Frente fria acende alerta para aumento de casos de VSR
Especialista alerta para cuidados com infecções respiratórias em crianças, que já registram aumento antes da chegada oficial do inverno
Um fator que exige atenção especial dos pais, sobretudo de crianças menores de 2 anos e, em especial, de bebês prematuros, é o VSR. Embora historicamente associado às estações mais frias, o vírus tem circulado de forma intensa no Brasil desde o verão, provocando aumento expressivo de doenças respiratórias.
A doença pode se manifestar como bronquiolite, pneumonia viral, pneumonia bacteriana ou quadros mais leves de infecções das vias aéreas superiores”, destaca.
Prevenção com máscara e vacinação
Além disso, é importante manter o calendário vacinal atualizado, estimular bons hábitos alimentares e adotar a etiqueta respiratória, como cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar. A vacinação e os cuidados diários são as principais ferramentas para proteger a saúde das crianças”, finaliza o especialista.
Sintomas e sinais de alerta do VSR
Os primeiros sintomas do VSR são semelhantes aos de um resfriado comum, com tosse, obstrução nasal, coriza e, em alguns casos, chiado no peito. Em geral, duram entre 3 e 15 dias. No entanto, sinais como dificuldade para respirar e falta de ar indicam agravamento do quadro.
Como os sintomas iniciais são bastante corriqueiros, é essencial que um médico avalie a criança para um diagnóstico correto, evitando complicações como pneumonia, asma e agravamento da infecção”, explica o Dr. Werther.
Outros sinais que exigem atenção incluem febre (em cerca de um terço dos casos, geralmente abaixo de 39°C), dificuldade para se alimentar, principalmente entre o terceiro e o quinto dia da doença, e, em bebês menores de seis semanas, risco de apneia.
Quando procurar o hospital
O Dr. Werther ressalta que é fundamental observar sinais de alerta. “Se a tosse piorar a ponto de a criança não conseguir dormir, se o peito estiver se movimentando de forma ofegante, com retrações visíveis entre as costelas, é preciso buscar atendimento de emergência”, orienta.
A maioria das crianças com bronquiolite aguda pode ser tratada de forma ambulatorial, com medidas de suporte como aspiração das secreções nasais, elevação da cabeceira da cama e fracionamento das refeições. Nos casos mais graves, com comprometimento respiratório, pode ser necessária a internação hospitalar e, eventualmente, em unidade de terapia intensiva (UTI).
Vacinas e novos tratamentos contra o VSR
O Ministério da Saúde anunciou recentemente a incorporação da vacina Abrysvo contra o VSR ao Sistema Único de Saúde (SUS). A vacinação será direcionada a gestantes entre a 24ª e a 36ª semana de gestação, permitindo a transferência de anticorpos ao bebê ainda durante a gravidez. A medida tem o potencial de proteger cerca de 2 milhões de recém-nascidos.
Além da vacina, o anticorpo monoclonal nirsevimabe também foi aprovado para uso em bebês prematuros e em crianças com fatores de risco como cardiopatias graves, doenças pulmonares, fibrose cística e imunodeficiências. Administrado em dose única, o nirsevimabe impede a fusão do vírus às células, bloqueando sua replicação e garantindo proteção ao longo da temporada de circulação do VSR.
Aumento nas internações pelo vírus da gripe
A análise da Fiocruz também destaca o aumento da mortalidade de idosos por influenza A. Os cientistas também seguem observando, em diversos estados, a tendência de aumento das hospitalizações por SRAG associado ao vírus influenza.
No entanto, apenas no Mato Grosso do Sul, no Amazonas e no Pará essas internações atingem níveis de incidência de moderado a muito alto. Nas demais unidades da federação, o número de novas internações por influenza, principalmente entre os idosos, ainda permanecem baixo.
Desde o início do ano, já foram notificados 45.228 casos de SRAG, sendo 19.420 (42,9%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório; 18.640 (41,2%) negativos; e ao menos 4.262 (9,4%) estão aguardando resultado laboratorial. Entre os casos positivos , observou-se 38,4% para VSR; 27,9% para rinovírus; 20,7% para Sars-CoV-2 (Covid-19) e 11,2% para influenza A; 1,6% para influenza B.
Risco ou alto risco de aumento em 15 estados e no DF
A atualização mostra risco ou alto risco de SRAG – com sinal de crescimento na tendência de longo prazo – nos estados do Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins e no Distrito Federal.
Foi observado ainda manutenção do aumento de SRAG – com níveis de incidência de moderado a muito alto – em muitos estados das regiões Centro-Sul, Norte e alguns estados do Nordeste, atribuído principalmente ao VSR. Por outro lado, já é possível observar sinal de desaceleração desse crescimento no Distrito Federal e Goiás, e início de queda no Espírito Santo.
O levantamento mostra que 18 das 27 capitais apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco, com sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Aracaju (Sergipe), Belém (Pará), Belo Horizonte (Minas Gerias), Brasília (Distrito Federal), Campo Grande (Mato Grosso do Sul), Cuiabá (Mato Grosso), Florianópolis (Santa Catarina), Goiânia (Goiás), Macapá (Amapá), Manaus (Amazonas), Natal (Rio Grande do Norte), Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Porto Velho (Rondônia), Rio Branco (Acre), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Salvador (Bahia), São Paulo (São) e Vitória (Espírito Santo).
Fonte: Fiocruz e Hospital Santa Catarina Paulista