Apesar de pequena, a tireoide é fundamental para o equilíbrio do corpo e é responsável pela produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), que regulam o metabolismo, tendo ações sobre o crescimento, humor, sono, peso e atuam diretamente no funcionamento do organismo.

O dia 25 de maio marca o Dia Internacional da Tireoide, data importante para chamar a atenção para os problemas causados por distúrbios dessa glândula, que é fundamental para regular órgãos vitais como o coração, o cérebro, o fígado e os rins.

Segundo Vera Lucia Tavares Nakamura, endocrinologista do Hospital Nipo-Brasileiro (HNipo), as principais condições que atingem os pacientes são:

  • Hipotireoidismo – Quando a glândula produz hormônios em quantidade insuficiente, levando a sintomas como cansaço, ganho de peso, pele seca, obstipação, sonolência, aumento do fluxo menstrual e até depressão.
  • Hipertireoidismo – Produção excessiva de hormônios, que acelera o metabolismo, o que  causa agitação, perda de peso, insônia, nervosismo, suor excessivo, alterações do ciclo menstrual e diarreia. Pode ter várias causas, inclusive a Doença de Graves, que, além do hipertiroidismo, se manifesta frequentemente com exoftalmo (“olhos saltados”).
  • Tireoidite  – Inflamação da glândula, aguda ou subaguda, que pode se manifestar como quadro de dor no local da glândula, com ou sem febre, e alterações hormonais.
  • Câncer de tireoide – geralmente com boa chance de cura quando diagnosticados precocemente.

Causas, fatores de risco e prevenção

Os problemas na tireoide podem ter origem genética, autoimune ou serem desencadeadas por medicamentos e fatores ambientais, como a deficiência ou o excesso de iodo. Alterações na tireoide durante a infância ou gestação, podem comprometer o desenvolvimento da criança.

Por esse motivo, é essencial manter uma alimentação equilibrada, com ingestão adequada de iodo, realizar check-ups regulares, estar atento aos sintomas, e, principalmente, fazer o ‘teste do pezinho’ ao nascimento, o que leva ao diagnóstico e tratamento precoce da doença, evitando comprometimento do desenvolvimento neurológico do recém nascido”, comenta a especialista.

Sinais de alerta

A médica explica que é importante se atentar a alguns sinais no dia a dia, como:

  •     Inchaço no pescoço (bócio)
  •     Dificuldade para engolir
  •     Alterações de peso inexplicáveis (ganho ou perda)
  •     Cansaço e fadiga
  •     Alterações menstruais
  •     Mudanças no ritmo cardíaco
  •     Pele seca,
  •     Unhas quebradiças
  •     Queda de cabelos
  •     Problemas de memória
  •     Mudanças bruscas de humor
  •     Diminuição da libido
  •     Alterações no sono

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado por exames clínicos e laboratoriais, como a dosagem do TSH  e T4 pelo sangue. “Em alguns casos, exames de imagem, como ultrassom e cintilografia, ou biópsias também são indicados. Em crianças, o ‘teste do pezinho’ é obrigatório e feito de rotina nas maternidades de todo o país”, destaca a Dra. Vera.

Tratamento

O tratamento varia de acordo com a doença, gravidade e condição clínica. “Normalmente, inclui reposição hormonal, no caso de hipotireoidismo, e medicações antitireoidianas para reduzir a produção de hormônios, Iodo radioativo ou cirurgia (tireoidectomia) também podem ser usados nos caso do hipertireoidismo ou câncer”, finaliza.

Palavra de Especialista

Tireóide: por que temos que olhar com carinho para essa pequena gigante?

Por Maria Amélia Montenegro*

No dia 25 de maio é celebrado o Dia Internacional da Tireóide, uma glândula que é pequena no tamanho mas gigante em sua importância. Ela é responsável pela produção dos hormônios T3 e T4 que regulam várias funções do organismo, como o metabolismo, o desenvolvimento ósseo e cerebral, a fertilidade, ciclos menstruais, sistema cardiovascular, digestivo, regula a quantidade de cálcio no corpo, entre outras.

Relembrar a relevância desse órgão do corpo humano é fundamental, especialmente em um momento no qual as doenças que a acometem não param de crescer no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 750 milhões de pessoas sofrem de problemas com a glândula, o que inclui condições como hipotireoidismo, hipertireoidismo, tireoidite de Hashimoto, nódulos, cistos e câncer.

No caso específico do câncer da tireoide, os dados também são preocupantes. A doença ocorre com uma frequência três vezes maior em mulheres do que em homens, normalmente na faixa etária entre 20 e 65 anos, sendo o quinto tipo mais comum neste grupo. A estimativa de novos casos por ano envolve 13.780 pacientes, sendo que, desse montante, 11.950 serão diagnosticados em mulheres, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Diante desse cenário é preciso olhar com atenção para a saúde da tireóide. Diversos fatores podem ocasionar essas disfunções, de ordem genética, deficiências nutricionais, excesso de iodo no corpo, estresse crônico, distúrbios autoimunes, uso de alguns medicamentos, alterações hormonais, além de hábitos irregulares e estilo de vida inadequado, como privação do sono, sedentarismo, alimentação desbalanceada e o tabagismo.

Muitas vezes, os principais sinais de disfunção na glândula acabam sendo confundidos com outras doenças. Alterações de peso, fadiga, enfraquecimento de cabelos e unhas, variações de humor e mudanças no ciclo menstrual são indicativos de que algo não vai bem com a tireóide. Já sintomas como a presença de nódulos, rouquidão persistente, dificuldade para engolir, aumento de volume no pescoço, fadiga excessiva ou mudanças bruscas de peso exigem atenção redobrada pois podem ser indícios de câncer na glândula. 

Vale destacar que, quando diagnosticado de forma precoce, o índice de cura é bastante elevado. O tratamento do câncer varia de acordo com o tipo de tumor e fase da doença. Em alguns casos, uma intervenção cirúrgica é necessária, com a retirada do órgão e depois a realização de iodoterapia. Em outros, é possível fazer uma ablação por radiofrequência, um método que preserva a função hormonal da glândula, não deixa cicatrizes e evita uma cirurgia mais complexa.

Eu sempre digo que o melhor caminho é sempre a prevenção. Cuidar da tireoide é, na verdade, cuidar de todo o organismo. Para garantir a saúde da glândula é importante fazer exames periódicos para medir a quantidade dos hormônios tireoideanos e exames de imagem, como ultrassom. 

A alimentação também possui um papel importante. Uma dieta rica e equilibrada garante a presença de nutrientes indispensáveis para o bom funcionamento do órgão, como o iodo (não em excesso), encontrado em frutos do mar e laticínios; selênio e zinco, presentes em castanha-do-pará, sementes, peixes e ovos; além das fibras, que estão em frutas vermelhas, vegetais verde-escuros e alimentos integrais – eles colaboram com o equilíbrio hormonal e reduzem o risco de inflamações.

Outros cuidados também envolvem evitar o consumo excessivo de álcool e dizer adeus ao cigarro – o tabagismo é um fator de risco conhecido por ocasionar várias disfunções tireoidianas, inclusive o desenvolvimento de câncer. E vale lembrar: no dia 31 de maio também é celebrado o Dia Mundial Sem Tabaco – uma ótima oportunidade para refletir sobre esse hábito e seus impactos na saúde. 

Viver sob estresse constante também aumenta o risco de problemas na tireoide. Altos níveis de cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, podem interferir na regulação do eixo hormonal e afetar diretamente essa glândula. Por isso, busque manter a prática de atividade física regular, durma bem, faça meditação e procure ter bons momentos de lazer. Juntos, esses hábitos compõem uma boa receita para manter o equilíbrio do corpo e da mente. 

Não é fácil viver no mundo atual: corremos o tempo todo, trabalhamos por longas jornadas, nos alimentando com pressa e carregando preocupações durante boa parte do dia. Mas é justamente por isso que vale olhar com atenção para como estamos vivendo. Afinal, o impacto de tudo isso pode ser grande, mesmo em uma pequena glândula que, no entanto, define tantas funções  em nosso corpo. 

*Maria Amélia Montenegro é médica endocrinologista da clínica Atma Soma.

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