No Brasil, a estimativa é que mais de 35 milhões de pessoas tenham algum problema que cause dificuldade para enxergar. Destes casos, pelo menos 900 mil têm o diagnóstico de glaucoma.
A doença atinge, no mundo, cerca de 64,3 milhões de pessoas, entre 40 e 80 anos, segundo o último relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019. A projeção é de que, até 2040, esse número aumente para 111,8 milhões.
Já o Conselho Brasileiro e Oftalmologia (CBO), o Brasil possui 1,5 milhão de pessoas afetadas pelo glaucoma, sendo que este número se refere somente aos diagnósticos confirmados após exames.
A doença ocorre quando há uma elevação da pressão interna do olho e alteração irregular no fluxo de sangue dentro do órgão, provocando lesões no nervo óptico, o que pode afetar o campo visual. Caso não seja tratado adequadamente, pode levar à cegueira permanente.
A doença tem evolução silenciosa – 80% dos casos não apresentam sintomas no início – e não tem cura, sendo a segunda principal causa de cegueira irreversível no mundo, depois da catarata, e a primeira causa de cegueira evitável. Por isso a realização do diagnóstico precoce é fundamental para prevenir a evolução.
“Muitas pessoas têm glaucoma e não sabem ainda, pois é uma doença que não apresenta sintomas iniciais. Há possibilidade das pessoas estarem perdendo a visão gradativamente sem perceber, até que chegam em uma fase avançada, o que pode tornar o caso irreversível”, explica o médico oftalmologista Augusto Espindola, que atua na Clínica Censo, em Parauapebas.
Dia Nacional de Combate ao Glaucoma
Importância de manter os exames oftalmológicos atualizados
Para chamar a atenção para esse problema, o dia 26 de maio é reconhecido como o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. As instituições da área da saúde aproveitam a data para destacar a importância de fazer exames regulares para a verificar a saúde dos olhos, principalmente a partir dos 35 anos de idade, quando o risco de desenvolver a doença aumenta significativamente.
“O glaucoma é uma doença ocular que danifica o nervo óptico, que é o responsável pela transmissão de informações visuais dos olhos ao cérebro. Geralmente ocorre quando a pressão dentro dos olhos aumenta”, explica Ione Alexim, oftalmologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Embora seja mais comum o diagnóstico em pessoas com mais de 40 anos, a doença pode aparecer em qualquer idade e pode ser congênita. Por isso, a importância do pré-natal e a realização do teste do olhinho até 48 horas após o nascimento.
Em crianças, é importante a consulta médica antes da idade escolar. É necessário que os pais fiquem atentos ao tamanho dos olhos dos filhos, já que a doença nessa idade causa uma expansão ocular devido ao aumento da PIO (Pressão Intraocular).
Por não ter cura, a pessoa que possui a doença deve manter o tratamento adequado e contínuo recomendado. Pessoas com antecedentes de glaucoma na família (pais, avós, tios, entre outros) devem informar na avaliação oftalmológica, nestes casos a medida de Pressão Intraocular (PIO) é obrigatória como forma de prevenção.
Contudo, a melhor prevenção ao glaucoma é a consulta e acompanhamento com Oftalmologista de forma regular. A Fundação Dorina Nowill para Cegos recomenda que a visita ao profissional seja feita, pelo menos, uma vez ao ano. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores serão as chances de se evitar a perda de visão.
“Além de todo trabalho realizado internamente com a pessoa cega ou com baixa visão, a nossa luta começa com a prevenção a qualquer doença que pode acarretar a deficiência visual. É importante que haja uma força-tarefa em conjunto para propagar o conhecimento sobre a importância da prevenção e cuidado da saúde ocular, independentemente da idade”, reforça Alexandre Munck, superintendente executivo da Fundação.
Sintomas que aparecem com o avanço da doença
Nos estágios iniciais do glaucoma, muitas vezes não há sintomas perceptíveis, o que torna essa doença perigosa. À medida que o glaucoma avança, os olhos podem apresentar as seguintes características:
• Pressão e desconforto nos olhos, semelhante a uma sensação de aperto ou peso;
• Vermelhidão ou irritação devido ao aumento da pressão intraocular. Isso ocorre devido à dilatação dos vasos sanguíneos na superfície ocular;
• Visão turva ou embaçada, principalmente durante os estágios avançados. Isso ocorre devido aos danos progressivos no nervo óptico;
• Sensibilidade à luz, tornando desconfortável estar exposto a ambientes muito claros ou brilhantes;
• Halos (anéis coloridos) ao redor das luzes ocorrem em casos mais avançados de glaucoma. Isso pode afetar a capacidade de ver claramente e dificultar a realização de atividades diárias.
Entenda os 4 tipos de glaucoma
Há quatro tipos diferentes de glaucoma. O primeiro e mais comum é o glaucoma crônico de ângulo aberto. Neste caso, os pacientes são assintomáticos e a perda visual, que ocorre gradualmente, é identificada em fases mais avançadas da doença, afetando principalmente sua visão periférica lateral.
Já o glaucoma de ângulo fechado ocorre quando é identificado um embaçamento visual, ocasionado pelo aumento súbito da pressão intraocular. Em casos raros, há também o glaucoma congênito, em que a criança já nasce com a doença e deve ser tratado imediatamente após o diagnóstico, ainda na primeira infância. E existe ainda o glaucoma secundário, que é causado pelo uso excessivo de medicamentos, como corticosteroides ou por outras doenças oculares.
Fatores de risco e sintomas
Os fatores que contribuem para o desenvolvimento do glaucoma, podem estar relacionados a questões hereditárias, idade avançada, pacientes com alto grau de miopia, pacientes com diabetes e pacientes com córnea fina. Os sintomas estão associados a vermelhidão e dor ocular, náuseas, embaçamento visual, e fotofobia (desconforto visual quando exposto à claridade excessiva).
Diagnóstico
É fundamental que as pessoas procurem ajuda médica para avaliar sua condição visual. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), 80% dos casos relacionados as deficiências visuais poderiam ser evitadas. Vale ressaltar, que é importante fazer exames de rotina com um oftalmologista para detectar o glaucoma precocemente e evitar a perda irreversível da visão.
De acordo com a Dra. Ione, consultas anuais com oftalmologista são essenciais na prevenção. “Acompanhamento médico e exames regulares auxiliam no diagnóstico precoce e permitem intervenções, que podem retardar o avanço do glaucoma, auxiliando os pacientes a manterem a independência e autonomia”, afirma.
Tratamento
Os tratamentos incluem o uso de colírios, medicamentos orais e, em casos mais avançados, procedimentos cirúrgicos. Conforme a especialista, o tratamento clínico pode ser realizado com o uso de colírios e laser. Além disso, dependendo do quadro clínico do paciente, pode ser avaliado a realização do procedimento cirúrgico.
Se você suspeita de glaucoma ou apresenta sintomas oculares preocupantes, é fundamental consultar um médico oftalmologista para um diagnóstico preciso, precoce e tratamento adequado. “Se descoberto em fase inicial, o glaucoma pode ser tratado e controlado, mas para chegarmos ao diagnóstico, você não deve esperar pelos possíveis danos”, afirma o médico oftalmologista Augusto Espindola.
Com Assessorias