Na madrugada desta sexta-feira (19), uma falha na atualização de conteúdo relacionada ao sensor de segurança CrowdStrike Falcon, que serve para detectar possíveis invasões de hackers, foi a causa do apagão cibernético que deixou milhares de empresas e pessoas em todo o mundo sem acesso a sistemas operacionais, especialmente o Windows, da Microsoft. O evento afetou indústrias e serviços de diversos tipos, desde bancários, de transporte, de saúde até meios de comunicações de todo o mundo.

O apagão cibernético global acendeu um alerta para a nossa crescente dependência digital, sobretudo de aplicativos e outras tecnologias disponíveis na palma da nossa mão, em um único dispositivo: o smartphone. Afinal, foi-se o tempo em que o aparelho funcionava para fazer ligações telefônicas. Hoje, toda a nossa vida está dentro do celular. O medo irracional de ficar sem celular, também chamado de nomofobia, é um tipo de ansiedade que surgiu na era digital e que afeta pessoas de todas as faixas etárias.

O Brasil já ocupa o quarto lugar no ranking mundial de pessoas com o transtorno. Dados da Associação Brasileira de Medicina (ABM) apontaram que, em 2021, 10% dos brasileiros sofriam de nomofobia. Já uma pesquisa realizada pela Universidade McGill de Montreal, no Canadá, indica que o Brasil fica atrás apenas da Malásia, Arábia Saudita e China no ranking global de viciados em smartphones.

Esse sentimento de medo, pânico ou ansiedade intensa por sentir falta do aparelho faz com que a pessoa se torne dependente fisicamente, como se fosse um usuário de drogas. A partir desse acúmulo de funções nos celulares, sua importância extravasou os limites do razoável que se utiliza no dia a dia”, afirma Roberto James, mestre em psicologia e especialista em comportamento do consumidor.

De fato, os avanços tecnológicos recentes têm modificado a forma e a intensidade da comunicação entre as pessoas. As cada vez mais modernas, instantâneas e variadas plataformas de mensagens e redes sociais possibilitam uma realidade que não era imaginada há pouco tempo. Essas novas ferramentas e recursos modificaram o comportamento das pessoas e o seu uso excessivo vem sendo normalizado em todas as faixas etárias, no mundo todo.

Um dos aspectos mais atraentes dessas tecnologias é a possibilidade de inclusão social proporcionada pela utilização da internet como campo de encontro num imenso mundo virtual.  Isso dá aos usuários um universo de possibilidades, inimaginável num passado não muito remoto. Porém, o uso excessivo de smartphones, por exemplo, deixa as pessoas – inclusive crianças – dependentes, desencadeando o transtorno.

Essa dependência do celular como ferramenta para os afazeres do dia a dia, indica razões sociais, funcionais, orgânicas e de saúde para ser desencadeada. O smartphone passou a agrupar funções antes realizadas por computadores, que em décadas passadas era utilizado apenas para o trabalho. Hoje, confunde-se lazer com obrigações diárias e até mesmo com o estudo”, ressalta o especialista.

Segundo ele, a função de um smartphone não é desenvolver dependência no indivíduo. É preciso lembrar os pontos positivos dessa tecnologia, como aproximar pessoas e obter informações em tempo real.

O que se precisa discutir são os excessos, os limites ultrapassados e a sua dependência, que causa transtornos e modifica a qualidade de vida do indivíduo. Esse uso exagerado atrapalha o desenvolvimento dos mais jovens e causa problemas de relacionamento e desempenho nos adultos, restringindo suas vidas”, conclui o especialista.

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Por que nomofobia?

O termo nomofobia, que foi criado no Reino Unido, deriva do inglês e é uma abreviação da expressão no-mobile-phone phobia (algo como “fobia de ficar sem celular”) e foi cunhado durante uma pesquisa realizada pela organização UK Post Office.

Ele surgiu para indicar a angústia ou o desconforto causado pelo medo de ficar offline, ou seja, pelo temor de ficar incomunicável por meio da internet, do computador ou do telefone celular.

Esse transtorno, que é físico e mental, é causado pelo uso excessivo de celulares e está sendo discutido em diversas esferas, sendo um distúrbio multifatorial.

Pessoas com nomofobia não saem de casa sem o celular, mantendo-se atentas e conectadas ao aparelho 24 horas por dia.

Como identificar os sinais de alerta

Para diagnosticar o distúrbio, é importante identificar os sintomas para que a dependência seja tratada e não se torne um problema ainda maior na vida do indivíduo.

Roberto James, especialista em comportamento de consumo lista alguns sinais de alerta para saber quando é indicado procurar um especialista:

  • Sensação de que o celular está tocando ou vibrando a todo o momento, mesmo sem novas notificações ou ligações
  • Taquicardia ou sudorese quando acha que esqueceu ou perdeu o aparelho
  • Angústia, mau humor ou irritação quando está sem sinal de internet
  • Incapacidade de diminuir o tempo que fica conectado

 

Saiba mais sobre o apagão cibernético

A gigante da tecnologia Microsoft informou neste sábado (20) que o apagão tecnológico que afetou diversos setores ao redor do mundo prejudicou 8,5 milhões de máquinas com o Windows, software fabricado pela Microsoft. Montante representa menos de 1% do total dos processadores da empresa, segundo informou a companhia.

“Embora a porcentagem tenha sido pequena, os amplos impactos econômicos e sociais refletem o uso do CrowdStrike por empresas que executam muitos serviços críticos”, afirmou a companhia em blog.

A Microsoft explicou que o apagão ocorreu porque a CrowdStrike – empresa independente de segurança cibernética – fez uma atualização do sistema, o que levou ao apagão de softwares de Tecnologia de Informação (TI) em todo o mundo.

“Desde que este evento começou, mantivemos comunicação contínua com nossos clientes, CrowdStrike e desenvolvedores externos para coletar informações e agilizar soluções. Reconhecemos a interrupção que este problema causou para as empresas e nas rotinas diárias de muitas pessoas”, acrescentou, em nota, a empresa.

A Microsoft disse ainda que trabalha junto à CrowndStrike para desenvolver uma solução, mobilizando “centenas de engenheiros e especialistas” para atuar diretamente com os clientes e restaurar os serviços. Colaboraram também outros provedores de nuvem – serviços de armazenamento on-line de dados – como a Google Gloud Platform e a Amazon Web Services (AWS).

Ao finalizar o informe, a gigante da tecnologia disse que o apagão demonstra a natureza interconectada de todos os sistemas que cercam o ambiente cibernético. “Também é um lembrete de quão importante é para todos nós no ecossistema de tecnologia priorizar a operação com implantação segura e recuperação de desastres usando os mecanismos que existem”, concluiu.

Com Agência Brasil

 

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