A gravidez não planejada representa um importante problema de saúde pública e, apesar da redução de casos no país exigir abordagens multifatoriais, o aumento do acesso aos métodos contraceptivos pode contribuir com a mudança desse cenário,

Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o número de gravidezes não planejadas no Brasil atinge 55,4% das parturientes. Entre adolescentes, os números são mais alarmantes: 60 a 83,7% das primeiras gestações não foram planejadas e a estimativa de gravidezes indesejadas ao ano no país é de 1,8 milhão, que resultam em 1,58 milhão de nascimentos; 159.151 abortamentos espontâneos e 48.769 abortamentos induzidos.

De acordo com a última pesquisa nacional realizada sobre aborto no país (PNA 2021), mais da metade (52%) do total de mulheres que abortou tinham 19 anos de idade ou menos, quando fizeram seu primeiro aborto. Deste contingente (abaixo de 19 anos), 46% eram adolescentes entre 16 e 19 anos e 6%, meninas entre 12 e 14 anos.

No estudo, a taxa de aborto mostrou queda no comparativo com as duas PNAs anteriores, realizadas em 2010 e 2016 e, em 2021, cerca de 10% das mulheres entrevistadas afirmaram ter feito pelo menos um aborto no decorrer de suas vidas, comparado com 13%, em 2016, e 15%, em 2010.

A pesquisa concluiu que a queda pode ser explicada pela tendência crescente do uso de métodos contraceptivos reversíveis na América Latina e no Caribe. A pesquisa indicou, ainda, que a gravidez não-planejada foi comum entre as mulheres no Brasil. Duas em cada três mulheres grávidas (66%) não havia planejado a gravidez.

Apesar da dificuldade de estabelecer relações causais, que a gravidez não planejada está associada com repercussões negativas tanto na esfera da saúde materno fetal, como na econômica e social, essas gestações são consideradas de risco, pois frequentemente estão associadas a algum tipo de hábito ou intercorrência obstétrica. As alterações mais observadas são:

  • a não realização adequada ou o início tardio do pré-natal
  • a não diminuição ou interrupção do consumo do fumo/álcool
  • aumento da incidência de abortamento, a prematuridade, o baixo peso no recém-nascido
  • menor chance de aleitamento

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Impacto social

Estudos têm demonstrado, em mulheres após gravidez não planejada, principalmente naquelas em que o casal já tinha o número de filhos desejado, uma forte associação de alteração ou má qualidade de saúde mental, aponta César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira.

A gravidez não planejada pode impactar negativamente a relação entre mãe e filho, inclusive, durante a gestação, vivências e experiências passadas pela gestante poderão influenciar a relação futura entre mãe e filho, diz o especialista.

Pesquisas sugerem que a gravidez não planejada reduz as oportunidades de educação e trabalho, contribuindo para a redução do crescimento socioeconômico e, consequentemente, para o agravamento das desigualdades sociais. Este tema é considerado um dos grandes desafios para o sistema de saúde pública, por ser responsável por um significativo custo financeiro e social para a sociedade.

A gravidez não planejada pode ser reduzida por meio de programas de melhoria de qualidade de vida, sendo os mais eficazes e com os melhores resultados os sócio econômicos, aqueles que atuam na formação do indivíduo e na sua educação. Também há necessidade de se implementar medidas preventivas, como promover informação sobre saúde, melhorar e adequar os sistemas de atenção e ampliar as técnicas destinadas ao acompanhamento e tratamento da mulher.

Métodos contraceptivos

A prevenção por meio de métodos contraceptivos é uma forma eficaz que pode trazer bons resultados. Uma das principais causas de gravidez não planejada é a necessidade não atendida de anticoncepção. Tanto a falta de métodos contraceptivos como a existência de poucas opções e o uso incorreto propiciam a gravidez não planejada. Desta forma, o método escolhido, a frequência e o tipo de uso ao longo do tempo podem reduzir este risco.

Entre os métodos existentes que ajudam no planejamento familiar estão:

Métodos hormonais:
Contraceptivo oral combinado

Contraceptivo oral de progestagênio isolado

Injetáveis mensais

Injetáveis trimestrais

Anel vaginal

Adesivo

Implante subdérmico
SIU liberador de levonorgestrel

Métodos não hormonais:
– de barreira:

camisinha feminina e masculina

diafragma

 

– comportamentais:

tabelinha

coito interrompido

– DIU de cobre/cobre com prata

 

Métodos definitivos:
Laqueadura
Vasectomia

*A eficácia dos métodos hormonais é semelhante aos métodos definitivos

 

 

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