Em relação às mortes gerais no trânsito: recuo de 21,2 para 16,2 mortes por 100 mil habitantes – redução de 23,6%. Já sobre as mortes com motocicletas, houve um aumento de 6 para 6,3 mortes por 100 mil habitantes – alta de 5% (chegou a cair para 5,3 em 2019).
Motociclistas são as maiores vítimas do trânsito e a eles será destinada parte das ações da campanha internacional Maio Amarelo, de promoção da segurança no trânsito. Em 2025, o lema da campanha é “Desacelere. Seu bem maior é a vida”.
De acordo com o pesquisador do Ipea Carlos Henrique Carvalho, o crescimento do número de mortes no trânsito em acidentes de moto é consequência direta do aumento da frota e uso desses veículos no Brasil. Na década de 2000, “cerca de 15% das mortes no trânsito no Brasil eram de usuários de motocicleta. Em 2010, pulou para quase 35%”.
A frota de moto vem aumentando muito, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, nos estados mais pobres, já que é um veículo mais acessível, de custo operacional baixo”, disse àAgência Brasil.
Rio tem a menor taxa de acidentes de moto com óbitos
O Atlas da Violência 2025 registrou 34,9 mil acidentes de trânsito envolvendo morte em 2023. No ano anterior foram 33,9 mil. Na série apresentada pelo Atlas da Violência, o ano com mais casos foi 2014, com quase 43,8 mil.
Já em relação ao número de acidentes com óbito que envolveram motocicletas, 2023 teve quase 13,5 mil, ante 12 mil no ano anterior. Em 2014 foram registrados 12,6 mil, pico do período de 2013 a 2023.
As informações de 2023 indicam que as motos estão envolvidas em 38,6% dos acidentes com mortes no trânsito. Essa proporção varia enormemente quando se analisam dados dos estados. Em sete deles, os acidentes com motocicletas são mais da metade:
- Piauí: 69,4%
- Ceará: 59,5%
- Alagoas: 58,4%
- Sergipe: 57,8%
- Amazonas: 57,3%
- Pernambuco: 54,4%
- Maranhão: 52,2%
As unidades da federação com menores proporções são:
- Rio de Janeiro: 21,4%
- Amapá: 24,1%
- Rio Grande do Sul: 24,5%
- Distrito Federal: 24,5%
- Minas Gerais: 25,9%
- Paraná: 30,7%
Maiores taxas de mortes por acidentes com motos por 100 mil habitantes:
- Piauí: 21
- Tocantins: 16,9
- Mato Grosso: 14,7
- Rondônia: 12,6
- Maranhão: 11,2
- Sergipe: 11,2
Menores taxas de mortes por acidentes com motos por 100 mil habitantes:
- São Paulo: 3,6
- Rio Grande do Sul: 3,7
- Acre: 3,7
- Distrito Federal: 2,4
- Rio de Janeiro: 2,4
- Amapá: 2,3
O estudo coleta dados de fontes oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela contagem da população, e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.
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Embora tenha uma das menores taxas de acidentes com mortes envolvendo motociclistas entre os estados brasileiros (21,4%), o Rio de Janeiro enfrenta desafios quando o problema é trânsito, com impactos severos no sistema público de saúde.
Somente nos primeiros três meses do ano, os quatro hospitais da rede estadual que possuem emergência para atendimento de trauma registraram quase 8 mil atendimentos de vítimas de acidentes de trânsito. No período, apenas no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, foram mais de 1.300 atendimentos, sendo 1.164 vítimas de acidentes de moto. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde.
No mesmo período, segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Estado, 72,03% dos acidentes envolveram motos. Os bombeiros foram acionados para 6.261 ocorrências de colisão entre carros e motos; 3.897 quedas de moto; e 996 acidentes entre motos.
No ano passado, houve 23.761 acidentes no estado (13,84% de aumento em relação a 2023), com 27.747 feridos (+16,4%) e 2.230 mortos (+10,9%). Cerca de 45% dos acidentes ocorreram na cidade do Rio e outros 34% na Região Metropolitana. Dados do Detran RJ apontam que 62% dos acidentes no estado em 2024 envolveram homens jovens entre 18 e 29 anos.
As vias com maior número de ocorrências incluem a Avenida Brasil, Rodovia Amaral Peixoto (RJ-106), Presidente Dutra, Avenida das Américas, Rodovia Washington Luís (BR-040), Linha Amarela, Avenida Dom Helder Câmara, Linha Vermelha, Avenida Presidente Vargas e Avenida Pastor Martin Luther King.
Médicos de São Paulo alertam para riscos do uso de mototáxi
Responsável pelo Atlas da Violência, o pesquisador do Ipea Carlos Henrique Carvalho, Carlos Henrique Carvalho, descreve o veículo como inseguro. “Não oferece nenhuma proteção ao usuário. Quando há algum tipo de sinistro ou queda, a probabilidade de ocorrer algo grave ou óbito é muito grande”, afirma. “É bastante questionável para ser considerado no transporte comercial de passageiros”, conclui.
Ele defende que os dados sobre acidentes e mortes causadas por motocicletas devem ser “colocados em debate” no momento em que cidades discutem a regulamentação do serviço de transporte de passageiros por esse veículo – os conhecidos mototáxis. Em São Paulo, por exemplo, a questão virou batalha na Justiça, com a prefeitura contrária à liberação do serviço.
Em meio a discussões jurídicas entre a Justiça de São Paulo e empresas de transporte por aplicativo a respeito do serviço de mototáxi, a Associação Paulista de Medicina (APM) emitiu ma nota em fevereiro destacando os riscos de aumento nos acidentes de trânsito que a atividade pode proporcionar.
De acordo com a APM, a taxa de mortalidade em acidentes de moto é alta no município, e continua aumentando. No ano passado, o número de mortes de motociclistas na capital paulista subiu cerca de 20%, de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran): 483 mortes foram registradas em 2024, contra 403 em 2023.
Além disso, os óbitos em acidentes com motocicletas correspondem a 37% do total de mortes no trânsito na cidade de São Paulo. Este cenário também é visto em nível nacional. Segundo o Ministério da Saúde, o número de acidentes com motos pelo País gerou mais de 300 mil atendimentos na rede pública.
Com isso, a APM alerta que “o serviço de mototáxi na capital paulista – que já tem um trânsito bastante carregado e perigoso – representaria um grande risco para passageiros e motoristas, além de possivelmente piorar a sobrecarga do sistema de saúde, com o potencial aumento do número de acidentes advindos da popularização dessa opção de transporte”.
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Maio Amarelo terá ‘Dia de Lazer com a Lei Seca’ no Rio
No Rio de Janeiro, a mobilização do Maio Amarelo teve início no dia 2, com a iluminação em amarelo de pontos turísticos e prédios públicos do Rio. Durante todo o mês, a campanha ganha diferentes localidades com ações educativas e de conscientização, promovidas por diferentes secretarias e órgãos estaduais.
Ao longo do mês, ainda haverá uma simulação de resgate a vítimas de acidentes do Detran RJ, em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado. Na ação haverá distribuição de equipamentos de segurança para motociclistas; atividades educativas voltadas às crianças e aos ciclistas; palestras em autoescolas, empresas e escolas; Olimpíada de Motoristas, caminhadas culturais; escolinha de trânsito para alunos de escolas públicas; e passeio ciclístico.
Como destaque da programação, no dia 25 de maio a Quinta da Boa Vista receberá, das 10h às 14h, o evento “Dia de Lazer com a Lei Seca”, com atividades voltadas para todas as idades. Haverá o Circuito de Alcoolemia, onde adultos poderão experimentar os efeitos da embriaguez com óculos de realidade virtual.
O evento contará com apresentação da banda Samba Presente, com policiais da Operação Segurança Presente; distribuição de balões; circuito infantil de trânsito com carrinhos e sinalizações educativas; e ainda a oportunidade para quem quiser fazer gratuitamente o teste de bafômetro e entender seu funcionamento.
Na última quinta-feira (8), o Fórum Maio Amarelo – Desacelere, com o tema “Os desafios da mobilidade urbana na cidade do Rio de Janeiro”, no Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), propôs uma reflexão sobre comportamentos no trânsito, segurança viária e inclusão. A iniciativa contou com a parceria do Detran RJ e da Operação Lei Seca (SEGOV).
Ainda na primeira semana do mês, o Detran RJ realizou, na região da Lapa, a atividade “Sopro pela Vida”, levando bafômetros para fazer testes com os frequentadores de bares e restaurantes e mostrar que álcool e direção não combinam. Foram montadas tendas no local para ações educativas com parceiros como Operação Lei Seca, Cedae, CET-Rio, Rio Ônibus e Into.
O presidente do Detran RJ, Vinicius Farah, reforça o papel da campanha: “O Maio Amarelo é fundamental para mobilizar a sociedade em torno da valorização da vida. Temos intensificado nossas ações educativas, focando na prevenção e mudança de comportamento. Queremos despertar a atenção de todos para a responsabilidade no trânsito”.
Da Agência Brasil e GovRJ