O que fazer quando um órgão do corpo humano não funciona mais nem se recupera com tratamentos convencionais? A medicina tem uma solução radical: trocar o órgão. É um procedimento de alta complexidade, que exige muita competência médica, estrutura hospitalar e solidariedade humana. Mas que salva diariamente milhares de vidas. Como o apresentador Fausto Silva, de 73 anos, que recebeu um coração novo após transplante bem sucedido no último domingo (27), em São Paulo.

O Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), responsável pelo financiamento de cerca de 95% dos transplantes no país. Mesmo internado num dos hospitais mais caros do país, Faustão foi incluído com prioridade na fila do SUS e, devido à gravidade do seu caso, acabou recebendo o transplante em apenas uma semana.

O Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza transplantes, ficando atrás somente dos Estados Unidos. De acordo com o Ministério da Saúde, apenas em 2021, foram feitos cerca de 23,5 mil procedimentos. Desse total, cerca de 4,8 mil foram transplantes de rim, dois mil de fígado, 334 de coração e 84 de pulmão, por exemplo. Os altos índices são explicados pela existência do maior programa público do planeta direcionado às cirurgias, que são gratuitas e garantidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Apesar do grande volume de cirurgias realizadas, a quantidade de pessoas em lista de espera para receber um órgão ainda é grande. Quando o assunto é doação de órgãos, o Brasil ainda revela um cenário preocupante e oportunidades de muito crescimento, estimulado por uma maior conscientização sobre o tema. Também segundo o Ministério, o país em 2021, contava com 50 potenciais doadores de órgãos para cada milhão de pessoas.

O número ainda é muito baixo em relação a outros países, como Espanha, Bélgica, Malta, França, República Tcheca, Finlândia ou Noruega. A lei espanhola, por exemplo, diz que toda pessoa que morre é presumidamente doadora de órgãos, a menos que tenha manifestado opinião contrária em vida.

Atualmente, 60 mil pessoas estão na fila no Brasil esperando pela doação de órgãos. Só em 2022, mesmo após morte encefálica comprovada, cerca de 42% das famílias não concordaram com a doação, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). A cada milhão de pessoas, menos de 20 são doadoras de órgãos, o que aumenta a fila de espera por um transplante.

Além disso, de acordo com a ABTO, a pandemia causada pela Covid-19 fez com que o número de procedimentos diminuísse ainda mais em todo o país em 2020. Em 2021, 4.200 pessoas morreram à espera de um transplante. Aos poucos, este cenário começa a mudar, mas ainda há um longo caminho de conscientização pela frente.

Como se tornar um doador de órgãos?

Doar órgãos é um gesto de amor, solidariedade e cidadania. Para chamar a atenção e conscientizar a população para essa causa, ao longo de todo o mês é realizada a campanha Setembro Verde.

É possível realizar a doação de órgãos (rim, coração, fígado, pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical). Um único doador que teve morte encefálica pode ajudar até dez pessoas que estão na fila de espera do transplante.

Para ser um “doador vivo”, é importante a pessoa apresentar boas condições de saúde, passar por avaliações médicas, ser capaz juridicamente e, principalmente, concordar com a doação. Legalmente, pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos podem ser doadores. No caso de doação para uma pessoa que não seja parente, é preciso obter autorização judicial. Neste caso, os órgãos considerados para doação podem ser rim, fígado, pulmão e medula óssea.

Todas podem ser consideradas doadoras em potencial, independentemente da idade ou histórico médico. O que determinará a possibilidade de transplante e quais os órgãos e tecidos que poderão ser doados é uma avaliação do corpo feita por meio de exames clínicos, de imagem e laboratoriais no momento da morte. O mais importante é deixar claro para a família o seu desejo de ser doador. No Brasil, o transplante de órgãos só pode ser realizado após autorização familiar.

Não podem ser doadores de órgãos somente pessoas com diagnóstico de tumores malignos, doença infecciosa grave aguda ou doenças infectocontagiosas – destacando-se o HIV, as hepatites B e C e a doença de Chagas. Também não podem ser doadores os diagnosticados com insuficiência de múltiplos órgãos, situação que acomete coração, pulmões, fígado, rins, impossibilitando a doação desses órgãos.

Com Assessorias

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