Conhecida como paralisia infantil, a poliomielite é uma doença infectocontagiosa grave que afeta o sistema nervoso, podendo provocar paralisia permanente ou transitória dos membros inferiores. Não existe tratamento e a única forma de prevenção é a vacinação, que protege contra os três sorotipos do poliovírus 1, 2 e 3.

Quem conhece de perto as sequelas da doença afirma que a vacinação é um ato de amor e reponsabilidade. É o caso de Ricardo Gadelha, funcionário público do Ministério da Saúde, acometido pela poliomielite com menos de 2 meses de idade.

Graças à vacina essa doença não existe mais no Brasil, mas deixou muitas marcas físicas e psicológicas na vida das pessoas que foram acometidas com a pólio. A vida de um deficiente físico não é tão simples assim, por isso eu reforço a importância da vacinação, que é um ato de amor àqueles que ainda não podem fazer as suas escolhas, como as crianças”, contou Ricardo Gadelha. 

Até o dia 30 de outubro, cerca de 11 milhões de crianças de 1 a menores 5 anos de idade devem ser vacinadas contra poliomielite. Para a Campanha Nacional de Vacinação, o Ministério da Saúde já disponibilizou 10,2 milhões de doses da vacina oral poliomielite (VOP) em mais de 40 mil postos de vacinação de todo o país. A meta da pasta é vacinar, no mínimo, 95% das crianças na faixa-etária da campanha.

Segundo dados preliminares das Secretarias Estaduais de Saúde, 4,9 milhões de crianças foram vacinadas contra a paralisia infantil desde o início da mobilização, no dia 5 de outubro. Até o momento, cerca de 6,3 (55,9%) milhões de crianças ainda não foram vacinadas contra a doença. Os estados podem continuar com as mobilizações de acordo com o planejamento e estoque locais.

Luta para manter o país livre da doença

De acordo com o Ministério da Saúde, ao longo de 47 anos o Programa Nacional de Imunizações (PNI), por meio das ações de vacinação, tem contribuído de forma ativa para manter o país livre da doença. Em 1994, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem do seu território, juntamente com os demais países das Américas. 

Desde então, o país tem se empenhado para alcançar altas e homogêneas coberturas vacinais para manter a eliminação da doença. Coberturas vacinais municipais heterogêneas podem levar a formação de bolsões de pessoas não vacinadas, possibilitando a reintrodução do poliovírus. Por isso, é imprescindível que pais ou responsáveis levem as crianças menores de 5 anos aos postos de vacinação. 

Médica explica sintomas

A médica da família e pediatra Milen Mercaldo explica que a doença é altamente infecciosa e causada pelo Poliovírus, que invade o sistema nervoso e pode acarretar um quadro clássico de paralisia de início súbito. Ela acrescenta que a maior parte das infecções apresenta poucos sintomas (forma subclínica) ou nenhum e estes são parecidos com os de outras doenças virais ou semelhantes às infecções respiratórias como gripe – febre e dor de garganta – ou infecções gastrintestinais como náusea, vômito, constipação (prisão de ventre), dor abdominal e, raramente, diarreia.

Cerca de 1% dos infectados pelo vírus pode desenvolver a forma paralítica da doença, que pode causar sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte”, pontua a especialista do Hospital Anchieta de Brasília.

Dra Milen continua: “em geral, a paralisia se manifesta nos membros inferiores de forma assimétrica, ou seja, ocorre apenas em um dos membros. As principais características são a perda da força muscular e dos reflexos, com manutenção da sensibilidade no membro atingido”, ressalta. “Embora ocorra com maior frequência em crianças menores de quatro anos, também pode acometer adultos”, complementa.

Forma de transmissão


O vírus da poliomielite é transmitido por pessoa para pessoa, principalmente através da boca, com material contaminado com fezes (contato fecal-oral), o que é crítico quando as condições sanitárias e de higiene são inadequadas. “Crianças mais novas, que ainda não adquiriram completamente hábitos de higiene, correm maior risco de contrair a doença”, destaca. Conforme a pediatra, o Poliovírus também pode ser disseminado por contaminação da água e de alimentos por fezes. A doença também pode ser transmitida pela forma oral-oral, através de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar.

Ela explica: o vírus se multiplica, inicialmente, nos locais por onde ele entra no organismo (boca, garganta e intestinos). Em seguida, vai para a corrente sanguínea e pode chegar até o sistema nervoso, dependendo da pessoa infectada. Desenvolvendo ou não sintomas, o indivíduo infectado elimina o vírus nas fezes, que pode ser adquirido por outras pessoas por via oral. A transmissão ocorre com mais frequência a partir de indivíduos sem sintomas.

Prevenção e cobertura vacinal


Dra Milen alerta que a poliomielite não tem cura e pode deixar sequelas permanentes. Segundo a profissional, a melhor maneira de prevenção é a vacina, mas a medida só é eficaz quando a cobertura vacinal alcança pelo menos 95%. Dados do Ministério da Saúde, mostraram que em 2019, a cobertura vacinal contra a poliomielite no DF, em menores de 2 anos, atingiu 89,2%. Este ano, até abril, apenas 69,8% das crianças foram vacinadas.

Ela aponta que o calendário de vacinas do SUS preconiza três doses da Vacina Inativada de Poliomielite, a VIP, com administração nas crianças aos 2, 4 e 6 meses e reforço com duas doses da Vacina Oral de Poliomielite, a VOP, aos 15 meses e 4 anos. “É considerado protegido, o indivíduo, maior de cinco anos, que tenha pelo menos cinco doses da vacina contra a doença. Também é necessário vacinar-se em todas as campanhas”, pondera.

Além das vacinas, é preciso atenção com medidas preventivas contra doenças transmitidas por contaminação fecal de água e alimentos. “As más condições habitacionais, a higiene pessoal precária e o elevado número de crianças numa mesma habitação também são fatores que favorecem a transmissão da poliomielite”, diz. “Logo, programas de saneamento básico são essenciais para a prevenção da doença”, adiciona a profissional.

“Ajude a manter nosso país livre da circulação do vírus e seu filho bem longe da doença! A campanha se estenderá até 30 de outubro, mantenha o cartão de vacinação da criança sempre em dia!”, conclui Milen Mercaldo, médica da família e pediatra do Hospital Anchieta de Brasília.

Com Assessorias

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