Já passa de 100 mil o número de casos prováveis de dengue registrados este ano no Estado do Rio de Janeiro este ano. São 100.651 casos notificados, exceto os descartados. É quase o dobro dos 51.494 registrados no ano passado. A incidência atual para todo o estado é de 576 casos por 100 mil habitantes.
Até o momento, 15 pessoas tiveram a morte por dengue confirmada no estado. Em todo o ano passado, foram 36 mortes. É o que mostram os dados do Painel Monitorar, realizado pelo Centro de Inteligência em Saúde (CIS) da Secretaria de Estado de Saúde SES-RJ nesta quarta-feira (6/04). O painel indica 2.883 internações este ano.
Ao informar o novo balanço de casos prováveis nesta quarta-feira (6), a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) também divulgou um comunicado alertando para os riscos causados pela automedicação em casos de suspeita de dengue, que pode até agravar a doença. O alerta se torna ainda mais relevante com o aumento de casos no estado, como explica Daniela Vidal, médica e assessora técnica da subsecretaria de Vigilância e Atenção Primária em Saúde.
“Os anti-inflamatórios, por exemplo, que são muito utilizados por pessoas que estão com dor de garganta e outros sintomas gripais, têm muitos riscos, principalmente pela possibilidade de sangramento. Com a dengue, a contagem de plaquetas tende a reduzir, aumentando o risco de hemorragia. Por isso, em caso de febre, dores no corpo e de cabeça, por exemplo, o paciente deve procurar atendimento médico, não a farmácia”.
O uso de remédios por conta própria em meio à epidemia de dengue preocupa as autoridades de saúde do Rio de Janeiro.
“Na lista dos anti-inflamatórios que devem ser evitados estão cetoprofeno, ibuprofeno, nimesulida, diclofenaco e aspirina. Além deles, outros medicamentos contraindicados são os corticosteroides, como prednisona, dexametasona e betametasona”, explica a médica Débora Fontenelle, assessora técnica da Superintendência de Vigilância Ambiental e Epidemiológica.
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Contraindicações da doença: infectologista explica os riscos da automedicação
Diversos especialistas já vêm alertando para o aumento nos casos de automedicação e os riscos decorrentes desta prática em um cenário de epidemia de dengue. Na presença dos sintomas da dengue, é fundamental buscar atendimento médico imediato para receber orientações adequadas e um tratamento específico para a doença.
“A automedicação é uma prática comum, mas perigosa, especialmente quando se trata de doenças como a dengue. O uso indevido de medicamentos pode mascarar os sintomas reais da doença e dificultar o diagnóstico correto por um profissional de saúde e aumentar o risco de complicações e efeitos colaterais prejudiciais”, ressalta o infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Igor Maia Marinho.
Segundo o especialista, os sintomas da dengue podem ser tanto leves, quanto graves, e incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dores nas articulações e nos músculos, dores atrás dos olhos, náuseas, vômitos, glândulas inchadas e erupção cutânea. Além disso, o diagnóstico precoce pode ser essencial para o tratamento da doença.
“As principais recomendações para tratar a dengue são: repouso e ingestão de líquidos, além de não se automedicar. Também é importante buscar atendimento médico imediatamente em caso de sangramentos”, comenta o infectologista.
Quais são as contraindicações de cada medicamento
É essencial compreender as contraindicações para o tratamento da dengue, uma vez que o manejo incorreto pode agravar a condição do paciente. Confira algumas contraindicações importantes a serem consideradas:
- AAS (Ácido Acetilsalicílico) e medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): Estes medicamentos podem aumentar o risco de sangramento devido à redução da coagulação sanguínea, o que pode ser perigoso em casos de dengue, uma vez que a doença já pode causar complicações hemorrágicas.
- Medicamentos que afetam a coagulação sanguínea: Além do AAS e AINEs, outros medicamentos que afetam a coagulação sanguínea devem ser evitados, a menos que estritamente necessário e sob supervisão médica.
- Anti-inflamatórios esteroides (corticosteroides): Embora possam ajudar a reduzir a inflamação, os corticosteroides podem comprometer ainda mais a coagulação sanguínea e aumentar o risco de complicações hemorrágicas na dengue.
- Ivermectina: Segundo o Ministério da Saúde, o remédio antiparasitário não é eficaz em diminuir a carga viral da dengue.
- Atenção especial em pacientes com condições médicas pré-existentes: Pacientes com condições médicas como doenças cardíacas, doenças renais ou hepáticas devem ser cuidadosamente avaliados, pois podem ter maior risco de complicações durante o tratamento da dengue.
- Gravidez e lactação: Mulheres grávidas ou lactantes devem ter cuidado especial ao receber tratamento para dengue, uma vez que alguns medicamentos podem representar riscos para o bebê em desenvolvimento.
“Ao receber mensagens sobre tratamentos de saúde verifique a fonte e, em caso de conteúdo duvidoso, não repasse para frente. Sempre verifique as informações em fontes oficiais e de referência”, explica Marinho.
Ele também alerta que a prevenção da dengue é fundamental, especialmente em regiões onde houve um aumento nos casos. Entre as medidas, ele destaca: evitar água parada e qualquer recipiente que possa se transformar em criadouro de mosquitos transmissores do vírus (Aedes aegypti), uso de telas em janelas e de repelentes, além da vacinação contra a doença.
Com informações da SES-RJ e da Rede de Hospitais São Camilo