glaucoma não afeta apenas a saúde dos olhos, mas também pode ter um impacto significativo na saúde mental dos pacientes. Estudos recentes têm destacado a relação entre glaucoma, a depressão e a ansiedade, revelando os desafios emocionais enfrentados por aqueles que vivem com essa condição oftalmológica crônica.

A depressão e a ansiedade são transtornos comuns entre os pacientes com glaucoma, muitas vezes relacionados ao estresse emocional causado pelo diagnóstico da doença, preocupações com a perda de visão e as demandas do tratamento contínuo. A incerteza em relação ao futuro visual e a adaptação a mudanças na qualidade de vida também podem contribuir para sintomas de ansiedade e depressão.

Dados do Glaucoma Research Foundation mostram que 50% dos pacientes relatam sentir ansiedade em relação ao glaucoma e pelo menos 20% se preocupam em relação ao tratamento diário. Os impactos do glaucoma também afetam a vida social e física de quem convive com ela: 30% dos pacientes relatam ter medo de quedas, com 50% alegando perda na capacidade de leitura.

Além disso, outros números demonstram que 25% perdem a confiança de sair de casa sozinhos, com 30% alegando perda de independência por conta da patologia. Alguns pacientes (35%) também contam que deixaram de fazer atividades físicas ou praticar esportes, assim como 40% têm a habilidade de dirigir afetada.

“É importante reconhecer que a doença não afeta apenas a saúde dos olhos, mas também pode impactar significativamente o bem-estar emocional dos pacientes. A depressão e a ansiedade são comuns entre aqueles que vivem com glaucoma, e é fundamental que os profissionais de saúde estejam cientes desses desafios e ofereçam suporte adequado aos pacientes”, afirma Emílio Suzuki, médico oftalmologista e presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG).

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80% dos casos de cegueira seriam evitáveis com diagnóstico precoce

No Brasil, 80% dos casos de cegueira seriam evitáveis se fossem diagnosticados precocemente. Neste cenário, o glaucoma é a principal causa dessa condição no país. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 2,5 milhões de brasileiros vivem com a doença, que é crônica, progressiva e silenciosa.

Um dos principais desafios do glaucoma é a sua natureza assintomática nos estágios iniciais, o que pode acarretar um diagnóstico tardio. O presidente da SBG, Emílio Suzuki, explica que o glaucoma desenvolve-se silenciosamente e, quando o paciente começa a sentir a falha na visão, a doença já progrediu e já não é possível restaurar o que já se perdeu.

“O glaucoma particularmente perigoso é sua natureza assintomática nas fases iniciais, o que significa que muitas pessoas podem estar sofrendo com a doença sem sequer perceber. Infelizmente, muitas pessoas não percebem que têm glaucoma até que a doença esteja em estágios avançados”, lamenta.

Entre os primeiros sintomas

O acometimento do glaucoma é bilateral, na maioria dos casos. Além de se manifestar nos dois olhos, a doença pode evoluir de forma diferente em cada paciente. Geralmente, este é um processo lento que avança gradativamente durante anos, até o aparecimento dos primeiros sintomas.

Os sintomas mais comuns do glaucoma incluem visão embaçada, perda de visão periférica, halos ao redor das luzes, olhos vermelhos, dor ocular e náuseas. Susuki destaca que esses sintomas também podem ser causados por outras condições oculares, portanto, é essencial consultar um oftalmologista para um diagnóstico preciso.

““Infelizmente, muitas pessoas não percebem que têm glaucoma até que a doença esteja em estágios avançados. A doença pode se desenvolver durante meses ou anos silenciosamente, sem apresentar nenhum sintoma. Quando o paciente passa a ter uma perda de visão e a esbarrar em objetos pela casa, é sinal de que a doença já está em estágio avançado”, diz o presidente da SBG.

O primeiro sintoma a ser notado por pacientes é a perda da visão periférica, o que já indica o estágio avançado da doença. Depois, o campo visual vai estreitando gradualmente, até que o paciente tenha apenas uma visão tubular.

Pacientes também relatam sentir diminuição da percepção de contrastes, dificuldade e lentidão para leitura, alteração na adaptação claro/escuro; além de vermelhidão nos olhos, aumento dos cílios, olho seco, entre outros.

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Diagnóstico precoce é fundamental para não perder a visão

Ele alerta que o diagnóstico precoce do glaucoma é essencial para evitar a perda de visão irreversível. “Exames oculares regulares são fundamentais, especialmente para pessoas com fatores de risco, como idade avançada, histórico familiar de glaucoma, diabetes e pressão arterial elevada, afrodescendentes, asiáticos, míopes”, destaca.

Durante esses exames, o oftalmologista avalia a saúde ocular e busca por quaisquer sinais de glaucoma, medindo a pressão intraocular e verificando a aparência do nervo óptico. Outros exames complementares podem ser necessários. Aquelas pessoas que já são diagnosticadas, terão a frequência de exames repetidos, de acordo com a orientação médica.

“O glaucoma é uma doença que surge devido ao aumento da pressão intraocular, podendo atingir pessoas principalmente a partir dos 40 anos. Muitas vezes, a perda da visão é confundida com o avanço da idade. O paciente acredita que, se já não enxerga tão bem, é porque não é tão mais jovem, que é algo natural, mas isso é um mito. Todos têm o direito de enxergar plenamente, independente da idade que têm.”

Diagnóstico e tratamento

Por isso a importância de fazer visitas constantes ao oftalmologista. “Com consultas e exames frequentes, é possível identificar a doença em seu estágio inicial e começar um tratamento o quanto antes, evitando maiores danos à visão do paciente”, completa.

Pesquisas mostram que 74% dos brasileiros visitam o oftalmologista apenas em casos de algum incômodo da visão, com mais de 30% alegando que nunca foram a esse especialista.

Apesar de ser crônico e não ter cura, o glaucoma pode ser controlado, uma vez que o paciente receba o tratamento adequado e tenha acompanhamento contínuo”, explica o médico.

Dentre as opções disponíveis, o paciente pode contar com o uso de colírios, medicamentos ou uso de laser.

“Existem novidades no tratamento da doença hoje, com a possibilidade de uso de colírios, medicamentos e até mesmo procedimentos micro invasivos que auxiliam fortemente no controle da pressão intraocular, em que o médico consegue ter um controle maior da progressão da doença e o paciente sente uma rápida melhora na qualidade da visão”.

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Maio Verde

O Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, marcado em 26 de maio, reforça a importância das visitas frequentes ao oftalmologista e do diagnóstico precoce da doença.

“Estamos empenhados em educar a população sobre o glaucoma e promover a detecção precoce para prevenir a perda de visão irreversível. A campanha Maio Verde é uma oportunidade valiosa para disseminar conhecimento e incentivar a participação ativa da comunidade na promoção da saúde ocular”, diz o presidente da SBG, Emílio Suzuki.

Fonte: SBG e Abbvie

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