Geralmente silenciosa, a hepatite, de forma geral, é uma inflamação no fígado que pode ter diversas causas, como o uso abusivo de bebidas alcoólicas ou outros agentes tóxicos. Quando causada por vírus, é uma doença infecciosa denominada hepatite viral. Essas doenças podem ser transmitidas de diversas maneiras, como contato com sangue contaminado, relação sexual desprotegida, compartilhamento de objetos cortantes ou de higiene pessoal e por meio de alimentos e água contaminados.

As hepatites virais são um grave problema de saúde pública em todo o mundo. São inflamações do fígado que podem ser causadas por diferentes tipos de vírus, classificados pelas letras A, B, C, D (Delta) e E. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas por vírus categorizados como A, B, e C.

Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região norte do país) e o vírus E, que é menos comum no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia. A transmissão da doença ocorre em situações variadas de acordo com os tipos de hepatite.

Boletim Epidemiológico de HepatitesVirais do Ministério da Saúde, publicado em julho do ano passado, indica que mais de 74 mil mortes foram causadas pela doença no Brasil, entre 2000 e 2018. O documento destaca ainda que 76% destes óbitos ocorreram em decorrência da hepatite do tipo C. O tratamento contra a patologia, no entanto, tem evoluído muito, e as chances de cura já superam 95%, quando a assistência é realizada corretamente.
“É de extrema importância que a população esteja informada sobre as hepatites virais e as formas de prevenção e diagnóstico precoce. A campanha Julho Amarelo é uma oportunidade para reforçar o combate a essas doenças e conscientizar a população sobre a importância da vacinação e da adoção de medidas preventivas simples. Com a conscientização e a prevenção, podemos controlar as hepatites virais e garantir a saúde e o bem-estar de todos”, afirma a médica Marcela Rodrigues, da Salus Imunizações.

O Dia Mundial de Combate à Hepatite é celebrado em 28 de julho e tem como objetivo alertar as pessoas sobre os os riscos da doença, uma inflamação do fígado que age de forma silenciosa e pode levar à morte.

Taxa de mortalidade equivalente à tuberculose e HIV

Mundialmente, as infecções por hepatites causam 1,4 milhões de mortes ao ano, seja pela infecção aguda, câncer hepático ou cirrose e a taxa de mortalidade da hepatite C pode ser comparada, por exemplo, às do HIV e tuberculose. Dados e estatísticas reforçam a importância da prevenção e do diagnóstico precoce das hepatites virais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 325 milhões de pessoas em todo o mundo, vivem com hepatite B ou C, e essas doenças são responsáveis por aproximadamente 1,4 milhões de mortes anualmente.
No Brasil, estima-se que 1,5 milhão de pessoas estejam infectadas com o vírus da hepatite C, e a taxa de mortalidade por essa doença pode ser comparada às do HIV e tuberculose.
A vacinação é uma medida importante para a prevenção da hepatite A e B, e a adoção de medidas de prevenção é fundamental. Além disso, é importante que as pessoas realizem exames regulares, especialmente aquelas que possuem maior risco de infecção, e que tenham acesso ao tratamento adequado.

Podendo ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, drogas, álcool, assim como por algumas doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas, as infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C frequentemente se tornam crônicas.

E, na maioria dos casos, por não apresentar sintomas, grande parte dos infectados desconhecem ter a doença levando à evolução do quadro comprometendo o fígado – sendo grande causador de fibrose avançada, cirrose e até mesmo o desenvolvimento de câncer.

Por isso, os exames de rotina são essenciais para a manutenção da saúde e prevenção de doenças. Eles permitem que o médico identifique possíveis problemas de saúde antes mesmo que sintomas apareçam, o que aumenta a chance de tratamento bem-sucedido e reduz o risco de complicações graves.

Diferenças entre os tipos de hepatites virais

De acordo com a infectologista Tassiana Rodrigues dos Santos Galvão, que atende nos hospitais estadual Francisco Morato e municipal de Cajamar, ambos gerenciados pelo Cejam – Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim, a cor dedicada ao mês da campanha de conscientização sobre as hepatites virais – Julho Amarelo – foi escolhida por representar um sinal frequentemente associado à doença: a icterícia, como é conhecida a amarelidão da pele e dos olhos.

Os sintomas podem variar de acordo com o tipo de vírus e a gravidade da infecção, mas incluem – além da icterícia – febre, mal-estar, dor abdominal, náuseas, vômitos, perda de apetite, urina escura. A especialista ainda detalha as razões pelas quais são conhecidas por letras. Classificada em tipos — A, B, C, D e E —, a hepatite viral provoca inflamações que afetam o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves.

“Os vírus receberam a nominação em ordem de descoberta, sendo atribuída uma letra para cada nova hepatite (A, B, C, D e E). As mais comuns no Brasil são as hepatites A, B e C, sendo a D mais frequente na região Norte”, explica.

Sintomas variam de uma hepatite para outra

Conforme a médica, é necessário estar atento, pois as manifestações são muito variáveis, podendo ser assintomáticas ou apresentarem desde quadros de icterícia, mal-estar, fraqueza, náuseas e vômitos até dores abdominais e alterações na coloração da urina e fezes. “Os quadros podem ser graves, com estágios fulminantes, necessidades de transplante, evolução para câncer hepático e até morte”, complementa.

Dra. Tassiana ressalta a relevância dos tipos B e C, considerados silenciosos e de cronificação, ou seja, quando a doença se torna crônica e segue até o final da vida do paciente.

As hepatites podem ser transmitidas por meio de relações sexuais ou exposição direta com o sangue infectado, através de objetos contaminados, como agulhas, seringas, alicates e etc., transfusões sanguíneas ou durante o parto.

“No caso da B, a maioria das pessoas que têm contato com o vírus consegue controlar a infecção e a evolução. Porém, os pacientes que ‘cronificam’ apresentam uma doença silenciosa, que, se não tratada, pode evoluir para cirrose e/ou câncer de fígado”, afirma a médica.

Segundo ela, nos casos de hepatite do tipo C, as chances de a cronificação acontecer são ainda maiores, tal como o risco de desenvolver cirrose e câncer hepático.

Formas de contágio 

De acordo com Bianca Ferreira Fonte, Infectologista do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição, em Três Rios/RJ, as formas de contágio variam conforme os tipos de vírus.

“As infecções causadas pelos tipos A e E são transmitidas por contato fecal-oral, ou seja, o vírus é eliminado pelas fezes da pessoa contaminada e ingerido por outra pessoa. Isso pode ocorrer em locais com condições precárias de saneamento básico, uso de água de nascentes não tratadas, falta de higiene pessoal de pessoas que manipulam alimentos, entre outros. Os tipos B e D podem ser transmitidos por contato sexual desprotegido (através do sêmen e secreções vaginais), do contato com sangue contaminado e da mãe para o filho durante a gestação e parto.

É importante lembrar que a hepatite viral tipo D só ocorre quando a pessoa também está contaminada pelo tipo B, ela não ocorre isoladamente, ou seja, a pessoa pode ter a infecção tipo B ou ambas concomitantemente (B e D). Já o tipo C é transmitido exclusivamente através de contato com sangue contaminado. Também pode ocorrer durante a relação sexual, caso haja contato com sangue (ex. sangue menstrual, fissuras anais, etc.)”, explica a especialista.

A médica e diretora da Salus Imunizações, Marcela Rodrigues, explica que hepatite A, por exemplo, é transmitida principalmente por meio de alimentos e água contaminados e pode ser prevenida por meio da vacinação. Já a hepatite B e C são transmitidas por contato com sangue contaminado, sendo a hepatite C a mais comum entre usuários de drogas injetáveis.

Prevenção

Existem muitas formas de prevenir a hepatite. A infectologista explica que a prevenção pode ser feita de forma simples, com hábitos como consumir apenas água tratada, manter boa higiene e utilizar preservativos durante as relações sexuais.

“No caso de tatuagens e piercings, recomendo procurar estúdios confiáveis, que trabalhem com agulhas descartáveis e jamais compartilhem objetos pessoais. Isso serve também para manicure”, destaca a Dra. Tassiana.

Para as hepatites dos tipos A e B, há vacinas que podem ajudar na prevenção. Por isso, é importante estar com elas em dia.

Tratamento

O tratamento da doença é realizado por meio de antivirais, além de medidas de prevenção, como evitar medicações que possam prejudicar a saúde do fígado. Pacientes que já convivem com a doença, devem realizar um acompanhamento adequado com médicos infectologista, gastroenterologista ou hepatologista.

Para os casos de hepatite C, nos últimos anos, o tratamento sofreu mudanças significativas, contando, atualmente, com drogas de ação direta e esquema terapêutico, dependendo do genótipo e da fase clínica do paciente.

Ambos são oferecidos de forma gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde), assim como os testes capazes de diagnosticar a doença, que podem ser realizados de forma rápida e discreta em qualquer UBS (Unidade Básica de Saúde).

“Caso o diagnóstico seja positivo para a doença, não há razões para pânico. Hoje em dia, os medicamentos são muito bem tolerados, com raros efeitos colaterais, e as chances de cura, na maioria dos casos, são superiores a 95%. Um sucesso também garantido pelo SUS”, finaliza.

 

Lavar as mãos e cozinhar bem os alimentos ajudam a prevenir a doença

Sintomas e diagnóstico 

As hepatites virais, no início da fase aguda, apresentam sintomas comuns a todas as infecções virais, como febre, tontura e prostração. Geralmente no terceiro mês após a infecção, podem (ou não) apresentar dor abdominal, colocação amarelada da pele e dos olhos (icterícia) e mal estar geral.

Quando evoluem para infecção crônica, as hepatites virais geralmente permanecem silenciosas durante muitos anos até manifestar os sintomas das complicações hepáticas, por isso é tão importante diagnosticar precocemente.

“O diagnóstico é feito através de exame no sangue. Atualmente existem os testes rápidos de hepatites B e C que estão disponíveis nas unidades básicas de saúde e são liberados em cerca de 30 minutos. Todas as pessoas, independente de situação de risco, devem fazer os testes das hepatites para, caso estejam infectadas, ter acesso ao diagnóstico precoce e, assim dar início ao tratamento adequado”, reitera a médica.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para o controle das hepatites virais. Exames regulares de sorologia para hepatite B e C são importantes, especialmente para aqueles que possuem maior risco de infecção, como profissionais de saúde, pessoas que usam drogas injetáveis e aqueles que receberam transfusões de sangue ou transplantes de órgãos antes de 1993.
“Além disso, é importante que as pessoas sejam informadas sobre a importância da realização desses exames e que tenham acesso ao tratamento adequado, que pode incluir medicamentos antivirais”, afirma Dra Marcela.

Tratamento e cura 

Após o diagnóstico da doença, a pessoa é encaminhada ao médico especialista (infectologista ou hepatologista) para avaliar a necessidade de uso de antivirais (no caso de hepatites B e C), sendo que o tratamento da hepatite B é para controle viral e da hepatite C é para cura da infecção.

A evolução da infecção também vai depender do tipo de hepatite. “As infecções causadas pelos tipos A e E cursam de forma aguda por 6 meses e evoluem para cura espontânea, sem tratamento antiviral específico. Os tipos B, C e D podem cursar também de forma aguda por 6 meses e evoluir para a cura, mas também podem não curar e evoluir para doença crônica, o que afeta o fígado gravemente, podendo causar cirrose hepática, câncer de fígado e até o óbito da pessoa infectada. Após a evolução para doença crônica, a hepatite B não tem cura com medicamentos, apenas tratamento para controlar a quantidade de vírus circulante no sangue. Já a hepatite C crônica tem cura com medicamentos”, explica a especialista.

Prevenção 

A principal forma de prevenção da infecção pelo vírus da hepatite B é a vacina, que está disponível no SUS para todas as pessoas não vacinadas, independentemente da idade. Além disso, quem se vacina para o tipo B, também se imuniza contra o tipo D. Para a hepatite C ainda não possui vacina, sendo fundamental o uso de medidas de prevenção, como não compartilhar seringas e agulhas.

Outras formas de prevenção devem ser observadas, como usar camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings.

“Para hepatite dos tipos A e E, a prevenção se dá por meio de gestos simples, como lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos), lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos, cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras e usar preservativos, higienizando as mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais”, explica a Dra. Bianca, complementando que a detecção precoce é sempre fundamental para que o tratamento seja eficaz e os vírus possam ser inativados. Por esse motivo, é muito importante estar em dia com os exames de check-up.

De acordo com Vitor Moura, CEO da plataforma VidaClass Saúde, “campanhas de conscientização em prol da saúde têm grande importância para popularizar os temas, muitas vezes desconhecidas pela população. Falar em ‘Julho Amarelo’ proporciona uma entrada muito maior nos grupos sociais trazendo a importância dos cuidados, prevenção e consultas regulares.

A partir disso, as pessoas descobrem que determinados procedimentos são simples, que muitas formas de prevenção são plenamente acessíveis e que inserir certos cuidados em sua rotina pode ter uma importância enorme. Por isso, comunicar um tema tão importante para a sociedade sempre será uma boa ideia”.

Com Assessorias

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