De acordo com o IBGE, no Brasil, existem cerca de 9 milhões e 700 mil pessoas com deficiência auditiva, que vivem o desafio de conseguir a inclusão social, apesar das limitações de comunicação. Há uma diferença na educação do grupo com deficiência auditiva e da população em geral. Enquanto 89,5% da população geral, com 5 anos ou mais, era alfabetizada, no grupo dos deficientes auditivos, o percentual caiu para 75,5%.

No Dia do Surdo (26 de setembro), comemora-se a aprovação do Projeto de Lei 2040/11 pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que traz a obrigatoriedade de se ensinar nas escolas a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). Desde 2002, ela foi reconhecida legalmente como a língua de comunicação e expressão da comunidade surda brasileira. Mas menos de 30% das pessoas com audição deficiente usa a Libras.

Diante deste cenário, a inserção no mercado de trabalho se torna um dos desafios. Colaboradora da linha de produção Priscila Martins, de 30 anos, foi contratada em 2017 pela fábrica da Jean Darrot, no município de Trindade (GO). Sua colega Wanda, de 41 anos, atua no setor de fiscalização de roupas e chegou na mesma época. Elas dizem que o acolhimento e o respeito por parte do colegas é grande, mesmo que eles não tenham o pleno domínio na linguagem de sinais. Wanda e Priscila acreditam que se os interlocutores aprenderem a se comunicar com a comunidade surda, a inclusão se tornará mais efetiva.

“Eles se esforçam para se comunicar com a gente. Nos sentimos acolhidas e percebemos que a empresa está aberta a inclusão”, destaca Wanda ao acrescentar que o seu trabalho na fábrica é fundamental para que ela consiga dar condições dignas de vida aos seus dois filhos.

 Ao todo, a indústria emprega seis profissionais com essa condição. No trabalho, de acordo com o diretor de recursos humanos da empresa, Antônio Pelágio Ferro, esses profissionais têm ensinado bastante para toda a equipe. “Não posso afirmar que sou fluente na linguagem dos sinais, mas posso dizer que  consigo me comunicar com eles”, relata, ao destacar que admira a força de vontade e a energia de superação de todos os profissionais com deficiência que estão no quadro da indústria.

“Falamos muito em política de inclusão para beneficiar as minorias, mas é importante falar que cada um dos 560 trabalhadores da fábrica aprendem com a convivência com eles. Somos muito felizes e gratos por tê-los em nossa equipe”, finaliza Pelágio.

CCBB anuncia festival de cinema em libras

Se no mercado de trabalho, ainda há muitos desafios para os deficientes auditivos, na área cultural a coisa começa a melhorar. Alguns espetáculos já oferecem a linguagem em libras para este público. A boa notícia é o Centro Cultural Banco do Brasil, que acaba de anunciar a nona edição do “Assim Vivemos – Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência“, o primeiro festival de cinema no Brasil a oferecer acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva (legendas inclusivas nos filmes e interpretação em LIBRAS nos debates) e com deficiência visual (audiodescrição em todas as sessões e catálogos em Braille).
Confirmado para os meses de outubro e de novembro, o festival ocupará as sedes do CCBB nas seguintes datas:  São Paulo (2 a 14 de outubro), Rio de Janeiro (23 de outubro a 4 de novembro) e Brasília (12 a 24 de novembro). Além da exibição de filmes, serão promovidos quatro debates em cada cidade. Toda a programação tem entrada franca. As sedes dos CCBBs são acessíveis para pessoas cadeirantes ou com mobilidade reduzida.
O festival exibe documentários, filmes de ficção e animações que mostram a pessoa com deficiência como protagonista, colaborando para quebrar preconceitos que ainda são obstáculos para a realização de sua cidadania plena. Os temas são variados – amor, esporte, arte, entre outros – reunindo histórias e experiências de e sobre a pessoa com deficiência.
Serão oferecidos cinco prêmios do júri e um do público, destinado ao filme escolhido nas três cidades. Os membros do júri são pessoas com deficiência, artistas e profissionais ligados ao tema e, em cada edição, o júri cria novas categorias de prêmios, a fim de destacar as qualidades específicas dos filmes premiados. O troféu foi criado pela artista cega Virginia Vendramini.
Para esta edição, 38 produções entre curtas, médias e longas-metragens de 20 países foram selecionadas para integrar a programação do “Assim Vivemos” , que recebeu 1064 inscrições de diversos lugares. Essa edição contará com obras da Alemanha, Bélgica, Bielorrússia, Bósnia e Herzegovina, Brasil, Canadá, Eslováquia, Espanha, Estados Unidos, Índia, Irã, Israel, Itália, Nigéria, Noruega, Nova Zelândia, Portugal, Reino Unido, Rússia e Suécia.
Os países com maior número de produções – cinco cada – são Brasil, Itália e Nova Zelândia. Estados Unidos e Reino Unido serão representados com três filmes cada e, da Índia e da Rússia virão dois. Os outros participam com uma obra cada entre os curtas, médias e longas-metragens.
Selecionamos filmes que formam um painel rico e plural das questões mais atuais das pessoas com deficiência em diferentes culturas. As produções refletem uma nova condição das pessoas com deficiência, que hoje recebem mais atenção da mídia e da sociedade. As pessoas com deficiência estão conquistando mais visibilidade e mostrando que batalhar pela inclusão é fundamental para a garantia da cidadania no mundo todo”, comenta Lara Pozzobon, uma das curadoras do festival.

Site em libras

O Dia Nacional do Surdo se faz necessário para motivar e alertar iniciativas voltadas para acessibilidade dos surdos, relembrando os direitos desta comunidade, principalmente diante do setor privado.
A importância de ter um site acessível aos surdos deve-se ao fato de que nem todo deficiente auditivo tem a mesma familiaridade com informações escritas em português, uma vez que aprendem primeiro a linga dos sinais.
Banco BMG traduziu em linguagem visual todo o conteúdo de seu site institucional e de seu parceiro esportivo, o Sport Club Corinthians. Com esta iniciativa, os portais estão mais acessíveis e em sintonia com mais de dez milhões de deficientes auditivos brasileiros.
Por meio do simpático Hugo, um avatar em animação 3D de óculos e mãos grandes, as informações são repassadas aos usuários com deficiência auditiva. Desde a implementação do projeto, há cerca de 1 ano e meio, o BMG já contabilizou mais de 2,5 milhões de traduções em seu site. O Corinthians, por sua vez, introduziu a funcionalidade há poucas semanas e já conquistou mais de 20 mil interações com o plugin.

Com Assessorias

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