Dengue, covid ou gripe? Sintomas parecidos provocam corrida a hospitais

Sintomas da dengue se confundem com outras doenças e levam mais pessoas a hospitais. Rede D´Or registra aumento de 38% em uma semana, maioria dos casos é em SP e RJ

Paciente atendida em polo de dengue montado no município do Rio (Foto: Douglas Rosa / SMS-Rio)
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Com a epidemia de dengue se agravando principalmente no Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal e se alastrando por diversos estados do país, muita gente com sintomas suspeitos têm corrido para as emergências, inclusive na rede privada. Só nesta semana (entre os dias 16 e 22 de fevereiro), o aumento nos atendimentos de pronto-socorro de pacientes com casos prováveis de dengue na rede D´Or – a maior do país – foi de 38% em relação à semana anterior.

O maior grupo de hospitais privados do país teve um salto de 6.548 atendimentos entre os dias 9 e 15 de fevereiro, para 9.042 entre os dias 16 e 22.  Se considerar a mesma semana de fevereiro de 2023, o aumento foi de 2.433%. Na época, eram registrados cerca de 60 atendimentos por dia. Somente na quinta-feira, 22, foram mais de 1,3 mil em toda a rede. Os dados consideram 69 unidades em 13 estados e no Distrito Federal.

São Paulo e Rio de Janeiro concentram 71% dos casos

Nas unidades da rede D´Or, o Paraná foi o estado que apresentou maior alta percentual de casos prováveis de dengdue no comparativo semanal, com 168%. A região Nordeste aparece em seguida, com aumento de 87% nos atendimentos de casos suspeitos.

Apesar disso, Paraná e Região Nordeste apresentam números absolutos bem menores que estados da Região Sudeste, onde São Paulo e Rio de Janeiro concentram 71,6% dos 9.042 atendimentos da última semana, com tendência de aumento.

No Rio, o aumento geral nos atendimentos de PS em hospitais da Rede D’Or foi de 48%. As unidades com maiores percentuais de aumento nos atendimentos de casos prováveis de dengue foram o Hospital Caxias D’Or (88%), Norte D’Or (78%) e Niterói D’Or (75%).

Já em São Paulo, o número de atendimentos saltou 46% entre esta semana e a anterior. As unidades com maiores altas são o Hospital Aviccena, na zona leste da cidade de São Paulo, com 187% de aumento, seguido pelo Hospital e Maternidade Brasil, no ABC paulista, com 135%, e Hospital Santa Isabel, no centro da capital paulista, com 126% de aumento.

Pessoas podem confundir os sintomas

O diretor nacional de Infectologia da Rede D’Or, David Uip, afirma que, diante de um cenário de crescimento de casos de dengue quanto de Covid-19 no país, as pessoas podem confundir os sintomas, que costumam ser parecidos nos primeiros dias.

“Por isso é fundamental buscar auxílio médico especializado, em serviços com profissionais capacitados para fazer o diagnóstico diferencial e definir a conduta clínica mais adequada para cada caso”, afirma o infectologista.

O Ministério da Saúde reforça que em caso de suspeita de dengue ou Covid-19 é de extrema importância evitar a automedicação. O diagnóstico correto só pode ser feito por um médico.

Entenda diferenças entre as doenças e como identificar os sintomas

Febre, dores de cabeça e no corpo, cansaço e mal-estar são alguns dos sintomas da dengue, mas essas também costumam ser manifestações relatadas por quem contrai Covid-19 e H1N1 (a influenza A ou a famosa gripe), sendo importante identificar essas diferenças para a obtenção de um diagnóstico assertivo e também para buscar a correta vacinação.

Segundo a enfermeira Kátia Oliveira, alguns sinais, como o modo de evolução dos sintomas, podem dar pistas sobre cada uma das enfermidades, porém apenas um exame de sangue pode confirmar o diagnóstico.

“Em comum, todas essas doenças são causadas por vírus. No entanto, eles são distintos: a Covid-19 é provocada pelo vírus Sars-CoV-2, da família do coronavírus, a H1N1 é causada pelo vírus da família Influenza, já a Dengue é causada pelo Flavivírus”, explica a enfermeira especialista em vacinação da Clínica Vacinne.

Além do tipo de vírus há a diferença na forma de contágio, sendo que no caso da Covid-19 e H1N1, o modo de transmissão é por gotículas de secreções respiratórias de uma pessoa infectada, e a dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

“Identificar a forma de contágio é fundamental para o combate das doenças, que são sazonais, porém podem acometer as pessoas em qualquer época do ano. A Covid-19 e a H1N1, por serem transmitidas da mesma forma, podem contar com medidas protetivas iguais, como uso de máscara, higiene das mãos e evitar aglomerações. Já a Dengue exige cuidados específicos no combate ao mosquito”, explica Kátia.

Os sintomas de cada doença

dengue é uma infecção viral transmitida principalmente pela picada do mosquito Aedes aegypti, que também transmite outros vírus como chikungunya, febre amarela e Zika.

“Existem quatro sorotipos do vírus, cada um com interações diferentes com os anticorpos humanos, o que significa que uma pessoa pode ser infectada mais de uma vez. Seus sintomas são febre alta (sintoma clássico, que surge abruptamente no início da infecção), dor de cabeça, especialmente atrás dos olhos, dores musculares e articulares intensas, fadiga, náuseas e vômitos, erupção cutânea e, em alguns casos, sangramento de gengivas ou nariz, além de dor abdominal intensa. Sintomas respiratórios como coriza e tosse, que são comuns na Covid-19 e H1N1, são raros na dengue”, conta a especialista.

Kátia explica que identificar as diferenças de sintomas da Covid e da H1N1 pode ser algo mais desafiante, porém é importante notar que no caso da Covid, o período de incubação é mais longo, onde o organismo pode levar até cinco dias para manifestar os sintomas, enquanto a H1N1 o período de incubação é mais curto, resultando em um início rápido dos sintomas e uma progressão aguda do quadro.

“Os sintomas da Covid-19 geralmente incluem febre alta, tosse seca, dificuldade respiratória, fadiga, dores musculares, perda de olfato e paladar, dor de garganta e, em alguns casos, diarréia. Já a H1N1 se manifesta com febre alta, tosse, dor de garganta, dores musculares, dor de cabeça, fadiga, calafrios, congestão nasal e, em algumas crianças, pode haver vômitos e diarreia”, conta.

Vacinas diferentes para cada doença

Entender as diferenças entre as vacinas também é importante. Para isso, Kátia explica abaixo os detalhes e características de cada uma das vacinas:

Vacina contra H1N1 (Influenza A)

A vacina contra o vírus H1N1 é desenvolvida anualmente para combater a gripe sazonal, sendo composta por cepas do vírus da gripe previstas para circular na temporada de gripe em questão.

“A vacinação contra a gripe, incluindo o H1N1, é recomendada anualmente para grupos de risco, como idosos, crianças, gestantes e pessoas com condições médicas crônicas. Nesse caso, a rede pública oferece a vacina trivalente, que protege contra duas cepas da Influenza A e Influenza B, e a Efluelda, que potencializa ainda mais a proteção, pois conta com uma alta concentração de antígenos, sendo fundamental para a população de risco, com mais de 60 anos”, conta Kátia.

A vacina ofertada na rede privada é a tetravalente, que protege contra quatro cepas da doença.

Vacina contra covid-19

As vacinas contra a Covid-19 foram desenvolvidas rapidamente em resposta à pandemia causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, sendo desenvolvidas por diferentes fabricantes e utilizando diferentes tecnologias, como mRNA, vetor viral e proteína viral.

“Essas vacinas foram submetidas a testes clínicos rigorosos para garantir a sua segurança e eficácia antes de serem autorizadas para uso emergencial ou aprovação regulatória. Hoje elas são as principais formas de controle contra a disseminação do vírus, atuando na prevenção de casos graves e na proteção da saúde pública”, explica a especialista.

Vacina contra dengue

A vacina contra a dengue é uma vacina tetravalente que visa prevenir a infecção pelos quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Ela foi desenvolvida para proteger contra os diferentes sorotipos do vírus e reduzir a gravidade da doença em indivíduos infectados.

“A vacina contra a dengue está disponível em alguns países endêmicos e é recomendada para pessoas que vivem ou viajam para áreas onde a dengue é prevalente, sendo que a eficácia e segurança da vacina podem variar de acordo com o histórico de infecção do indivíduo e a prevalência dos diferentes sorotipos do vírus na região. A vacina disponível na rede privada é a Qdenga, fabricada pela farmacêutica Takeda, que conta com nova tecnologia e pode ser aplicada em indivíduos que não tiveram contato com a doença”, finaliza Kátia.

Saiba como a alimentação pode ajudar a se recuperar

Especialista dá dicas sobre o grupo de alimentos mais importante e fala do reforço na hidratação

Com alguns sintomas parecidos, como febre, dor no corpo e dor de cabeça, dengue, Covid-19 e gripe são doenças que necessitam de cuidados específicos e a alimentação pode ajudar. No caso da dengue, a hidratação torna-se um fator preponderante para a recuperação.

“A alimentação tem um papel importante no alívio dos sintomas, priorizar alimentos ricos em nutrientes, fortalecer a hidratação e deixar de lado os industrializados pode fazer toda a diferença”, diz a nutricionista Ana Paula Braun.

Sabe a famosa sopa de mãe para momentos como esse? Sim, ela está super indicada com carnes magras ou peito de frango, fontes de proteína e ferro. O ferro, aliás, deve ser fortalecido porque melhora a disposição e o sistema imunológico. No caso da sopa, feijão, lentilha, ervilha verde e grão de bico são boas opções.

“Lembrando que os alimentos ricos em ferro de origem animal são absorvidos melhor que os de origem vegetal e o campeão neste grupo é o fígado de frango, embora muita gente torça o nariz. Outra dica bacana é consumir os alimentos ricos em ferro junto com fontes de Vitamina C porque elas ajudam na absorção. Laranja, limão, kiwi, mamão, couve-flor e repolho roxo são alguns exemplos”, explica Ana Paula, que é especialista em nutrição funcional.

Partindo do princípio que um organismo bem nutrido reage melhor, ainda que as náuseas dificultem a alimentação – além da própria falta de apetite ou paladar – insistir na ingestão de pequenas porções é importante. Outras fontes de proteína recomendadas são ovos, leite e derivados, que fortalecem a imunidade. Nos dias mais críticos, uma dieta leve e de fácil digestão pode ser adotada.

Sobre a hidratação, junto com o repouso, é peça-chave no tratamento e deve ser reforçada ainda nos primeiros sintomas. Água, sucos, chás e soro caseiro, na proporção de 1 litro de água para 2 colheres de sopa de açúcar e 1 colher de chá de sal estão indicados. “Manter-se hidratado e reforçar isso é muito importante, a dengue, por exemplo, causa uma inflação que retira o líquido dos vasos sanguíneos, por isso, a reposição é tão importante”, finaliza.

Os casos de Covid aumentaram bastante nos últimos dias, principalmente na cidade de São Paulo, enquanto a dengue ultrapassou a marca de 650 mil casos em menos de 2 meses de 2024, números mais altos do que todo o ano de 2023, de acordo com o Ministério da Saúde. O calor e as tempestades são combustíveis para a proliferação do mosquito responsável pelas infecções.

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