Por que a menopausa ainda é tabu entre as mulheres?

Dia Mundial da Menopausa reforça a importância do autocuidado com a saúde feminina. Conheça as vantagens

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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a menopausa e a pós-menopausa devem atingir 1,2 bilhão de pessoas até 2030, um número que aumenta em 47 milhões a cada ano. Atualmente, no Brasil, são cerca de 18 milhões de mulheres nessa condição, principalmente na faixa etária entre 45 e 55 anos.  

Apesar de ser uma condição natural na vida de qualquer mulher, até hoje a menopausa é considerado um tabu e tema sobre o qual as próprias mulheres ainda falam muito pouco. Pesquisa realizada em 2022, afirma que mais de 30% das mulheres brasileiras relacionam menopausa à velhice, e mais da metade delas, ainda tratam o assunto como tabu. 

Um estudo de outubro de 2022 conduzido pela empresa Essity apontou que 70% delas não estão preparadas para a chegada do momento, enquanto que 55% afirmaram não gostar de falar sobre o tema por ser ligado à velhice e à “deterioração” do corpo.

Embora a visão da sociedade sobre a menopausa e as questões relacionadas ao envelhecimento da mulher estejam, aos poucos, mudando, a desinformação ainda é uma realidade. Falta informação sobre o que de fato a menopausa causa para as mulheres e sobre como lidar com o momento.

Por isso, em 18 de outubro é celebrado o Dia Mundial da Menopausa, para reforçar a importância do autocuidado com a saúde feminina, especialmente de mulheres. A data foi criada pela OMS com o objetivo de promover o debate, buscar a relevância que o assunto precisa e destacar os impactos na saúde da mulher.

A melhor fase da vida da mulher: entenda as vantagens

A médica ginecologista, especialista em Ciência da Longevidade Humana e Modulação Hormonal, Beatriz Tupinambá @drabeatriztupinamba, professora de pós-graduação em Ginecologia da Unirio, trabalha há anos para desmistificar assuntos relacionados à menopausa.

Para Beatriz, com conhecimento e assistência profissional adequada, a menopausa tende a ser a melhor fase da mulher, e cita vantagens algumas das vantagens, como o fim dos ciclos menstruais, TPM, preocupação com período fértil, maior tempo de autocuidado, maturidade e hormônios administrados.

“A gente precisa trabalhar também o psicológico. Olhar a menopausa por outro ângulo e perceber que sim, a menopausa pode ser a melhor fase que podemos viver. A gente entra na menopausa na metade da nossa vida, e não precisamos nos manter na segunda metade dela indispostas, com calores, ressecamentos, queda de libido, entre outros, porque simplesmente deixamos de alimentar nossas células de hormônios por 50 anos”, comenta.

Climatério, a fase que vem antes da menopausa

Mas, afinal, por que é importante detectar essa redução na produção do estrogênio? A menopausa começa de verdade quando a pessoa para totalmente de menstruar por pelo menos 12 meses e isso ocorre, em geral, entre 45 e 50 anos, podendo variar. Antes da chegada definitiva da menopausa, existe uma fase chamada climatério, que é quando os primeiros sintomas podem ser observados.

Os principais sinais de que chegou o momento são cansaço frequente, diminuição da libido e desejo sexual, ondas frequentes de calor sem razões aparentes, queda de cabelo, irregularidade menstrual, aumento de gordura abdominal, alterações de humor como irritabilidade, ansiedade ou tristeza, perda de memória e secura vaginal ou dores durante as relações sexuais. Outros sinais de que a mulher está neste momento incluem suores noturnos, distúrbios do sono e ressecamento da pele.

Como explica o endocrinologista e metabologista Igor Barcelos, especializado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, os avanços têm sido realmente rápidos e desde então e a mulher pode buscar por um profissional para discutir a respeito do assunto assim que começar a perceber os sintomas de uma menopausa.

“Falar sobre o assunto e buscar seu médico vai ajudar a encontrar a melhor maneira de lidar com esse momento da jornada para aumentar a qualidade de vida da mulher”, diz o médico.

Plataforma criada por psicanalista ajuda mulheres na menopausa

Para a psicanalista Márcia Cunha, conquistar melhor qualidade de vida e bem-estar nessa fase da vida requer da mulher, em primeiro lugar, uma busca pelo autoconhecimento, algo que irá proporcionar a ela o real entendimento dos sintomas e onde esses sinais mais a afetam. “A partir daí, ela pode procurar a melhor solução, com a ajuda de um médico”, diz ela, que criou uma plataforma para esclarecer melhor sobre o assunto, o Plenapausa.

“A desinformação é tanta que muitas nem sabem se estão na menopausa ou climatério, se está na pré, peri ou pós-menopausa. Por isso, criamos no site um teste gratuito que tira essa dúvida, sendo o ponto de partida para que essas mulheres busquem se informar e, assim, encontrem formas de melhorar seu bem-estar e qualidade de vida”, conta Márcia.

Com o avanço da tecnologia, ferramentas online como a criada por Márcia aparecem como fortes aliadas na difusão de informações, promoção de debates sobre os sintomas dessa etapa da vida da mulher. A Plenapausa promove encontros com especialistas, envia orientações médicas para as usuárias e disponibiliza, por meio do aplicativo, um programa de atividades físicas monitoradas, algo fundamental para aliviar sintomas como fogachos, depressão, irritabilidade e falta de sono.

Endocrinologista responde 6 dúvidas sobre menopausa

Toda mulher sabe que, em algum momento, vai passar pela menopausa. Porém, ainda se fala pouco – e se compreende menos ainda! – sobre esse assunto e as mudanças que as mulheres vão, de fato, enfrentar nesse período. A médica endocrinologista e metabologista Tassiane Alvarenga, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, responde algumas das principais dúvidas sobre o tema.

1.O que é menopausa?

“A menopausa representa uma fase biológica do organismo feminino, caracterizada pelo fim da capacidade reprodutiva e da produção dos hormônios sexuais pelos ovários, principalmente o estrogênio”, explica o Dra. Tassiane Alvarenga.

É por isso que os médicos determinam a menopausa quando se passa um ano desde a última menstruação da mulher. Ela é considerada um marco, o fim de um processo gradual de queda na produção de hormônios pelos ovários que, anos antes da menopausa, começa a causar sintomas – esse período é chamado de perimenopausa.

2. Com qual idade a mulher entra na menopausa?

Em média, a mulher entra em menopausa em torno dos 50-51 anos, porém a idade pode variar de mulher para mulher. Ela é considerada normal dos 45 aos 55 anos, mas, é considerada precoce (ou tardia), quando acontece fora dessa faixa etária.

3.Existe algum exame que confirma a menopausa?

“Às vezes, medem-se os níveis do hormônio folículo-estimulante (FSH) para confirmar a menopausa“, explica a Dra. Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista membro da SBEM. “Quando o nível de FSH no sangue da mulher é consistentemente elevado, ou seja, igual ou maior do que 30 mUI/mL, e, ao mesmo tempo, a mulher ficou sem menstruar durante um ano, geralmente se aceita que esta mulher chegou na menopausa.”

Um único teste, porém, não é o suficiente para fechar o diagnóstico. Para isso, é preciso um acompanhamento que analisa também sinais e sintomas, a fase da vida da mulher e outras condições que podem interferir nessa produção hormonal.

4.Quais os sintomas da menopausa?

“Os sintomas mais comuns nesse período são mudanças na menstruação, redução da fertilidade, fogachos (calorões), ressecamento vaginal, distúrbios do sono, oscilações de humor, falta de energia, ganho de peso, alterações na memória e na concentração, piora da sexualidade, problemas urinários, dor nas articulações, alteração na pele e cabelo, alterações oculares, dentárias, bucais e auditivas”, explica a endocrinologista.

5.É normal menstruar depois da menopausa?

Aqui, entra um ponto de atenção importantíssimo: toda mulher com sangramento uterino após a menopausa (depois de mais de um ano sem menstruar) deve procurar um ginecologista para investigação e excluir causas graves, como o câncer de endométrio.

“Mulheres em terapia hormonal da menopausa podem vir a ter sangramentos, porém isso geralmente não é um motivo de preocupação – requer, via de regra, um ajuste na prescrição hormonal para eliminar esse efeito colateral indesejado”, esclarece a Dra. Tassiane.

6.Quando a terapia hormonal é indicada?

A terapia hormonal (TH) é o único tratamento comprovadamente eficaz para o alívio dos principais sintomas da menopausa, principalmente os calores (fogachos) e os sintomas de ressecamento vaginal (síndrome genitourinária da menopausa). A TH também é aprovada como primeira linha de tratamento e prevenção da osteoporose, e indicada obrigatoriamente para mulheres com diagnóstico de menopausa precoce.

Com Assessorias

 

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