De acordo com recente pesquisa do instituto YouGov, mais de 1,6 bilhão de pessoas no mundo sofrem com algum problema da tireoide. No Brasil, estima-se que seja um total de 15% da população. Em 25 de maio, é celebrado o Dia Internacional da Tireoide. O mês é marcado pela campanha Maio Verde, que destaca a importância da prevenção contra o câncer de tireoide e para os cuidados com a glândula.

Em formato de “borboleta”, a tireoide é uma glândula endócrina localizada na parte da frente e inferior do pescoço. Sua função é produzir hormônios (T3, triiodotironina; e T4, tiroxina), que são secretados no sangue e depois levados para todos os tecidos, auxiliando no bom funcionamento de músculos e órgãos e no equilíbrio do corpo.

Mais da metade da população adulta apresenta nódulos na tireoide. Mas, na imensa maioria dos casos, são benignos e não necessitam de cirurgia (muitas vezes, apenas de acompanhamento médico). Cerca de 10% deles apresentam malignidade.

O Inca (Instituto Nacional do Câncer), estima que 16.660 casos novos de câncer de tireoide sejam diagnosticados no período de 2023 a 2025, sendo 2.500 em homens e 14.160 em mulheres.  Só em 2022, foram diagnosticados cerca de 4.820 casos, sendo 760 em homens e 4.060 mulheres. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de tireoide ocupa a sétima posição entre os tipos de câncer mais frequentes no Brasil.

Doença é três vezes mais comum em mulheres

Dados da SBCCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço) indicam que o câncer na tireoide é o mais comum da região da cabeça e pescoço e afeta três vezes mais as mulheres do que os homens, sendo o quinto mais comum entre mulheres e deve se tornar o terceiro mais incidente até 2030, atrás apenas de tumores de mamas e de ovários.

Embora menos comum em homens, pode sim ocorrer e as chances de o nódulo ser maligno são maiores. Esses dados destacam a importância da detecção precoce e do tratamento adequado para obter melhores resultados no combate a essa doença, especialmente entre as mulheres, que são as mais afetadas.

“Geralmente o paciente não apresenta nenhum sintoma. Nos casos mais avançados de câncer de tireoide podemos encontrar um aumento do volume tireoidiano, que pode ocasionar algum desconforto na região cervical”, diz Eduardo Tomimori, médico voluntário no AME Jundiaí e responsável pelas biópsias da tiroide no Ambulatório Médico de Especialidades.

O câncer de tireoide é, na grande maioria dos casos, um tumor com baixa mortalidade e muito facilmente diagnosticável, conforme aponta Cheng Tzu Yen, oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

“Em alguns casos, o câncer de tireoide pode se apresentar como um nódulo clinicamente palpável, que em geral não é de crescimento rápido, nem doloroso. O diagnóstico passa por exame de imagem, seguido de punção e avaliação do material por patologista experiente. Isso, para casos esporádicos e sem relação familiar hereditária”, explica.

Ainda de acordo com o oncologista, pacientes com histórico familiar podem apresentar mutações voltadas para desencadear o tumor de tireoide. “Por isso, é importante ter um diagnóstico adequado. Dessa forma, conseguimos dividir o câncer de tireoide em tipos, subtipos e variantes, além do folicular e do papilar, que são os cânceres mais comuns, e geralmente tratados com cirurgia e iodoterapia”, observa Dr. Cheng.

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A importância do diagnóstico precoce

Algumas vezes, além dessas disfunções, são encontrados nódulos na tireoide. Na maioria das vezes trata-se de nódulos benignos, que não evoluem para tumores malignos. Uma vez suspeito e depois confirmado para câncer, o nódulo na tireoide será avaliado, inicialmente, por um cirurgião de cabeça e pescoço.

“Esse profissional vai determinar se esse nódulo tem as características para ser tratado apenas com cirurgia (lobectomia ou tireoidectomia), seja ela parcial ou total, ou por outra técnica (como a ablação, em casos de nódulo único). Ele também avaliará a baixa morbidade e as complicações que essas cirurgias envolvem. Mas, é preciso avaliar caso a caso”, fala Dr. Yen.

Nas ocasiões em que a realização de cirurgia se faz necessária, o especialista aponta que é importante que o paciente seja avaliado também por um endocrinologista. “Esse especialista precisa participar dessa jornada de tratamento, por conta da necessidade de realizar a reposição de hormônios tireoidianos, em especial, nos casos em que a tireoide é totalmente removida”.

“Os pacientes com câncer de tireoide são curados. Isso acontece, seja por meio de tratamento por medicina nuclear ou cirurgia. E já existem, também, novas drogas e terapias-alvo voltados para casos mais avançados e refratários a iodo”, conclui Dr. Cheng.

Mais de 90% dos nódulos na tireoide são benignos

A incidência de nódulos na tireoide é bastante comum e alguns podem ser sentidos com uma simples apalpação. Felizmente, entre 90% e 95% desses nódulos são benignos. Mesmo os que são malignos, quando detectados precocemente, têm 97% de chance de obter sucesso no tratamento. Por isso é importante a prevenção e realização de exames periódicos.

Gerido pelo Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês (IRSSL), o AME Jundiaí realiza punções e exames citológicos para a população. “Geralmente utilizamos a ultrassonografia da tireoide e a biópsia aspirativa por agulha fina dirigida pela ultrassonografia se necessário. A biópsia é utilizada para determinar o risco de malignidade de um nódulo tireoidiano”, explica.

Cada diagnóstico e tratamento deve ser individualizado, levando em conta o tipo e o tamanho do nódulo, se ele é mais ou menos vascularizado, sua localização, além da idade e do sexo do paciente. Por isso, é importante consultar um profissional especializado para que uma avaliação adequada seja realizada, o diagnóstico feito e o melhor tratamento indicado.

Testes Laboratoriais Remotos ajudam no diagnóstico

Os avanços na medicina laboratorial trazem uma nova solução para o diagnóstico de doenças crônicas: os Testes Laboratoriais Remotos (TLR). Esses exames rápidos são realizados no local de atendimento ao paciente e fornecem resultados em minutos. Os TLR são portáteis, de fácil uso e controlados por profissionais habilitados, permitindo o rastreamento e o acompanhamento mais ágil das doenças.

Essa abordagem prática e econômica está cada vez mais disponível em drogarias, proporcionando acesso facilitado a exames rápidos e beneficiando a população que muitas vezes negligencia a saúde devido à falta de tempo ou recursos financeiros. O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento de diversas doenças da tireoide. Isso possibilita um tratamento adequado e melhores resultados para a saúde dos pacientes.

Conheça outras condições relacionadas à tireoide

Localizada no pescoço, com um formato semelhante ao de uma borboleta, a tireoide é uma das maiores glândulas do corpo humano é considerada essencial para a regulação do metabolismo de todos os sistemas do organismo. Seu mal funcionamento pode acarretar a liberação de hormônios em excesso (hipertireoidismo) ou em quantidade insuficiente (hipotireoidismo).

Além do câncer de tireoide, existem outras condições relacionadas a essa glândula, como bócio, hipotireoidismo congênito, tireoidites e doença de Graves. Cada uma dessas condições apresenta sintomas específicos e pode causar complicações se não forem tratadas corretamente.

No caso do hipotireoidismo, em que a tireoide produz hormônios insuficientes, Já nos quadros de hipotiroidismo, nota-se lentidão das funções orgânicas como um todo, ganho de peso, fadiga e sensação de frio constante, entre outras manifestações adversas.

Os sintomas incluem depressão, desaceleração dos batimentos cardíacos, prisão de ventre, menstruação irregular, lapsos de memória, fadiga excessiva, dores musculares, pele seca, queda de cabelo, ganho de peso e aumento do colesterol no sangue. Se não for tratado corretamente, o hipotireoidismo pode afetar o desempenho físico e mental, além de aumentar o risco de problemas cardíacos.

Já o paciente com suspeita de hipertiroidismo pode observar a presença de massa ou nódulo no pescoço, a tireoide aumentada (bócio), emagrecimento, aumento da frequência cardíaca, aceleração do ritmo intestinal, entre outros sintomas.

A boa notícia é que, maioria dos casos, o problema tem tratamento e depende do tipo de disfunção diagnosticada. “No hipotireoidismo, o tratamento se dá pela reposição do hormônio que a tireoide deixou de fabricar, com admissão de medicamento em dosagem apropriada. Já no hipertireoidismo o tratamento pode incluir medicamentos, aplicação de iodo radioativo e até cirurgia, dependendo das características e causas da doença”, diz a médica.

O tratamento do hipotireoidismo envolve o uso diário de levotiroxina, conforme prescrição médica. É importante tomar a medicação regularmente, em jejum e seguir as orientações sobre a ingestão de outros medicamentos, a fim de garantir a ingestão adequada da levotiroxina. Com o tratamento adequado, as pessoas com hipotireoidismo podem levar uma vida saudável e normal.

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