A pneumonia é uma doença respiratória que pode ser silenciosa e também muito perigosa. Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam que, anualmente, mais de 600 mil internações por Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) e Influenza acontecem no Brasil. O Ministério da Saúde registrou, nos cinco primeiros meses de 2024, mais de 245 mil casos da doença e quase 28 mil óbitos no país.

Neste Dia Mundial da Pneumonia (12 de novembro), a médica pneumologista Soraia Bernardo Monteiro Cardoso, professora da UnP e consultora da Inspiralli, alerta a população sobre prevenção e cuidados com a doença. Confira:

– O que pode causar pneumonia?

A pneumonia pode ser causada por vírus como o Influenza e vírus sincicial respiratório, por bactérias como o Pneumococo e o Micoblasma, por fungos que atingem mais pessoas com imunidade muito baixa e também parasitas que, no seu ciclo evolutivo, passam pelo pulmão, como é o caso do Ascaris lumbricoides.

– Como é feito o diagnóstico da doença?

O diagnóstico é feito pela história, exame físico geral e pulmonar e radiografia de tórax.

– Quais os principais sintomas?

Os principais sintomas são tosse que pode ser seca, mas geralmente tem catarro amarelado, dor torácica e, se pegar uma extensão pulmonar maior que 50%, o paciente pode ter dispneia (falta de ar). O paciente também apresenta sintomas gerais como febre, falta de apetite e astenia (má disposição). Na maioria dos casos são sintomas agudos de 2 a 7 dias de início.

– Como é feito o tratamento?

O tratamento depende da causa, mas é importante manter o paciente bem hidratado, usar analgésicos, antitérmicos e antibióticos.

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– Pneumonia pode ser fatal?

A pneumonia pode sim ser fatal, como vimos na Covid-19. O principal risco é para crianças menores de 2 anos, idosos, pessoas com doenças como diabetes, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), com uso de medicações que diminuem a imunidade como os quimioterápicos ou uso de substância que diminuem nossa defesa como álcool, cigarro ou drogas.

– Existem tipos ou fases da pneumonia? Explique

As fases da pneumonia são: a fase inicial, que chamamos de congestão, onde se inicia a defesa do organismo contra o agente causador. A segunda fase chamamos de hepatização, em que o pulmão perde sua aparência de esponja e fica consolidado como o fígado é quando conseguimos ver a imagem na radiografia de tórax, e a fase de resolução da doença.

– Quando pode ser considerada perigosa?

O perigo da pneumonia se deve por vários fatores. Primeiro pela virulência do agente (quanto agressivo ele é), qual a quantidade de agentes causadores conseguiu atingir nosso pulmão. Também depende de como estão nossas defesas locais e sistêmicas. Sabemos que pacientes com DPOC e fumantes tem a defesa local diminuídas e pessoas com diabetes, AIDS e usando quimioterápicos tem as defesas gerais comprometidas.

– Há evolução no tratamento para pneumonia?

O tratamento com antibióticos teve um grande avanço nos anos 90. Depois disso, tivemos uma fase de poucos avanços. Nos últimos anos começaram a ser lançados novos antibióticos. Mas o uso controlado e adequado dos antibióticos é importante porque sabemos que o uso inadequado dessas medicações leva a resistência das bactérias.

– Houve aumento no número de casos nos últimos anos?

A incidência depende se estamos com um surto, como ocorreu em 2020 e 2021 com a Covid-19, ou em julho a agosto deste ano com o Micoplasma, que são agentes de transmissão de pessoa doente para outras pessoas por via respiratória. Depende também da estação, sabemos que no inverno temos mais rinossinusites bacterias, que o causador é o Pneumococo e a pessoa tem a pneumonia por microaspiraçao das secreções das vias áreas superiores.

Também no inverno as pessoas tendem a ficar confinadas em lugares fechados. O Ministério da Saúde registra em média 600 mil internações por ano por pneumonia no Brasil. No Brasil, a pneumonia é a segunda causa de mortes por doenças pulmonares. E as causas pulmonares estão entre a quarta a quinta causas de morte no Brasil.

– Quais as principais maneiras de prevenir?

É importante ressaltarmos que temos a vacina de prevenção para Influenza no sistema público de saúde que devemos tomar todo o ano. Já na rede privada, temos a vacina contra o vírus sincicial respiratório. E temos também, na rede pública e privadas, as vacinas contra pneumococo que são as pneumo 10 para crianças e pneumo 13, 15 e 23 para adultos e crianças

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