O Dia dos Pais celebra o amor, fomenta o comércio e faz pensar em assuntos de parentalidade, incluindo a importância de se falar sobre licença paternidade. No Brasil, funcionários do sexo masculino recebem apenas cinco dias corridos de licença paternidade remunerada a partir do primeiro dia útil após do nascimento da criança, número bem menor do praticado em outros países, especialmente na Europa (veja o ranking abaixo).  No modelo tradicional da licença parental oferecida pela CLT brasileira, as mães contam com 120 dias de licença-maternidade, podendo aumentar para 180.

Uma proposta de aumentar o tempo das licenças – tanto para pais quanto mães – já integra o programa do governo Empresa Cidadã, que concede benefícios fiscais às empresas que oferecem aos colaboradores o prolongamento da licença maternidade e da licença paternidade. No programa, o governo aumenta o período oferecido às mães e pais em 60 dias para as mães e 15 dias para os pais, respectivamente.

Algumas empresas, entretanto, já estão aplicando a licença parental estendida por conta própria, em busca de promover a equidade de gêneros. Há casos em que a empresa iguala o período de licença entre os gêneros (até 180 dias), e alcança outras formações familiares, como casais homoafetivos e pais ou mães que desejam adotar uma criança.

Para especialistas, o novo modelo “promove a reflexão sobre papel da figura masculina na criação dos filhos – o que histórica e socialmente é delegado às mães – e pode ser chave para diminuir disparidade de gêneros”.

Zoop adota licença parental igual para mães e pais em 180 dias

A  licença parental estendida já é realidade há dois anos na Zoop – fintech líder em finanças embarcadas sediada no Rio de Janeiro. A empresa estabeleceu, desde junho de 2021, a nova política como ação de promoção à diversidade e à equidade, igualando o período de licença para mães e pais em 180 dias (6 meses), sendo válida também para famílias homoafetivas e no caso de adoção de crianças.

Até o momento, cerca de 30 funcionários já usufruíram do benefício na Zoop, sendo a maioria homens (19). É o caso de Rodrigo Goulart, de 33 anos, que conta sobre  a experiência de estar mais perto da família.

“Sou eternamente grato por ter tido essa oportunidade de me dedicar exclusivamente ao meu filho nesse período. Não tem preço que pague isso. Foi muito prazeroso e emocionante conseguir acompanhar de perto cada nova descoberta, nova ação, nova expressão, evoluções corporais… foi simplesmente fantástico!”, comenta.

Outro funcionário que utilizou o benefício da Zoop, Pedro Gentil, de 32 anos, conta que a experiência única fortaleceu a relação com a esposa e com a família.

“Com a minha primeira filha eu só pude ficar perto durante o período tradicional da licença, de cinco dias, que era o mínimo de apoio que minha esposa precisava. Já nessa gestação, acompanhar o crescimento, estar disponível para dividir a responsabilidade com ela e estar próximo para qualquer situação, foi muito gratificante”, relata.

Além da extensão do período de licença, a Zoop desenvolveu um programa que engloba estratégias para a conscientização e ofereceram aos colaboradores apoio antes, durante e após a retomada ao trabalho, assim como auxílio das lideranças e a possibilidade de voltar às suas funções gradualmente.

“A política de licença parental estendida vem como uma iniciativa de promoção da diversidade e equidade, reforçando a importância do papel dos pais e mães no cuidado e desenvolvimento das crianças, enquanto promove uma revisão de papéis e divisão mais igualitárias de responsabilidades entre os cuidadores da criança”, avalia Kenny Carvalho, diretor de Gente e Cultura na Zoop.

Na Diageo, licença familiar de 26 semanas para mães e pais

Há dois anos, a Diageo, produtora de bebidas proprietária das marcas Johnnie Walker, Tanqueray, Smirnoff, Ypióca, também estendeu a todas as equipes da companhia uma licença paternidade e maternidade de 26 semanas, ou seis meses de duração, com a manutenção de salários e benefícios. A política de licença familiar da Diageo abrange todos os tipos de casais e é válido também para pais que adotam.

O sucesso da iniciativa pode ser medido pelo índice de aceitação: 90% dos homens da companhia que se tornaram pais neste período aderiram. Nos últimos dois anos, a política de licença familiar da empresa, que conta com 700 funcionários, já beneficiou 65 pessoas, sendo 33 mulheres e 32 homens.  Os beneficiados fazem parte de todos os setores da companhia, desde administrativo, fábrica ou vendas, e estão presentes em todos os níveis hierárquicos.

Leonardo Damando, gerente regional de vendas da Diageo em Curitiba (PR), conta que a experiência de seis meses foi indescritível e aumentou ainda mais sua conexão com família.

“Certamente esta experiência gerou um vínculo maior com meus filhos e também com minha esposa. Não tinha conhecimento de que seria possível conciliar de tal maneira vida pessoal e profissional. Aproveitamos este período para nos dedicarmos inteiramente às crianças. De fato, a ação ressignificou meu papel de pai”.

Kelson de Souza, mecânico de manutenção na fábrica da Diageo em Fortaleza (CE), conta que a iniciativa o ajudou a estar presente em todas as fases dos primeiros seis meses de vida de seu filho.

“Foi muito gratificante. Consegui acompanhar meu filho em tempo integral, nas vacinas, consultas, apoiando o seu desenvolvimento, além de todo suporte que pude dar à minha esposa.

Para Maria Gabriela Herrera, diretora de Recursos Humanos da Diageo PUB (Paraguai, Uruguai e Brasil), a aderência é muito significativa e mostra o impacto positivo gerado da iniciativa.

“Esperamos ajudar nosso time a colocar foco na construção de suas famílias, sem abrir mão de prosperar na vida profissional, além de garantir tanto às mulheres quanto aos homens a oportunidade de cuidarem de seus bebês independentemente de onde morem ou trabalhem. A política oferece de forma igualitária direitos e oportunidades para mães e pais dentro da empresa e possibilita aos funcionários homens a ressignificação de seu papel como pais e cada vez mais assumirem suas responsabilidades de forma igualitária“, afirma.

Ranking dos países com as melhores políticas de licença-paternidade

Os períodos praticados de licença paternidade são mais curtos na América Latina. Ao lado do Brasil, países como México e Chile têm um período mais enxuto para se dedicarem aos filhos: ambos disponibilizam cinco dias para os pais após o nascimento da criança.

A Argentina aparece na lanterna da lista, com apenas dois dias de licença paternidade para os funcionários. No Uruguai, a licença dura 13 dias, enquanto na Colômbia são duas semanas. Já no Equador, os funcionários recebem dez dias de licença remunerada.

Em comemoração à data, a Atlas, HRtech especializada em Employer of Record (EOR), listou os países com as melhores políticas de licença paternidade. Confira:

Islândia. Os dois responsáveis, independentemente do gênero, recebem cinco meses de licença de maternidade ou paternidade, no caso de nascimento ou adoção. Eles também têm dois meses conjuntos adicionais, que podem ser divididos ou utilizados por apenas um dos pais.

Noruega. Os responsáveis têm direito a 43 semanas de licença maternidade e paternidade (ou 53, recebendo 80% do salário), que podem dividir entre si – com exceção das seis semanas após o parto, que as mães obrigatoriamente devem tirar.

Dinamarca. Os pais têm direito a 24 semanas de licença paternidade após o nascimento da criança, ou 46 para pais solo.

Espanha. Os espanhóis têm direito a 16 semanas de licença paternidade remunerada.

Finlândia. país pratica uma licença de 54 dias úteis para os pais.

Estônia. A lei do país disponibiliza 30 dias de licença paternidade, que pode ser utilizada entre 30 dias antes do nascimento até a criança completar três anos.

Lituânia. O pai deve tirar 30 dias de licença, que pode ser usada a qualquer momento dentro de um ano após o nascimento.

Com Assessorias

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