Dos tipos de câncer que afetam o sangue, a leucemia é a mais conhecida. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê 11.540 novos casos no Brasil neste ano, sendo o 10º tipo de câncer mais frequente entre a população brasileira. Ela é uma doença maligna dos glóbulos brancos, geralmente de origem desconhecida. Tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais.  A campanha Fevereiro Laranja visa alertar a população para a doença.

A campanha é importante para alertar a população sobre as leucemias, para que os sintomas possam ser percebidos de uma maneira precoce, para que o tratamento seja feito de uma fase mais inicial, para diminuir o risco para o paciente’’, pontua a hematologista Maria Amorelli.

 Também é importante para que a gente lembre das doações de sangue, que são de extrema importância nesses tratamentos das leucemias, e principalmente a doação de medula óssea. A hematologista também explica o que é necessário para se tornar um doador de medula. ‘

Hoje em dia para ser um doador de medula óssea você precisa procurar o hemocentro ou quando o hemocentro está em coleta externa, no ônibus. Quem tem entre 18 e 35 anos pode ser doador, tem que estar em bom estado de saúde, não pode ter uma doença grave e não pode ter uma doença infecciosa’’, pontua Maria Amorelli.

12 tipos de leucemia e seus sintomas

Existem 12 tipos de leucemias, sendo os mais comuns a leucemia linfoide aguda, recorrente em crianças, e a leucemia mielóide aguda, que atinge normalmente adultos. A especialista explica um pouco sobre a enfermidade. ‘

Leucemias são divididas principalmente em agudas e crônicas, e entre elas a gente ainda tem a divisão das mieloides e linfoides, que são tipos diferentes de células de defesa. A leucemia aguda é aquela doença que se instala muito rapidamente, os sintomas vão ser muito agressivos e intensos.

Ela ainda completa sobre a outra tipologia. ‘‘Nas leucemias crônicas é um quadro que normalmente se instala muito lentamente. Muitas vezes o paciente fica algum tempo sem tratar e os sintomas são bem diferentes. A instalação às vezes de uma anemia crônica, lenta, os leucócitos e os linfócitos aumentam muito. A gente pode ter o surgimento então dos gânglios, que são as adenomegalias, mas tudo de uma maneira muito mais lenta’’.

Grupos de risco: crianças e idosos são os mais vulneráveis

Há algumas pessoas que têm mais chances de desenvolver a leucemia. ‘‘O principal grupo de risco são as crianças na primeira infância, até os 10 anos, onde a gente tem uma alta incidência. Depois esse pico aumenta novamente nos idosos, principalmente para as leucemias crônicas”.

Na meia-idade a gente tem um pico para leucemias mieloides, nos adultos de 30, 40 anos, mas os fatores de risco estão associados a pacientes que já fizeram uso, por exemplo, de quimioterapia para tratamento de outro câncer, eles têm mais risco de desenvolvimento da leucemia”, destaca.

A idade de acometimento varia de acordo com o subtipo da doença, que, em linhas gerais, se divide em mielóide e linfóide, de acordo com a célula afetada. Em ambas as categorias, ela pode ser qualificada como sendo aguda ou crônica, considerando a velocidade de divisão dessas células e, portanto, a agilidade com a qual a doença se desenvolve.

As Leucemias Agudas podem ocorrer em todas as faixas etárias sendo que a LLA (Leucemia Linfóide Aguda) tem maior incidência na infância e juventude. Já a Leucemia Mielóide Aguda (LMA) é o tipo mais comum de leucemia em adultos, correspondendo a 80% dos casos neste grupo. A ocorrência de LMA aumenta com a faixa etária (maior incidência acima de 65 anos).

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Leucemia: entenda o câncer que afeta as células sanguíneas

A Leucemia é desencadeada por mutações genéticas nas células hematopoiéticas, responsáveis pela produção das células sanguíneas (glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas). Estas mutações fazem com que a célula hematopoiética passe a produzir uma grande quantidade de células anormais, que não conseguem amadurecer e desempenhar sua função normalmente, ocupando a medula óssea e impedindo que células normais sejam produzidas”, explica Mariana Oliveira, oncohematologista em uma clínica especializada de São Paulo.

Segundo a especialista, a doença não se trata de uma condição hereditária, mas sim de alterações genéticas adquiridas e que acabam por desencadear o surgimento do câncer. “Infelizmente, não existe uma forma de prevenção. Porém, é importante estar atento e procurar um médico sempre que tiver algum dos sintomas. Assim, será possível fazer os exames diagnósticos com rapidez e escolher o tratamento mais adequado para cada caso”, destaca Mariana.

Alguns fatores, como a exposição a produtos químicos, principalmente os derivados de benzeno, e à radiação em altos níveis, assim como algumas doenças genéticas como anemia de Fanconi e outras que afetam o sangue, podem elevar o risco de incidência da doença.

Pacientes que já fizeram radioterapia também têm um risco maior por conta dessa lesão que pode acontecer na medula óssea. Pacientes que foram expostos a benzeno e a agrotóxicos também podem entrar no maior grupo de risco’’.

Fique atento aos sintomas

Os principais sintomas são uma palidez cutânea, um cansaço súbito, por conta do quadro de anemia, pode haver manchas roxas pelo corpo, ou alguns sangramentos, como sangramento nasal, hematomas. Podem haver também infecção, por causa da defesa, que é a imunidade que vai cair, e febre, e algumas vezes até pequenas adenomegalias’’.

Ainda assim, estes são apenas fatores que podem contribuir para o surgimento da leucemia, mas não são regra. Diante disso, o principal conselho da onco-hematologista é que seja dada atenção aos sinais que podem ser indícios da doença.

Os sintomas das leucemias agudas incluem palidez, cansaço e sonolência, uma das consequências da queda na produção de glóbulos vermelhos (hemácias) e consequente anemia. Manchas roxas que surgem aparentemente sem traumas, pequenos pontos vermelhos na pele e/ou sangramentos mais intensos e prolongados após ferimentos leves também podem surgir em decorrência da diminuição na produção de plaquetas”, comenta a médica.

A redução na imunidade ocasionada pela baixa quantidade de glóbulos brancos faz com que a pessoa apresente infecções constantes e febre. “Dores ósseas e nas juntas, que podem dificultar a capacidade de locomoção, e dores de cabeça e vômitos são outros possíveis sintomas que não devem ser ignorados. Outro indício da doença pode ser ainda a perda de peso”, afirma.

A onco-hematologista de São Paulo frisa, contudo, que as leucemias crônicas são comumente descobertas por alterações identificadas no hemograma – exame de sangue que deve ser realizado periodicamente como parte da rotina, já que dificilmente apresentarem alterações evidentes à saúde. “Apenas em estágios mais avançados podem ocorrer sintomas similares aos casos agudos”, pontua.

Para fechar o diagnóstico, é recomendada a coleta de medula óssea para exames específicos (mielograma, biópsia, imunofenotipagem e cariótipo). Outros estudos complementares podem ser então sugeridos, de acordo com a subclassificação a ser estabelecida e análise de risco, para que seja assim definido o tratamento a ser adotado.

Como funciona o tratamento para leucemia?

Quando se fala em leucemia, é quase inevitável pensar no transplante de medula óssea. Mas a doença é muito mais ampla do que os casos que realmente necessitam desse procedimento.

Em muitos pacientes, o tratamento pode ser medicamentoso ao longo de toda vida, ou ainda a partir da própria quimioterapia, capaz de eliminar a doença. “Isso dependerá de cada caso. Como existem muitos tipos de leucócitos, temos também diversos tipos de leucemias”, explica Mariana.

Maria Amorelli comenta ainda sobre o tratamento da enfermidade. ‘‘O tratamento hoje na leucemia aguda continua sendo principalmente a base de quimioterapia, aquela bastante agressiva, algumas vezes é necessário nos casos mais resistentes lançar a mão de um transplante de medula óssea para que a gente possa ter uma possibilidade curativa. Nas leucemias crônicas muitas vezes o tratamento é feito até com um comprimido mesmo’’.

Tipos de tratamento de acordo com o tipo de leucemia

Podendo ser agudas (leucemia linfóide aguda e leucemia mieloide aguda) ou crônicas (leucemia linfocítica crônica e leucemia mieloide crônica), elas são definidas da seguinte maneira:

  • Leucemias agudas: necessitam de internação, exames de classificação e testes da medula óssea para a escolha da quimioterapia adequada ao paciente. Geralmente, a multiplicação das células mutadas é rápida e é mais comum em crianças.
  • Leucemias crônicas: possui um desenvolvimento lento e pode acompanhar o paciente ao longo de toda a vida, sem maiores complicações. Na maioria dos casos é mais comum em adultos e seu tratamento é realizado com consultas de rotina e prescrição de remédios.

“Temos que lembrar que os avanços nos tratamentos tiveram um salto importantíssimo. Um deles é a terapia car-t cell, em que os linfócitos do tipo T são tratados em laboratório para que possam analisar e reconhecer as células cancerosas, eliminando-as”, comenta.

Além disso, a leucemia possui altas chances de cura, podendo chegar a até 90%, no caso das crianças, e 50% em pessoas até 60 anos. “Apesar de não existir cura para alguns casos da doença, os tratamentos são eficazes para oferecer uma maior expectativa e qualidade de vida. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para o controle da leucemia“, finaliza Mariana Oliveira.

Com Assessorias

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