Afinal, o que é preciso para ser um bom pai?

Ator Julio Rocha fala de sua experiência como pai de três filhos. Psicanalista avalia mudança no papel dos pais atualmente

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O mundo mudou e com ele surgem novos pais, cada vez mais compromissados com a paternidade ativa. É o caso do ator Julio Rocha, que apostou na carreira da internet e tem conseguido passar mais tempo ao lado de sua família. Para ele, este Dia dos Pais será ainda mais especial com a chegada da caçula Sarah, que está com três meses – ele também é pai de José, de 4 anos, Eduardo, de 3.

Julio, que não abre mão de ter as crias por perto, assume que o medo de falhar existe, mas entende que isso é normal: “Cometer erros faz parte da vida. Por mais que estejamos sempre tentando ser perfeitos, é impossível não sentir medo de falhar. Mas como reagimos e trabalhamos essas falhas é o que nos faz crescer”, diz.

A psicanalista Nathalia de Paula avalia como muito positiva a mudança no papel dos pais da atualidade. “O que anteriormente era considerado uma responsabilidade exclusiva das mães está evoluindo para um modelo colaborativo e equitativo”, enfatiza.

Segundo ela, os pais estão “desafiando normas preestabelecidas, optando por uma plena participação desde o início na jornada da paternidade”. “Essa transformação vai muito além de simplesmente trocar fraldas e dar comida aos bebês; ela envolve a construção de uma conexão emocional profunda e duradoura com os filhos“, avalia (confira o artigo completo na íntegra abaixo).

‘Ser pai é um equilíbrio; aprendemos demais com nossos filhos’

O ator Julio Rocha falou sobre o que pensa sobre paternidade e sobre a relação com as crianças.

“Ser pai é ser base, ser guia, ser uma estrutura de criação e crescimento para os filhos. Estar ali provendo amor, carinho e ensinamentos que possam ajudá-los a crescer da melhor forma possível. Mas, também, posso dizer que ser pai é ser aluno porque aprendemos demais com nossos filhos. É um equilíbrio. E mesmo que pareça clichê, eles significam tudo para mim. São a minha base, tudo que sou e faço é pelos meus filhos. É simplesmente o amor mais puro que existe no mundo”, revelou.

Ao lado da esposa Karoline Kleine, ele tenta definir a personalidade de cada filho: “É quase impossível definir cada um dos meus filhos com uma palavra, mas sinto que o José é intenso, o Dudu é hilário e a Sarah é pureza”. Ainda sobre Sarah, diz que a caçulinha trouxe novas vivências para a família:

“Com cada filho a gente viveu experiências novas porque foram momentos muito distintos que passamos. Mas com a Sarah, principalmente por ela ser a nossa primeira menina, tive que me adaptar para conseguir cuidar dela de uma forma diferente. Presto atenção em algumas coisas que não via antes, e conforme eles forem crescendo, vou continuar evoluindo pra ser o melhor pai possível”, garantiu.

“A mesma coisa sobre ter uma rede de apoio. Com a minha vivência, é impossível chegar longe sem ter por perto pessoas que te ajudem a trilhar esse caminho. Temos que estar próximos de pessoas que nos querem bem, que colocariam a mão no fogo por nós. Sou muito feliz por ter com quem contar”.

Para o ator, amor e respeito são valores indispensáveis a se passar para um filho. “Na verdade, é indispensável para todos. Infelizmente, o mundo é um lugar complicado, já temos tragédias demais e a cura pra isso tudo é o amor e o respeito. Passar isso para os meus filhos é importantíssimo porque saber que, com essa base, eles serão bons seres humanos, é algo que me move muito”, finalizou.

Leia mais em nosso Especial Pais 2023

 

Palavra de Especialista

Pais modernos: desafios e conquistas na busca pela equidade familiar

Por Nathalia de Paula*

Nos últimos anos, uma notável e positiva revolução tem moldado as convicções arraigadas sobre a paternidade. Esta mudança gradual nos papéis de gênero está transformando a maneira como criamos e educamos nossos filhos, com os pais adotando um papel cada vez mais ativo e comprometido na dinâmica familiar.

O que anteriormente era considerado uma responsabilidade exclusiva das mães está evoluindo para um modelo colaborativo e equitativo. Os pais estão desafiando normas preestabelecidas, optando por uma plena participação desde o início na jornada da paternidade. Entretanto, essa transformação vai muito além de simplesmente trocar fraldas e dar comida aos bebês; ela envolve a construção de uma conexão emocional profunda e duradoura com os filhos.

Essa mudança de paradigma é resultado de uma interseção complexa de fatores sociais e culturais. O surgimento do feminismo e a busca contínua pela igualdade de gênero trouxeram à tona a necessidade de compartilhar responsabilidades e tarefas domésticas. Conforme mais mulheres ingressaram no mercado de trabalho, naturalmente surgiu uma maior demanda por uma divisão mais igualitária das obrigações familiares.

A pesquisa científica tem apresentado de maneira persuasiva os benefícios inegáveis do envolvimento paterno no desenvolvimento saudável e equilibrado das crianças. Pais modernos estão gradualmente reconhecendo que sua participação ativa não é somente uma contribuição valiosa, mas também uma parte intrínseca e essencial do crescimento de seus filhos.

Estudos ao longo dos anos têm pintado uma imagem clara e convincente dos efeitos positivos da presença ativa dos pais no desenvolvimento de suas crianças. A participação ativa dos pais está associada a uma variedade de resultados benéficos, incluindo melhor desempenho acadêmico, aumento da autoestima, habilidades sociais mais avançadas e uma maior capacidade de enfrentar desafios.

Pesquisas indicam que pais envolvidos emocionalmente na vida de seus filhos podem contribuir para um ambiente familiar mais positivo e de apoio, resultando em um bem-estar emocional significativamente aprimorado para as crianças. A presença paterna não apenas auxilia na redução do estresse e da ansiedade nas crianças, mas também exerce um papel protetor contra problemas comportamentais e emocionais.

Interação paterna tem impacto no desenvolvimento cognitivo das crianças

Adicionalmente, a interação paterna pode ter um impacto profundo no desenvolvimento cognitivo das crianças. Pais engajados frequentemente participam de atividades que estimulam o pensamento crítico, a curiosidade e a resolução de problemas. Essas interações enriquecedoras podem contribuir para o desenvolvimento de habilidades cognitivas essenciais, preparando as crianças para um sucesso acadêmico e profissional futuro.

Atualmente, é comum observarmos pais buscando aprender habilidades que eram tradicionalmente rotuladas como “femininas”, como cozinhar, cuidar da casa e auxiliar nos estudos dos filhos. Contudo, eles não se limitam a serem meros auxiliares, estão liderando, compartilhando suas paixões, interesses e valores com suas famílias. Essa evolução é um testemunho do poder do amor paterno e da determinação em desafiar normas sociais ultrapassadas.

Além disso, as transformações na cultura popular e nas mídias sociais têm contribuído para a representação e normalização da paternidade ativa. Celebridades e influenciadores estão cada vez mais compartilhando suas próprias experiências como pais envolvidos, contribuindo para a desconstrução de estereótipos obsoletos e promovendo um novo ideal de paternidade.

Apesar desses avanços encorajadores, entretanto, ainda há um longo caminho a percorrer. Muitos pais ainda enfrentam barreiras culturais e institucionais que dificultam sua participação plena na vida familiar. A desconstrução completa dos estereótipos de gênero exige uma mudança generalizada de mentalidade, tanto a nível pessoal quanto em âmbito mais amplo.

Nathalia de Paula é psicanalista clínica e educadora parental especializada em terapia emocional de famílias e terapia integrativa do sono infantil. Além disso, ela é co-fundadora e gestora do Instituto Lumina Educacional desde 2017, uma escola de ensino regular com educação infantil e fundamental. Para mais informações, acesse @nathaliadepaula.parental ou @nasuapsique.

Com Assessorias

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