O outono traz não apenas o frio, mas também um cenário preocupante para a saúde respiratória de crianças e idosos. Dados do InfoGripe, da Fiocruz, revelam que, nesta época do ano, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) – um agente infeccioso que ataca os pulmões e as vias respiratórias – circula com mais intensidade no País e representa entre 5% e 10% das detecções virais em surtos respiratórios sazonais no Brasil.
O principal efeito do VSR é a bronquiolite, uma inflamação dos brônquos que pode levar à morte se não rápida e devidamente tratada. Esta semana, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio de Janeiro informou que registrou um aumento de 19% nos casos de bronquiolite nos três primeiros meses de 2025, em comparação ao mesmo período de 2024.
Dados levantados pela Gerência de Doenças Imunopreveníveis, da  mostram que no ano passado houve 116 casos da doença contra 139 este ano. Ainda de acordo com o levantamento, confrontando apenas os meses de março de cada ano, a bronquiolite começa a recuar. Em 2024, foram registrados 96 casos provocados pelo VSR. Em 2025, a Secretaria contabilizou 75, o que configura uma queda de 21%.
Mesmo com a redução de casos é importante ficar atento aos sinais e sintomas da doença e buscar atendimento médico, caso as crianças apresentem sintomas. Afinal, o patógeno é o que mais leva à internação de crianças por síndrome gripal, além da influenza, parainfluenza e adenovírus, como alerta Caio Souza, subsecretário de Atenção à Saúde da SES-RJ.
A bronquiolite é uma infecção viral que compromete a via aérea inferior (traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos) e provoca desconforto respiratório devido à inflamação dos bronquíolos, responsáveis por levar ar aos pulmões. Manter o ambiente arejado, lavar as mãos e manter o calendário vacinal das crianças em dia são medidas recomendadas pelo profissional.
A doença provoca gripe, com coriza, tosse e febre baixa, mas pode evoluir para um quadro grave em três dias.
A doença traz cansaço, dificuldade respiratória e os lábios podem ficar um pouco azulados ou arroxeados. As medidas de suporte são oxigênio e hidratação venosa. É importante manter a vacinação, além da higiene das mãos”, orienta.

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Vírus pode levar a complicações graves e até mortes na população acima de 65 anos. Vacinação e cuidados preventivos são essenciais

Embora conhecido por afetar bebês e crianças, o vírus causador da bronquiolite pode afetar pessoas de qualquer idade e preocupa pela alta letalidade em idosos – nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se até 10 mil mortes anuais em pessoas com idade igual ou maior que 65 anos. A taxa de mortalidade hospitalar pode variar entre 3% a 10%, dependendo do perfil clínico do paciente.

As condições ambientais, como ar seco e permanência em ambientes fechados, favorecem a maior incidência dessas doenças durante o outono e o inverno.  De acordo com o pneumologista Enrico Fortunato, professor do Centro Universitário São Camilo, o VSR pode desencadear pneumonias virais, coinfecções bacterianas e descompensações cardíacas ou pulmonares, elevando o risco de internações prolongadas e óbitos. A taxa de mortalidade hospitalar varia entre 3% e 10%, dependendo do perfil do paciente.

O VSR entra no corpo pelas mucosas dos olhos, boca e nariz, e se espalha facilmente, sendo transmitido de uma pessoa para outra quando alguém tosse ou espirra, ou ao tocar superfícies e objetos contaminados. Ele explica que o vírus representa um risco elevado em idosos, principalmente nos portadores de doenças crônicas, podendo causar hospitalizações prolongadas e até o óbito.

Durante os meses mais frios, observamos aumento expressivo de doenças respiratórias em idosos. Sendo doenças mais comuns as infecções virais como gripe (Influenza), Covid-19 e infecção por VSR. Também são frequentes as pneumonias bacterianas e as exacerbações de doenças crônicas como asma e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica)”, informou.

Fortunato ressalta que os sintomas do VSR costumam ser mais lentos e insidiosos que os da gripe, com predominância de tosse seca, falta de ar e fadiga e, diferentemente da Covid-19, raramente há perda de olfato ou febre alta.

Ele informa que é importante procurar um atendimento hospitalar nos primeiros sinais como falta de ar, queda da saturação de oxigênio com índice de menos 92%, confusão mental, febre persistente, piora das comorbidades ou sinais de desidratação. “O diagnóstico e o suporte precoce são fundamentais para reduzir complicações”, enfatizou.

Vacinas – Segundo o professor Enrico Fortunato, duas vacinas foram aprovadas para idosos: Arexvy (GSK) e Abrysvo (Pfizer). Ambas demonstraram eficácia entre 70% e 82% contra formas graves. “No momento não há antiviral específico amplamente aprovado para adultos, então o tratamento é de suporte”, explicou.

As orientações do professor para manter a saúde dos idosos passam por um conjunto de medidas, como manter as vacinas em dia para Influenza, Covid-19, pneumocócica e VSR, se disponível, adotar higiene das mãos, usar máscara em ambientes fechados e evitar aglomerações, além de manter a ventilação dos ambientes e o controle das doenças de base e sempre manter a hidratação adequada.

Dois hospitais estaduais são referência para casos mais graves da doença

Desde o início do ano, a SES-RJ referenciou os hospitais estaduais Ricardo Cruz (HerCruz), em Nova Iguaçu, e o Zilda Arns (HERZA), em Volta Redonda, para o atendimento infantil. A Secretaria disponibilizou 75 leitos de UTI para atendimento à doença, sendo 40 vagas no hospital da Baixada e 35 na unidade do Médio Paraíba.
A pasta  informou ainda que tem capacitado médicos e profissionais de saúde que atuam em UPAS e unidades de emergência para identificar, de forma precoce, os sintomas da doença.

Com Assessorias

 

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