A cantora Ludmilla e sua esposa, a dançarina e ex-BBB Brunna Gonçalves, deram início ao processo de FIV (fertilização in vitro), em uma clínica na Flórida, Estados Unidos. “Grandes coisas estão por vir”, postou Ludmilla no fim de outubro, quando elas estiveram em Miami.
“Há duas semanas, o casal BruMilla visitou uma clínica de fertilização e se informou para iniciar o processo de preparação e cuidados. Esse desejo de aumentar a família é uma vontade de ambas, expressada diversas vezes em entrevistas, e que irá se concretizar em breve”, diz a nota divulgada pela assessoria de imprensa da cantora.
A notícia sobre o tratamento para engravidar foi dada no dia seguinte a uma enxurrada de críticas nas redes sociais em torno da apresentação de Ludmilla no GP Brasil de Fórmula 1, em São Paulo, em que a cantora teria esquecido ou errado a letra do Hino Nacional.
“Nova Vanusa?”, compararam os internautas, referindo-se à cantora que anos atrás errou a letra do hino na Assembleia Legislativa de São Paulo – na época, alegou que era efeito de um remédio para labirintite. Já Ludmilla alegou problema no som. E resolveu repetir o hino, a capela e sem erros, na noite de terça-feira (7), na entrega do Prêmio Multishow.
A decisão de engravidar com apoio de técnicas de reprodução assistida já havia sido anunciada em março deste ano. Na ocasião, Brunna disse que elas pretendiam ter um filho em 2024, por motivos profissionais de ambas.
Essa, no entanto, não foi a primeira ocasião em que Brunna revelou a vontade de ser mãe, um dos seus sonhos de vida. As duas estão casadas desde dezembro de 2019, após oficializarem a união em uma cerimônia surpresa e intimista, com a presença de amigos e familiares do casal.
Outros casais homoafetivos famosos que tiveram filhos por reprodução assistida
A decisão de Ludmilla e Brunna não é novidade no meio dos famosos. Nos últimos anos, outros casais homoafetivos também resolveram entrar para o mundo da maternidade/paternidade por meio de métodos de reprodução assistida.
A atriz Nanda Costa e a esposa Lan Lanh são mães das gêmeas Kim e Tiê, nascidas em outubro de 2021. Em 2022, a jogadora de futebol Cristiane Rozeira foi mãe de Bento, fruto do relacionamento com a esposa Ana Paula.
Paulo Gustavo, que morreu em maio de 2021 aos 42 anos, em decorrência de complicações da Covid-19, também realizou o sonho de ser pai com seu marido, o médico Thales Bretas, – os meninos Gael e Romeu têm 4 anos.
Apesar de cada vez mais comum, o procedimento para casais homoafetivos femininos e masculinos gerarem um filho biológico por meio da reprodução assistida ainda gera muitas dúvidas. Como gerar crianças que tenham as características dos dois?
Os avanços da medicina reprodutiva e as recentes resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) têm ajudado inúmeros casais na realização deste sonho no Brasil.
“Uma dessas resoluções aconteceu no ano de 2021, em que foi permitido que familiares de até quarto grau possam doar seus gametas para ajudar no tratamento de um casal homoafetivo, desde que não incorra em consanguinidade”, afirma Nilo Frantz, especialista em reprodução humana da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, em São Paulo.
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Qual o melhor procedimento para casais homoafetivos?
Com o advento da reprodução humana, hoje é possível auxiliar mais famílias a se formarem. Todo casal homoafetivo feminino ou masculino que sonha em ter um bebê, hoje pode ter a possibilidade de realizar seu sonho.
Existem diversos métodos de reprodução assistida, normalmente, o mais indicado para casais homoafetivos é a técnica da fertilização in vitro, conhecida como FIV. Porém, é necessário que o casal passe por um longo processo, já que o tratamento possui muitos detalhes.
“No caso de casais formados por duas mulheres existem duas opções. Uma das duas gerar um bebê com seu próprio óvulo ou uma dar o óvulo e o embrião ser gerado na barriga da outra”, afirma a médica ginecologista e obstetra Alyssa Françozo, diretora de comunicação da AMCR (Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil).
Para os casais formados por duas mulheres, o material genético masculino vem da doação de sêmen. “No entanto, é preciso escolher qual das duas futuras mães vai doar os óvulos e carregar o embrião”, explica Nilo Frantz.
Segundo Dra Alyssa, o sêmen pode ser escolhido em banco de sêmen ou ser doado de um parente de até quarto grau. “No caso de doação de familiar o semen não pode ser utilizado em um parente de sangue, portanto, tem que ser da parceira que não usará o óvulo”, ressalta.
Gestação compartilhada: óvulos da parceira mais jovem
O especialista conta que também pode ser feita a gestação compartilhada, caso as mulheres não tenham problemas de infertilidade. Neste caso, uma das mulheres doaria os óvulos e a outra gestaria.
“Como a idade é um dos principais fatores que interferem na qualidade dos óvulos, é aconselhável que se opte pelo material genético da parceira mais jovem”, ressalta Frantz.
Não é apenas a mãe que doou os óvulos que poderá transmitir suas características ao filho, a mãe que gestou também conseguirá. De acordo com estudos, a epigenética ajuda nesta construção, ajudando no desenvolvimento e na formação do bebê desde o útero.
Já as etapas do procedimento ocorrem como em outras situações de fertilização in vitro, a mulher passa por uma estimulação ovariana, que ajuda com que ela possa liberar o maior número de óvulos, em seguida os óvulos são coletados para serem fecundados com os espermatozoides em laboratórios. Os espermatozoides podem ser usados do banco de sémen da clínica escolhida, ou então de um parente de até 4º grau de uma das duas.
Certidão de nascimento com duas mães
Em qualquer uma das opções a criança terá registrado duas mães em sua certidão de nascimento, tendo então legalmente as duas os mesmos direitos sobre o filho(a), como ressalta dra Alyssa.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou em 2017 uma norma em que as certidões de nascimento emitidas no país deveriam ter o campo “filiação” ao invés de “pai” e “mãe”, o que abrangeria casais homoafetivos.
“Há também uma resolução do CFM, que regulamenta o registro de crianças com dois pais ou duas mães em casos de reprodução assistida ou barriga solidária”, explica Nilo Frantz.
Para isso os casais homoafetivos precisam levar os seguintes documentos ao registrarem seus filhos:
– Declaração de Nascido Vivo (DNV);
– Declaração com firma reconhecida, do diretor técnico da clínica de Reprodução Assistida indicando a técnica escolhida
– Formalização de que a criança gerada em laboratório nasceu por meio do uso de material genético doado;
– Certidão de casamento, união estável em casamento, escritura pública de união estável ou sentença em que se reconhece a união estável do casal;
– RG e CPF do casal;
– No caso das gestações que utilizam útero de substituição ou barriga de aluguel, é necessária a apresentação do termo de compromisso firmado pela doadora temporária do útero.
Com Assessorias
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