Gaslighting: quando inventam mentiras sobre você

Violência psicológica ocorre quando alguém distorce a realidade dos fatos, omitindo ou inventando coisas sobre uma pessoa para se beneficiar

Mulheres são as principais vítimas de Gaslighting no ambiente corporativo (Foto: Divulgação)
Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

Você já ouviu falar em Gaslighting? O termo tem sido muito usado para identificar o tipo de violência psicológica em que uma pessoa “distorce” a realidade dos fatos, “omitindo” ou “inventando” informações sobre algo ou alguém, com a intenção de se auto-beneficiar em determinadas situações. Isso cria uma “atmosfera de dúvida”, gerando insegurança e manipulando a vítima (que pode ser uma pessoa ou um grupo) para duvidar do seu potencial, memória ou até mesmo sanidade.

Qualquer pessoa pode ser vítima de gaslighting, independentemente do seu gênero. Contudo, observa-se a predominância de mulheres entre as pessoas que são atingidas por essa violência psicológica. Uma pesquisa realizada pela Heach Recursos Humanos revelou que 3 em cada 4 mulheres sofrem de gaslighting no ambiente profissional

Segundo o estudo, essa realidade se consagra por conta do baixo número de mulheres em cargos altos. No Brasil, somente 38% das mulheres ocupam posições de liderança na empresas nacionais.

O termo ganhou destaque em uma série de debates atuais, que se iniciaram no cenário das discussões sobre gênero e diversidade, mas que hoje tem se expandido para as questões do universo corporativo e as possíveis irregularidades que se desenvolvem nessa área.

Entender melhor o significado do gaslight e compreender como esse comportamento pode afetar negativamente a rotina das empresas, trazendo prejuízos para a saúde mental das pessoas que se tornam vítimas dessas ações nas organizações é indispensável para todas as organizações independente do segmento e porte.

Gaslighting: o que é?

A pronúncia dessa palavra pode parecer complicada, assim como a compreensão do seu sentido na língua portuguesa. Da língua inglesa, gaslighting é um termo que surgiu em um filme norte-americano, lançado em 1944, intitulado de “Gas-light” (À meia luz).

Na trama, um homem se mobiliza para manipular sua esposa e as pessoas com as quais mantinham laços, para que todos acreditassem que ela estaria louca. Ainda que a ocorrência do gaslighting possa ser mais comumente identificada em formas de relacionamento como os familiares e amorosos, essa vertente de abuso também está presente dentro das empresas.

Esse padrão irregular pode ser percebido em alguns “modos de agir”, como por exemplo, a criação de prazos que não existiam antes, colocando-os como previamente existentes, na tentativa de confundir um profissional ou uma equipe.

Outra situação comum é quando orientações sobre a execução de demandas são transmitidas de forma propositalmente errada para descredibilizar a vítima na entrega de um trabalho ou projeto, imprimindo uma falsa imagem de desorganização ou “memória falha” para o colaborador, entre outros inúmeros casos do gênero.

Essas atitudes, apesar de mais intensas e perceptíveis na dimensão relacional que compreende a “superioridade” da hierarquia líder-colaborador, também pode acontecer nos relacionamentos com outros colegas de trabalho em posição de igualdade.

Entre os modelos de comportamento estão distorcer ou manipular comentários de uma pessoa, sobre algum outro colega, com o objetivo de gerar intrigas ou se promover em alguma situação. Ou quando alguém apresenta a ideia de um colaborador como sendo sua, requerendo a autoria do projeto para si, entre outras atitudes.

Prejuízos psicológicos

Entre os inúmeros prejuízos psicológicos que podem ser acarretados pelo gaslighting, estão:

Estresse emocional.

Depressão.

Ansiedade.

Isolamento social.

Baixa autoestima, entre outras consequências negativas.

Esses prejuízos afetam não somente o indivíduo, como também repercutem na esfera coletiva da empresa. O clima organizacional fica prejudicado, dificultando a manutenção de um ambiente de trabalho agradável para a realização das atividades diárias.

Isso influencia também na produtividade dos funcionários, que acabam desmotivados em seus projetos. Outro aspecto é a rotatividade de colaboradores, que desistem de permanecer na empresa e pedem demissão para sair desse ciclo hostil de comportamentos abusivos.

Canal de denúncias ajuda no combate ao gaslighting

Assim como entender o gaslighting e as formas como ele ocorre, é igualmente importante saber os mecanismos de proteção que existem para ajudar quem se torna vítima dele ou que observa a sua ocorrência na empresa. O Canal de Denúncias é, hoje, a plataforma mais eficaz na detecção e no combate aos comportamentos que prejudicam o clima organizacional e, até mesmo, a saúde emocional dos funcionários dessas organizações.

O Canal de Denúncias assume um papel fundamental na proteção das pessoas que fazem parte das empresas. Através dessa ferramenta — que para ser efetiva precisa ser implementada de forma terceirizada e acessível a todos os funcionários —, é possível relatar as irregularidades, não só como os casos de gaslighting, mas também de assédio moral, sexual, fraudes, bullying e outros problemas que forem identificados no ambiente de trabalho.

É por meio do Canal que a empresa toma conhecimento sobre a ocorrência dessas condutas prejudiciais, que geralmente acontecem fora do campo de visão dos responsáveis por contê-las. Nesse sentido, o Canal de Denúncias é um aliado dos colaboradores, que podem recorrer à plataforma, quando forem vítimas ou testemunhas dessas ocasiões.

Contudo, para fazer isso, é preciso que a organização, primeiramente, tenha um Canal implantado, e que ele ofereça possibilidade de anonimato, além da garantia total de sigilo das informações. Outro aspecto fundamental é que exista um compromisso da empresa em “fazer o certo”.

Caso a irregularidade seja comprovada, após a apuração dos argumentos relatados na denúncia, é preciso que haja, sem delongas, a aplicação das medidas cabíveis aos responsáveis.

Esse mecanismo de atuação que surge na relação entre o Canal (que recebe o relato) e a empresa (responsável por apurar o que foi relatado e aplicar as medidas) tem como resultado positivo a criação de uma cultura de confiança, ética e respeito mútuo entre todos os colaboradores, possibilitando o combate às condutas prejudiciais que comprometem o bem-estar de cada um.

 

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

You may like

In the news
Leia Mais
× Fale com o ViDA!