O número de pessoas 60+ só cresce em todo o mundo e, em especial, no Brasil. O último censo do IBGE, em 2022, revelou que o país tem mais de 32,1 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que significa 15,8% do total da população do país. E cada vez mais a longevidade é sinônimo de independência. 

Muitas pessoas idosas conseguem manter a sua autonomia ao ultrapassar a barreira dos 60, 70 ou 80 anos ou mais. No entanto, um problema que chama atenção é o risco de quedas, acidente doméstico mais comum entre a população da ‘geração prateada’.

Segundo o Ministério da Saúde, as quedas são a terceira causa de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos e levaram a óbito 70.516 idosos, entre 2013 e 2022. As estatísticas apontam que aproximadamente um terço dos idosos, ou seja, mais de 10 milhões de pessoas, sofrem uma queda por ano no ambiente doméstico.

Dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), ligado ao Ministério da Saúde, apontam que 40% dos idosos com 80 anos ou mais sofrem quedas todos os anos. Uma em cada três pessoas com mais de 65 anos já sofreu uma queda e 60% desses acidentes ocorrem dentro de casa.

De acordo com informações do Datasus, no primeiro bimestre de 2024, foram registrados 17.136 atendimentos hospitalares e 9.658 atendimentos ambulatoriais, envolvendo idosos, na faixa etária de 60 a 110 anos. Em 2023, por exemplo, houve 106.401 atendimentos hospitalares e 45.684 ambulatoriais.

Punho quebrado leva pessoas 80+ para o hospital

Em um ano, 51% das internações foram por fratura no punho causada por queda, segundo levantamento do HSPE

Engana-se quem pensa que o fêmur é a parte do corpo mais crítica na hora de uma queda. Levantamento do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) revelou que entre maio de 2023 e maio de 2024, um dos principais motivos das internações de idosos de 80 anos ou mais é o de punho quebrado após queda.
Das 554 internações por fratura, 286 foram por punho quebrado (fratura da extremidade distal do rádio). Já no Pronto-Socorro do HSPE, no mesmo período foram atendidos cerca de 100 casos de fratura de quadril (fratura de fêmur proximal) em pacientes octagenários.
As partes mais comuns de fraturas em idosos são: quadril (por trauma lateral da bacia), punho e mão por apoio na queda, cotovelo e o ombro também em quedas laterais. Os incidentes ocorrem geralmente em casa ou em lugares comuns da rotina.

Quedas podem deixar sequelas dolorosas e permanentes

Apesar de os acidentes domésticos serem comuns e poderem afetar pessoas de qualquer idade, a Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico (SBTO) ressalta que, durante o período de envelhecimento, as quedas, principalmente, as que acontecem dentro de casa, são mais regulares e perigosas e podem causar sequelas dolorosas e permanentes. A entidade alerta para esse perigo comum no ambiente doméstico e ensina como evitar essas ocorrências.

Diversos fatores podem causar o aumento de quedas entre os idosos, como a fraqueza e perda muscular do corpo, efeitos colaterais de alguns remédios, perda de sensibilidade por distúrbios neurológicos, além de doenças ortopédicas ou prejuízo dos sentidos de visão e audição”, explicou o presidente da SBTO, Marcelo Tadeu Caiero.

No HSPE, as principais causas de queda em pessoas idosas são a fraqueza muscular, desequilíbrios, alterações na visão e na cognição. Para o ortopedista do hospital, Fabiano Rebouças, a osteoporose pode contribuir com o aumento da incidência destas fraturas.

Há muitas quedas por parte dos idosos por perda do centro de equilíbrio corpóreo dado pela coluna que com a idade começa a se curvar para frente (cifose). Há também a diminuição dos reflexos motores, a diminuição da força nos membros inferiores levantando menos os pés do chão o que facilita tropeçar, tonturas e vertigens, alterações da visão”, esclarece.

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Como prevenir quedas de idosos

Organização Mundial da Saúde (OMS) criou o Dia Mundial de Prevenção de Quedas, celebrado em 24 de junho, para conscientizar sobre os riscos desse tipo de acidente que é tão comum na população idosa brasileira.

A data também foi incluída no calendário do Ministério da Saúde para alertar sobre os riscos das quedas nessa faixa etária e conscientizar para a prevenção entre a população 60+.

Para prevenir as quedas, a SBTO recomenda uma abordagem multidisciplinar, partindo da avaliação clínica do idoso e de acompanhamento médico para identificar possíveis condições de saúde que aumentem o risco de queda. Entre essas condições estão problemas cardiovasculares, neurológicos e musculoesqueléticos.

Também é importante ainda que o idoso faça atividade física regular, com exercícios específicos para melhorar a força muscular, fortalecer e trazer mais equilíbrio, reduzindo o risco de quedas.

Além disso, recomenda-se uma dieta balanceada para manter a saúde óssea e muscular, prevenindo fraquezas, que podem ocasionar as quedas. A remoção de obstáculos, instalação de barras de apoio em banheiros e melhorias na iluminação também são úteis para evitar acidentes domésticos.

Os idosos têm que se adaptar às limitações da idade. Eles devem, além de modificar suas casas, evitar roupas que podem enroscar em seus pés e aderir ao uso de sapatos bem ajustados, de preferência fechados e com solados antiderrapantes e de borracha. Há diversas recomendações para que familiares auxiliem a pensar uma casa e rotina mais segura para o idoso”, aconselhou Caieiro.

Veja algumas medidas simples que podem prevenir quedas entre idosos

  • É preciso ainda evitar tapetes soltos pela casa;
  • instalar barras de segurança e apoio em locais estratégicos, como banheiros;
  • ter corrimão dos dois lados de corredores e escadas;
  • colocar tapete antiderrapante nos banheiros;
  • evitar andar em áreas com piso molhado;
  • evitar o uso de chinelos ou sandálias soltas nos pés;
  • evitar encerar a casa;
  • evitar móveis e objetos espalhados pela casa ou em corredores de circulação; e
  • deixar uma luz acesa à noite para o caso de precisar levantar da cama.

 

Ao andar na rua, também é importante adotar alguns cuidados, como:

  • esperar que o ônibus pare completamente antes de subir no veículo ou descer;
  • utilizar sempre a faixa de pedestres ao atravessar as ruas; e,
  • se necessário, usar bengalas, muletas ou instrumentos de apoio.

 

Tratamento nem sempre é tão simples

O tratamento de quedas pode ser mais delicado para as pessoas idosas devido às multicomorbidades pré-existentes como casos de osteoporose (porosidade nos ossos) e sarcopenia (quadro de perda de massa muscular durante o envelhecimento).
O acompanhamento clínico é fundamental, pois auxilia na prática de exercícios físicos que, além de fortalecer a musculatura, também torna o corpo mais resistente ao impacto. Além disso, é preciso atenção com o uso de muitos medicamentos e psicotrópicos (calmantes).

A recuperação de idosos não é simples. Uma fratura geralmente precisa de intervenção cirúrgica ou de períodos prolongados de imobilizações Isso porque os ossos não são tão saudáveis quanto ossos jovens, além da falta de força muscular nessa idade. Fraturas no fêmur, coluna vertebral e bacia podem diminuir a mobilidade de um idoso, além de necessitar de fisioterapia intensa para a recuperação”, diz o ortopedista Marcelo Caiero.

Com Assessorias

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