Quanto aplicar?
Para a pesquisa, foram entrevistadas 1.025 pessoas de 27 estados brasileiros. A partir da pesquisa de 2017, foi adicionada uma nova pergunta sobre a aplicação correta da quantidade de fotoprotetor. Nesse ano, 83% dos brasileiros não têm a mínima ideia de quanto aplicar.
Portanto, mesmo considerando o percentual de brasileiros que aplica o filtro solar diário, essa proteção de quem usa fotoprotetores fica comprometida, pois sem saber o quanto aplicar, uma pessoa pode usar achando que está com proteção quando na verdade está desprotegida”, diz o especialista. Em relação aos dados de 2017, esse número aumenta 3% (na época representava 80%).
“Para obter a proteção do fator de proteção solar (FPS) descrito na rotulagem é necessário aplicar 2mg/cm2. De forma prática, pensando na face, essa medida equivale a uma colher de café cheia. Já no caso do corpo, o recomendado é aplicar uma colher de café no braço e antebraço direitos, uma colher no braço e antebraço esquerdos, duas colheres no torso (1 para a frente e 1 para as costas), duas colheres para a coxa e perna direitas (1 para a parte da frente e 1 para a parte de trás), e duas colheres para coxa e perna esquerdas (1 para a parte da frente e 1 para a parte de trás)”, afirma Lucas.
Radiação UVA e Bronzeamento
Outro dado preocupante é que cresceu de 50 para 60% o percentual sobre o número de consumidores que ignoram a proteção UVA quando compram um filtro solar. “O número de pessoas que ignora a proteção UVA ao comprar um filtro vinha diminuindo ano a ano de acordo com a pesquisa: representava 71% em 2016, 51% em 2015 e 50% em 2017, mas em 2019 o número saltou para 60%”, diz Lucas. A radiação UVA está presente na natureza em níveis muito maiores e mais expressivos que a radiação UVB (que causa queimaduras solares), e embora menos energética, é uma das mais perigosas.
“Diferente da UVB, a radiação UVA atravessa vidros e janelas e penetra profundamente na pele, chegando até a derme, camada mais profunda da pele e onde se localizam as fibras de colágeno e elastina, gerando uma quantidade altíssima de radicais livres. Os radicais livres gerados por esta radiação causam aumento da degradação das fibras de colágeno e elastina, que dão sustentação à pele, sendo as principais responsáveis pelo fotoenvelhecimento, incluindo rugas, linhas de expressão, flacidez e manchas”, conta o especialista.
Com relação ao percentual das pessoas que ainda consideram o bronzeamento uma prática saudável, os números foram: 37% em 2015, 15% em 2016, 21% em 2017 e 22% em 2019, segundo a pesquisa.
Homens são os que mais resistem ao uso do protetor solar
O verão é um convite para a convivência ao ar livre, mas é preciso evitar a exposição excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiação UV para prevenir os tumores cutâneos. A orientação vai desde o uso de protetor solar até as barreiras físicas, como roupas adequadas, óculos de sol, chapéus e bonés, entre outros itens.
De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), são estimados 165.580 novos casos de câncer de pele no Brasil esse ano, sendo 85.170 homens e 80.140 mulheres. “Estes dados justificam, uma maior atenção das autoridades para a questão da fotoproteção uma vez que o câncer de pele já se tornou um problema de saúde pública no país”, afirma.
O público masculino ocupa o maior número de casos letais da doença e para alguns tipos de câncer os homens respondem pelo dobro de ocorrências. “Eles ainda resistem ao uso do protetor solar. Esse é um comportamento que precisa ser modificado como forma de prevenir o câncer da pele”, alerta Ramon Andrade de Mello, médico oncologista, professor de Oncologia Clínica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da Escola de Medicina da Universidade do Algarve (Portugal).
O câncer da pele corresponde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer). A instituição registra 180 mil novos casos, a cada ano. Segundo as estatísticas de 2015, o número de mortos pela doença no país foi de 1.012 homens e 782 mulheres.
O médico oncologista aponta algumas das características do tumor. “Ele tem aparência elevada e brilhante, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida e que sangra facilmente. É ainda uma pinta preta ou castanha que muda de cor e textura, torna-se irregular nas bordas e cresce de tamanho”, orienta Mello. Outra característica é uma mancha ou ferida que não cicatriza e continua a crescer, apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento.
O professor explica que, na maioria dos casos, a cirurgia é o tratamento mais adequado. Dependendo do estágio do câncer, é recomendada a radioterapia e a quimioterapia. “Hoje, já contamos com novos tratamentos que apresentam altas taxas de sucesso terapêutico”, aponta Mello.
Hábitos e uso do filtro
A pesquisa ainda demonstrou hábitos dos consumidores com relação ao uso do filtro solar:
– 67% dos entrevistados não reaplicam o fotoprotetor, percentual maior que em 2017 (55% em 2017);
– mais de 2/3 da população (68%) não utiliza o produto em dias nublados (48% 2017, e 50% em 2016);
– FPS 30, 50 e 60 são os preferidos dos usuários;
– apenas 12% consultam o dermatologista para indicação do melhor filtro (10% em 2017 e 6% em 2016);
– 83% não sabem a quantidade correta para aplicar o filtro solar;
– 50% se expõem ao sol apenas pela manhã por acreditar ser o horário mais seguro (43% em 2017 e 41% em 2016);
– 9% utilizam roupas para se proteger do sol (5% em 2017 e 7% em 2016).
Por meio dos números, o pesquisador analisa que ainda são necessárias medidas de larga escala para esclarecer à população sobre os malefícios da radiação UV, principalmente no que diz respeito à radiação UVA, e que ainda se fazem necessárias campanhas de conscientização sobre o uso correto dos filtros solares, principalmente com relação à quantidade ideal para efetivamente proteger a pele.
“O ideal é aplicar o protetor de 20 a 30 minutos antes de se expor ao sol, pois o produto necessita desse período para começar a agir. Se você esperar chegar na praia para passar o protetor solar até o produto começar a agir, você já estará sofrendo um dano importante com relação às células da pele. Além disso, a reaplicação deve ocorrer a cada duas horas em média. Já para quem quer ir à praia, é importante respeitar os horários recomendados que são até as 10h da manhã e depois das 4h da tarde”, finaliza Lucas.
Dados Comparativos | 2015 | 2016 | 2017 | 2019 |
Ignora a Proteção UVA ao Comprar o Filtro Solar | 71% | 51% | 50% | 60%
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Ainda Consideram o Bronzeamento Uma Prática Saudável | 37% | 15% | 21% | 22%
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População se Expõe ao Sol Pela Manhã por acreditar que é o Horário Mais Seguro | 52,94% | 41,01% | 43,19% | 50%
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Entrevistados Não Aplicam Filtro Solar Diariamente | 53% | 65% | 72,5% | 60%
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Entrevistados Não Reaplicam Filtro Solar | 69% | 69% | 55,17% | 67%
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Recorrem Ao Dermatologista Para Indicação do Melhor Filtro | 13% | 6% | 10% | 12%
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FPS Preferidos dos Brasileiros | 30,50 | 30, 50, 60 | 30, 50, 60 | 30, 50, 60
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Brasileiros Não Aplicam Fotoprotetor em Dias Nublados | 74% | 50% | 48% | 68%
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Utilizam Roupas para se Proteger do Sol | 10% | 7% | 5% | 9%
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Entrevistados Que Não Sabem a Quantidade correta de aplicação de Filtro Solar | x | X | 80% | 83% |