter a saúde em dia, investindo em qualidade de vida, com algumas medidas como:

ter uma alimentação saudável;

manter o peso corporal adequado;

praticar atividades físicas com regularidade;

não fumar e evitar o tabagismo passivo;

reduzir o consumo de álcool.

Com Assessoria SBCO

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