Rosa Célia foi criada dos 7 aos 18 anos em um orfanato. Foi lá que alimentou o desejo de ajudar crianças em vulnerabilidade social. Formada em Medicina, se especializou em Cardiologia. E há quase três décadas ela faz a diferença na vida de crianças que nascem com cardiopatia congênita, a segunda causa de morte infantil no Brasil.
O projeto que a Dra Rosa Célia criou, o Pro Criança Cardíaca, tornou-se referência nacional no cuidado a crianças e adolescentes com doenças cardíacas em situação de vulnerabilidade social. O projeto já acolheu mais de 16 mil pacientes desde 1996.
Agora se prepara para celebrar 30 anos de atuação em 2026. Para isso, precisa do apoio da iniciativa privada para continuar a salvar vidas de milhares de crianças.
Apresentação a empresários do Rio
Uma breve demonstração da força desse projeto foi apresentada por ela e sua equipe numa reunião exclusiva para empresários que representam a maior fatia do PIB do Estado do Rio de Janeiro.
Promovido pelo Lide Rio, o encontro realizado nesta segunda-feira (19), no Hotel Fairmont, em Copacabana, reuniu lideranças de grandes empresas – para ingressar no seleto grupo, é necessário comprovar um faturamento mínimo de R$ 70 milhões.
O evento contou com a presença dos secretários de Saúde do município, Daniel Soranz, e do estado, Cláudia Melo, instados pela organização do evento a responder a uma pergunta difícil – ‘quanto vale uma vida?’.
Soranz falou da necessidade de mais investimentos públicos para uma saúde mais equitatativa no Brasil, enquanto Cláudia comentou sobre os desafios do Estado para oferecer uma assistência de qualidade em meio ao avanço no envelhecimento da população.
A empresária Andréia Repsold, presidente do Lide Rio, foi a grande anfitriã do evento, e destacou a importância de abrir espaço para projetos bem sucedidos da sociedade organizada voltados à melhoria da saúde da população, como o Pro Criança Cardíaca, que recebe doações de grandes empresas para continuar existindo.
Os três falaram com exclusividade ao Portal Vida e Ação – confira a cobertura completa em nosso instagram @vidaeacao.
Mais de 16 mil pacientes atendidos desde 1996
Só em 2024, o projeto Pro Criança Cardíaca registrou 2.568 consultas cardiológicas (crescimento de 8%), 3.564 exames realizados, 261 novos pacientes, 53 cirurgias cardíacas e mais de 4.600 participantes em ações pedagógicas.
A iniciativa reúne cerca de 30 voluntários ativos em diferentes habilidades, como Direito, Odontologia, Nutrição, Psicologia e Contação de História. O projeto também registra avanços significativos no atendimento psicológico, odontológico, nutricional e dermatológico.
Desde que nasceu, o projeto impactou mais de 156 mil pessoas e realizou aproximadamente 120 mil atendimentos, mais de 1.800 procedimentos como cirurgias cardíacas, cateterismos, diagnósticos, terapêuticos e ablações. Todo mês atende 240 crianças com a qualificada equipe multidisciplinar de cardiopediatras e de outras áreas.
Os números e dados foram apresentados no evento pela cardiologista pediátrica Isabela Rangel, diretora médica do Pro Criança Cardíaca, que também falou ao Vida e Ação. Segundo ela, o Pro Criança Cardíaca vem ampliando sua atuação com excelência e compromisso social. Esse impacto multidisciplinar e humanizado é um reflexo da solidez da instituição no Terceiro Setor.
Em 2024, o Pro Criança foi reconhecido, pela quarta vez, como uma das Melhores ONGs do Brasil, além de conquistar o 37º lugar no ranking internacional da thedotgood (antigo NGO Advisor), que avalia a relevância global de organizações sociais.
Cirurgias em hospital privado de excelência
Responsável pelas cirurgias do Pro Criança Cardíaca, o cirurgião cardiovascular Andrey Monteiro (foto abaixo) falou dos desafios enfrentados para oferecer procedimentos de excelência no projeto, utilizando as mais avançadas tecnologias empregadas no tratamento de cardiopatias congênitas e outras síndromes associadas.
Apenas quatro hospitais do SUS, no Rio de Janeiro, são habilitados para cirurgias cardiovasculares pediátricas, nenhum ligado ao Terceiro Setor. As cirurgias do projeto são realizadas no Hospital Jutta Batista, considerado uma referência em atendimento pediátrico no Rio de Janeiro.
A sede do Pro Criança Cardiaca fica em Botafogo, zona sul carioca, assim como o Jutta Batista, fundado pela Dra. Rosa Celia e hoje arrendado pela Rede D’Or. Segundo Dr Andrey, não há qualquer diferença entre o tratamento oferecido a crianças atendidas pelo projeto ou de forma particular pelo hospital.
Coube ao cardiologista pediátrico Alexandre Cauduro (foto acima), também voluntário do projeto, fazer a mediação do evento. Cauduro é coordenador da Central Estadual de Transplantes do Rio de Janeiro e responsável pelo Serviço de Transplante Cardíaco Pediátrico do Instituto Nacional de Cardiologia (INC).
Médica tinha dificuldade de dizer não a quem não podia pagar
A instituição sem fins lucrativos, criada pela cardiologista Dra. Rosa Celia em 1996, nasceu da dificuldade de a médica dizer não às famílias de cardiopatas de 0 a 18 anos em situação de vulnerabilidade socioeconômica que a procuravam no privado.
O desejo de cuidar a fez viabilizar atendimento igualitário e digno, acesso universal e 100% gratuito à saúde de excelência, check-up cardiológico no diagnóstico e tratamento da cardiopatia; procedimento invasivo, garantindo qualidade de vida e apoio de equipe multidisciplinar.
Parte do objetivo do Pro Criança Cardíaca é aumentar acesso à rede estruturada de tratamento cardiológico e quer cuidar não só do coração, mas da diminuição de sequelas físicas e psicológicas, apoio familiar e melhoria na saúde mental.
A iniciativa “pensa fora do olhar médico usual, humanizando com total inserção social, fornece medicamentos, garante excelência no tratamento e sucesso contínuo no de alta complexidade”.
Com uma trajetória marcada por responsabilidade, resultados concretos e sensibilidade social, o Pro Criança Cardíaca segue firme em sua missão de salvar vidas e garantir um futuro com mais dignidade para milhares de crianças. “O marco de 30 anos será, acima de tudo, uma celebração da esperança, da solidariedade e do direito à saúde”, afirma dra Rosa Célia.
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Judicialização da saúde
O evento contou ainda com a participação da desembargadora Denise Nicoll Simões, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que falou sobre a judicialização da saúde. A magistrada (foto acima) revelou o número impressionante de 860 mil ações contra planos de saúde no estado, na maioria, movidas por familiares e pacientes que enfrentam doenças raras e transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Com informações do Pro Criança Cardíaca